Parte de uma ofensiva que já engloba modelos como o Clio ou o Captur, eis que, também o Renault Mégane, passa a dispor, em Portugal, de um sistema de propulsão híbrido plug-in, ou PHEV. A qual, apesar do factor novidade ou até mesmo dos resultados obtidos, não impede que o hatchback francês continue, na essência, fiel aquilo que sempre foi…
Familiar compacto dado a conhecer, pela primeira vez, em finais de 1995, o Renault Mégane contabiliza, hoje em dia, um percurso comercial já com mais de um quarto de século. Tudo isto, com o peso acrescido de ter de disputar os lugares cimeiros daquele que continua sendo o mais importante segmento do mercado automóvel europeu – o segmento C.
Entretanto e culminando uma caminhada em que já conheceu quatro gerações – a última e actual, foi apresentada em 2016 – , todas elas sustentadas nos motores de combustão, eis que, mesmo em final de vida e com o sucessor 100% elétrico no horizonte, o atual Mégane ganha novo élan, com a estreia de um sistema de propulsão híbrido plug-in.
Ainda assim e por opção da própria Renault, manifestações exteriores desta nova conquista, só mesmo através da nova portinhola para carregamento elétrico, com o “nosso” Renault Mégane E-TECH Híbrido Plug-In a destacar-se mais e como as próprias fotos o deixam antever, pela adopção do nível de equipamento RS Line, do que pela nova motorização. Fazendo com que, digno de destaque, só mesmo os pára-choques de design mais desportivo, a iluminação dianteira totalmente em LED, as atraentes jantes em liga leve de 18″ e as (falsas) ponteiras de escape integradas no difusor. Tudo isto, novidade… mas parte do pack estético de concepção mais desportiva à disposição no hatchback.
INTERIOR
Passando ao habitáculo e porque, juntamente com esta nova motorização, o Mégane aproveitou para ganhar, igualmente, alguns melhoramentos no interior, realce, desde logo, para um tablier sólido e com bons revestimentos (em particular, na parte superior), do qual sobressai um painel de instrumentos 100% digital e configurável consoante o modo de condução, assim como um novo ecrã central, visualmente cativante, também por surgir maior nas dimensões – 9,3 polegadas.
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Nota positiva, igualmente, para ergonomia e funcionalidade da generalidade dos comandos, assim como para os espaços de arrumação – onde não falta espaço para “abandonar” a carteira ou as chaves… – e para a habitabilidade. Esta última, indicada para quatro ocupantes, uma vez que o lugar do meio continua a apresentar-se mais como uma solução de recurso, devido ao facto de não oferecer tanto conforto quanto os restantes, ao mesmo tempo que surge beliscado pela forma intromissora como o encosto de braço dianteira avança para trás.
Quanto às costas do traseiro, mantêm a funcionalidade decorrente de poderem ser rebatidas 60/40 na horizontal e no seguimento do piso da bagageira, ajudando, dessa forma, a atenuar a acentuada perda de capacidade deste espaço – passou dos 384 para os 261 litros -, em resultado da inclusão das baterias. As quais não evitam, contudo, quer o amplo acesso, quer a presença de um alçapão à entrada, com tampa, para guardar os cabos de carregamento.
MECÂNICA
Colocado sob o capot dianteiro, surge a maior novidade neste Renault Mégane E-TECH Híbrido Plug-In RS Line e que se traduz na presença de um quatro cilindros 1,6 litros a gasolina, com sistema de injecção directa, a que se juntam dois motores elétricos – um primeiro, responsável por impulsionar o veículo e gerar corrente elétrica, a garantir por si só 67 cv e 205 rpm, e um segundo, encarregue apenas de gerar corrente elétrica, a garantir mais 34 cv e 50 Nm.
Todos juntos, estes três propulsores garantem uma potência máxima combinada de 159 cv, que, com o apoio de uma bateria iões de lítio de 9,8 kWh (7,5 kWh de capacidade útil), mas também de uma transmissão automática multimodos, resulta não só em consumos oficiais WLTP de 1,2 l/100 km e emissões de CO2 de 28 gr/km, como também numa capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em 9,4 segundos e numa velocidade máxima anunciada de 175 km/h.
E se, em termos de consumos, os resultado reais acabaram sendo um pouco mais… gulosos, com uma média de 3,4 l/100 km, já a promessa de 50 quilómetros de autonomia elétrica, ficou tão ou mais perto – 48 km foi o conseguimos realizar, após um carregamento completo. Sendo que, para um mais eficaz aproveitamento da energia, há sempre a possibilidade de recorrer ao o modo ‘B’ na caixa de velocidades, e que é também o modo que mais favorece (alguma) recuperação de energia…
TECNOLOGIA
Especialmente quando valorizado com o nível de equipamento RS Line, o Renault Mégane E-TECH Híbrido Plug-In assume-se como uma proposta com um excelente equipamento de série. Nomeadamente, em termos tecnológicos.
A demonstrá-lo e além dos já referidos painel de instrumentos 100% digital de 10″ e sistema de informação e entretenimento Easy Link com ecrã de 9,3″, a presença de tecnologias como a iluminação Full LED, a travagem de emergência assistida com detecção de peões›, alertas de ângulo morto‰, obstáculo na traseira e de cansaço do condutor, sistema de ajuda ao arranque em subida, alerta de velocidade com reconhecimento de sinais de trânsito e Easy Park Assist. Já para não falar no sistema de modos de condução Multi-Sense, com três opções – Pure, Sport e My Sense -, todos elas configuráveis em aspectos como o desempenho do sistema de propulsão, direcção, navegação, layout do painel de instrumentos e iluminação interior.
A pensar numa utilização futura da energia que possa restar nas baterias, uma função E-Save, para mais tarde… gastar.
AO VOLANTE
Mesmo com um sistema de propulsão distinto e, diga-se, até mais versátil que as motorizações exclusivamente a gasolina, a verdade é que, em termos de condução e desempenho dinâmico, este Renault Mégane mantém-se, praticamente, igual a si próprio. Evidenciando, no fundo, o mesmo comportamento familiar, seguro e confortável, que nem o acréscimo de quase 300 kg no peso, consegue beliscar.
De resto e embora propondo ao condutor uma posição de condução francamente mais evoluída… e convincente, tudo graças a um óptimo banco de concepção desportiva que só na visibilidade traseira pede ajuda de uma câmara, é caso para dizer que, é na utilização citadina do dia-a-dia, ou até em viagens mais longas feitas e feitas a velocidades de cruzeiro acima dos três dígitos, que o Mégane continua a somar pontos. Momentos em que, apoiado por uma direcção sem ambições desportivas, mas competente no seu desempenho, assim como por um sistema de travagem à altura das necessidades, o modelo francês proporciona, não só aos ocupantes, como também ao condutor, viagens tranquilas, sem reacções adversas, mas sempre “certinho” nos seus andamentos. E, agora, até com mais poupança na carteira!
Quanto às potenciais ambições desportivas, a garantia de que, mesmo com o modo Sport ligado, esta será, na maior parte dos casos, uma atitude ao volante pouco recomendável. Não porque o Mégane se recuse a ajudar às exigências do “piloto”, mas, apenas e só, porque os “custos” serão maiores do que o prazer sentido. A começar, pela gestão nem sempre perfeita do sistema relativamente ao motor de combustão e que faz com que este funcione, por vezes, a uma rotação claramente acima do necessário. Com as naturais penalizações, em termos de sonoridade, daí decorrentes!
Assim e se quiser disfrutar, mesmo, do seu novo Mégane PHEV, opte, antes, pelo modo Pure, sinónimo de deslocações despachadas, mas em (quase) silêncio. E vai ver que vai gostar!…
VEREDICTO
A partir de agora com um sistema de propulsão “politicamente” mais correcto e de acordo com aquelas que são as tendências do mercado atual, o Renault Mégane continua, ainda assim, igual a si próprio. E com todas as qualidades que, fruto também da maturidade que já ostenta, fazem dele uma das principais e mais seguras propostas do segmento C.
No entanto e porque, par dos argumentos já conhecidos, consumos e conforto acabaram efectivamente reforçados, até ao momento em que chegar o “revolucionário” Mégane Electric, esta pode muito bem ser a escolha certa para começar a fazer a sua própria transição para a Mobilidade Eléctrica…
Gostámos
Conforto Eficaz no desempenho, o Renault Mégane E-TECH Plug-in sobressai ainda mais pelo conforto que proporciona. Numa proposta concebida para utilização intensiva, este é um argumento que tem de ser valorizado. |
Consumos Fazendo uso de um sistema híbrido de funcionamento convincente, o Mégane híbrido plug-in acresce ao funcionamento óptimos consumos. Só é pena não oferecer mais autonomia elétrica… |
Posição de condução Beneficiado por um banco verdadeiramente superior, conjugado com um volante de óptima pega e multiregulável, o Mégane PHEV é uma daquelas propostas em que dá gosto sentarmo-nos ao volante. |
Não Gostámos
Alguns plásticos Embora revelando cuidado na escolha dos revestimentos aplicados na parte superior no tablier, já o mesmo não se pode dizer quanto aos plásticos presentes daí para baixo… |
Bagageira |
Modo Sport Proposto, também nesta motorização híbrida, não gostámos da gestão feita do motor de combustão, com o modo Sport ativado. Já que passa a funcionar demasiado numa rotação alta… e ruidosa. |
Renault Mégane E-TECH Híbrido Plug-In 160 RS Line
Preço 38.600 € (preço base)
Motor Gasolina, 4 cil., 1.598 cc, inj. directa + dois motores elétricos
Potência combinada 160 cv (117 kW) às 5600 rpm
Binário 104 Nm Gasolina / 205 Nm Elétrico
Transmissão Dianteira, Multimodo, 4 vel.
Peso 1605 kg
Comp./Larg./Alt. 4,35/1,81/1,43 m
Dist. entre eixos 2,67 m
Mala 261 – 1117 l
Desempenho 9,4 0-100 km/h; 175 km/h Vel. Máx.
Consumo 1,2 (3,4*) l/100 km
Emissões CO2 28 g/Km
* Medições Turbo
Equipamento
Série: Jantes em liga leve 17″, travagem de emergência assistida com deteção de peões, sistema anti-bloqueio de rodas (ABS), sistema de assistência à travagem de urgência, alerta de excesso de velocidade com reconhecimento de sinais de trânsito, fecho centralizado de portas, da bagageira e bocal de combustível, alerta de ângulo morto, alerta de distância de segurança, alerta de obstáculo traseiro, sistema de assistência na transposição involuntária de via, alerta de fadiga, sistema de ajuda ao estacionamento Easy Park Assist, regulador de velocidade, sensores de chuva e de luminosidade, sistema Multi-Sense, ESP, sistema de ajuda ao arranque em subida (HSA), travão de estacionamento assistido, faróis de nevoeiro, faróis diurnos LED Edge Light, Full LED, câmara de marcha-atrás, Welcome Pack, Cartão Renault “Mãos-Livres”, ar condicionado automático “bi-zone” (regulação independente condutor/passageiro), volante em couro R.S. Line, estofos em tecido específicos R.S. Line, conectividade multimédia, compatibilidade com Android Auto e/ou Apple CarPlay, TFT 10″ digital e EASY LINK 9,3″.