Modelo importantíssimo na oferta da marca de Sochaux, o Peugeot 308 tem vindo a refinar-se com o passar dos anos, já não abdicando, sequer, de uma motorização híbrida plug-in (Hybrid). No entanto e num modelo que faz, cada vez mais, da estética e da sofisticação, argumentos de peso, valerá esta opção, o custo acrescido que representa?…
Há já bastante tempo um dos principais players num segmento C que, mesmo com a chamada moda SUV, continua a ser o de maior peso comercial no mercado automóvel europeu, o Peugeot 308 é, também e por estes dias, uma das “famílias”, entre os familiares compactos, que há mais tempo se mantém no activo. Isto, depois de ter apresentado o modelo inaugural, no já distante ano de 2007.
No entanto e passados que estão 15 anos sobre essa data, a terceira “evolução” do modelo, desvendada em 2021, acabou constituindo mais um significativo passo em frente, marcado, desde logo e para começar, por uma estética ainda mais vibrante, desportiva e, sem dúvida, arrebatadora.
De resto e a justificar todos estes predicados , elementos como a nova e maior grelha frontal, sem moldura e com um novo emblema do leão, de dimensões igualmente generosas, e colocado ao centro, novas ópticas mais esguias e estilizadas, com tecnologia matrix LED de série nas versões mais equipadas (como este GT), e a nova assinatura luminosa diurna, de certa forma importada do “irmão maior” 508, a fazer lembrar uma espécie de presas ameaçadoras capazes de colocar em sentido os restantes pretendentes ao trono de uma selva a que chamamos mercado automóvel.
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Antecedido por um capot dianteiro de ranhuras vincadas, um perfil a transmitir robustez e postura, em que o pára-brisas, fortemente inclinado, deixa antever, não apenas aerodinâmica, como agressividade. Acentuada, no caso desta versão GT, de uma ainda menor distância ao solo, assim como de jantes de 18” negras, ambas a antecederem uma traseira repleta de elementos estéticos – são os farolins particularmente esguios e esculpidos com tecnologia LED, o óculo pequenino e com um airelon integrado, já para não falar num pára-choques volumoso e robusto, que além de esculpido passa a integrar, nas laterais e em posição bem baixa, dois conjuntos de luzes traseiras de nevoeiro e marcha-atrás. Ambas separadas por umas ponteiras metalizadas que, no entanto e apesar de “na moda” deixam a sensação de ser “o elemento a mais” nesta composição, até por não terem qualquer efeito prático.
No entanto e porque, como também diz o povo, “gostos não se discutem”…
INTERIOR
Passando ao habitáculo, a mesma imagem impactante, fruto não somente de um ambiente cuja solidez e qualidade de construção e de materiais continua claramente a evoluir, como também de um design de planos cortados e arestas retilíneas, inclusive, naquela que é a mais recente evolução do já famoso i-Cockpit – agora ainda mais refinado, tecnológico, e sofisticado, graças a um volante pequeno e cortado tanto na base como no topo, a procurar facilitar a visibilidade do painel de instrumentos 3D de imagem atraente, mas que também nos pareceu mais pequeno que estaríamos à espera.
A completar este “casulo” que tem na base uma óptima posição de condução, garantida a partir de um banco de concepção desportiva, revestido a Couro e Alcantara, com encosto de cabeça integrado, além de vários ajustes e bons apoios laterais, uma renovada consola central assumidamente direccionada para o condutor e com um ecrã táctil de 10″ a cores no topo. O qual, tal como a fileira de i-toggles logo abaixo, mostra-se cativante não apenas ao olhar, como também na utilização. Fruto, igualmente, dos convincente comandos tácteis, ou até mesmo do sistema de infoentretenimento intuitivo e com boa interacção.
Num habitáculo de ergonomia também de bom nível, impossível não valorizarmos, contudo, o papel do sistema de câmaras 360° no ultrapassar de uma visibilidade traseira diminuta, principalmente, quando o banco traseiro viajam, não sem algumas limitações em termos de espaço para as pernas e pés (ocupantes com mais de 1,80 m viajam apertados…), os dois adultos que são a lotação recomendada. Já um terceiro, é abusar das capacidades deste 308, não porque o túnel de transmissão seja demasiado intrusivo, mas porque o lugar do meio mostra-se estreito e saliente.
Optando por um aumento da capacidade de carga de uma bagageira que não vai além dos 361 litros (mais os 12 l de um pequeno alçapão à entrada do espaço), fruto da necessidade de acomodação das baterias do sistema elétrico, através do rebatimento 60/40 das costas dos bancos traseiros, o crescimento do espaço disponível para os 1.273 litros, embora não também sem alguns condicionalismos, resultantes não só do facto das costas ficarem um pouco perpendicular, como também fazerem um degrau face ao piso da mala.
MECÂNICA
Pela primeira vez disponível com motorização híbrida plug-in (PHEV), a nova geração 308 recorre, neste caso, a um trem de força composto por um quatro cilindros 1.6 litros a gasolina, disponível com um de dois níveis de potência – 150 e 180 cv -, ao qual se junta um motor elétrico a garantir mais 110 cv. Com a particularidade de estar acoplado, não a um dos eixos, como acontece em muitas propostas, mas à já bem conhecida e muito competente caixa automática de oito velocidades (e-EAT8) da Aisin.
Na versão por nós ensaiada, a menos potente, este trem de força PHEV garante, assim, uma potência combinada de 180 cv (225 cv na solução mais potente), com a qual o hatchback francês promete uma aceleração dos 0 aos 100km/h em 7,6 segundos, a par de uma velocidade máxima de 225 km/h. Tudo isto, com um consumo misto (gasolina/eletricidade) oficial de 1,1 l/100 km.
Sobre o pack de baterias que serve de apoio ao motor elétrico, a promessa, por parte da Peugeot, que será possível fazer até 59 km em modo 100% elétrico, ainda que e connosco, não tenha ido além dos 56 km. Valor que, sublinhe-se, não deixa de ser um bom registo, tal como são os 2,5 l/100 km de média real obtida numa condução do dia-a-dia e fazendo uso dos dois motores. Ou, ainda, dos 4,7 l/100 km obtidos numa utilização sem energia nas baterias e, por esse motivo, impossibilitados de accionar o modo “Eléctrico”.
No entanto e uma vez esgotada a carga das baterias, o Peugeot 308 Hybrid pode recorrer a postos de carregamento ditos normais (não rápidos…), passíveis de disponibilizar um de dois níveis de potência: 3,7 kW, ou seja, a potência fornecida por uma tomada standard de 230V ou 8A, o que significa 7h05 para repor a totalidade da carga, e 7,4 kW, débito que pode ser obtido através de uma wallbox, e que permite reduzir para apenas 1h55m o tempo que leva a repor os 100% de carga nas baterias.
TECNOLOGIA
Particularmente nesta versão GT, pode dizer-se que não faltam argumentos tecnológicos ao novo Peugeot 308 Hybrid, capazes de nos prender o olhar… e não só!
A começar, pelos faróis Full LED com tecnologia Matrix LED, capazes de garantir uma convincente iluminação da estrada mesmo nas noites mais escuras, assim como o painel de instrumentos digital 3D com ecrã de “apenas” 10″, ou ainda o ecrã central táctil a cores, com as mesmas 10 polegadas e revestido a um vidro idêntico aos dos smartphones de gama alta. Neste caso, parte do novo sistema de infoentretenimento i-Connect Advanced, funcional e intuitivo no operar, com navegação conectada e atualização OTA (‘Over-The-Air’, ou ‘Através do Ar’, em português…).
Exibindo um layout atraente, deste novo sistema multimédia fazem ainda parte comandos tácteis, acompanhados dos já habituais i-Toggles dispostos tipo teclas de piano, e agora com um aspecto mais luxuoso. Tal como, aliás, acontece, com os dois pequenos comandos totalmente em metal, colocados já sobre o túnel de transmissão, e que servem, respectivamente, como comando da caixa de velocidades e selector dos modos de condução.
Passando à segurança e ajudas à condução, a presença do pack Driver Assist com aviso de passagem de viaturas na traseira, do já referido (e elogiado, também pela nitidez…) sistema de câmaras 360° em redor do carro, ou até mesmo da mais usual ajuda ao estacionamento dianteiro e traseiro, com recurso a sensores. Isto, entre muitos outros equipamentos, naturalmente….
AO VOLANTE
Evolução clara em aspectos como o design ou a tecnologia, o novo 308 reafirma essa mesma conquista na condução, com a nova geração a mostrar-se um carro mais envolvente, mais prazeroso de conduzir, mercê também de um melhor e mais informativo contacto com o alcatrão. Em que nem mesmo o aumento de peso resultante da presença da componente eléctrica, baterias incluídas, se faz notar no equilíbrio e eficácia do conjunto.
Não menos surpreendente é o facto de, para conseguir uma tal dose de eficácia e feeling na condução, a Peugeot não ter feito cedências em termos de conforto, com o 308 Hybrid a manter-se como uma proposta confortável, na forma como lida com a estrada. Revelando um compromisso que, tanto lhe permite ser um confortável familiar no dia-dia, capaz, inclusivamente, de enfrentar alguns pisos um pouco mais degradados (é preciso não esquecer que as jantes de 18″ também não são a melhor ajuda…), como um hatchback no qual se conseguem bons momentos ao volante. Neste caso, fruto, também, de uma direcção convincentemente precisa e informativa, um sistema de travagem agradavelmente eficaz, além de um sistema ‘Drive Mode‘ que, particularmente com o modo ‘Desportivo’ seleccionado, deixa transparecer reacções e sensações um pouco mais desportivas. Apoiadas, desde logo, por uma alteração no layout e cor do painel de instrumentos.
Contudo e a par desta forma de actuação mais reactiva, a possibilidade, ainda, de optar por um de dois outros modos: ‘Híbrido’, ou seja, uma condução em que o sistema de propulsão recorre aos dois motores, combustão e elétrico, de acordo com as necessidades em momento, embora com a resposta a não ser tão imediata, e ‘Eléctrico’, para uma circulação com recurso, apenas e só, ao motor elétrico, com os naturais ganhos não só em termos de emissões, como também em termos de silêncio. Embora e para tal, seja imprescindível um nível mínimo de energia nas baterias.
VEREDICTO
Sem dúvida alguma, hoje em dia, um automóvel melhor, o novo Peugeot 308 reforça, desta forma e também com esta nova motorização híbrida plug-in, a sua candidatura a, senão a melhor, uma das melhores propostas do segmento C. Capaz, inclusivamente e também em aspectos como a qualidade geral ou a tecnologia, de rivalizar com alguns modelos premium.
Naturalmente e até porque a perfeição não existe, o modelo francês continua a ter alguns aspectos que ainda pode melhorar, como é o caso da habitabilidade traseira, da capacidade da bagageira, da visibilidade traseira… ou até mesmo do preço! Aspectos que, ainda assim, não impedem que este leão para os tempos de modernos mostre garras suficientemente afiadas para colocar à defesa aqueles que têm sido os reis do segmento…
Gostámos
Desempenho É caso para dizer que longe vão os tempos em que os modelos franceses eram confortáveis e pouco mais. Pelo menos no caso deste 308, qualidades como a envolvência na condução, o tacto informativo, e até mesmo o prazer ao volante, tudo isto sem prejuízo do conforto, são qualidades asseguradas! |
Qualidade geral Seja em termos de solidez ou da qualidade dos materiais, o novo Peugeot 308 Hybrid constitui-se como uma óptima surpresa, capaz, inclusiamente, de fazer frente a alguns premium. Até mesmo e nalguns pormenores, fruto da atenção dada ao detalhe… |
Autonomia elétrica Anunciando uma autonomia elétrica de 59 km, o que não deixa de ser um bom valor para um PHEV, o 308 que fizemos nosso durante alguns dias acabou revelando uma autonomia real, em modo EV, de 56 km. Resultado positivo não apenas em si próprio, mas também por pouco diferir do prometido. |
Não Gostámos
Habitabilidade traseira Numa proposta que se espera, à partida, poder oferecer bons argumentos familiares, a habitabilidade mais limitada nos lugares traseiros mostra que existem aspectos em que este novo 308 ainda pode melhorar… |
Bagageira |
Visibilidade traseira Embora o óculo traseiro pequeno e fechado também por um spoiler traseiro já o faça antever, a verdade é que, especialmente com a família a bordo, a visibilidade traseira é pouco mais do que uma miragem! Valham-nos as câmaras…. |
Peugeot 308 GT Hybrid e-EAT8
Preço 34 800 € (40 350 € a unidade ensaiada)
Motor Gasolina, 4 cil., 1.490 cc, turbo + motor elétrico
Potência combinada 180 cv (132 kW)
Binário combinado 360 Nm
Transmissão Dianteira, Auto., 8 vel.
Peso 1.678 kg
Comp./Larg./Alt. 4,36/1,85/1,44 m
Dist. entre eixos 2,67 m
Mala 361 – 1.273 l
Desempenho 7,6 0-100 km/h; 225 km/h Vel. Máx.
Consumo combinado WLTP 1,1 (4,7*) l/100 km
Emissões CO2 26 g/Km
Autonomia elétrica WLTP 59 (56*) Km
* Medições Turbo
Equipamento
Série: Jantes de liga leve de 18 polegadas ‘Kamura’, Faróis Full Led Peugeot Matrix Led Technology, Vidros laterais traseiros e óculo traseiro escurecidos, Acesso e ligação mãos-livres, Painel de instrumentos digital 3D com ecrã 25,4 cm (10”), Volante em couro Mistral com pespontos Adamite com leão cromado, Connected Navigation Pack + i-Toggles, Carregamento por indução do smartphone, Ar condicionado automático bizona com filtros de carvão ativo de elevada eficácia e com AQS (Air Quality System), Clean Cabin, Pack Drive Assist + Rear warning, Ajuda ao estacionamento dianteiro e traseiro, Cabo de carregamento modo 2 (Green Up).