Anunciada a intenção de tornar-se uma marca 100% eléctrica, e num período de tempo recorde (2028), a verdade é que a Opel já iniciou essa mesma “transformação”, há já algum tempo. O primeiro passo foi dado com o Mokka-e, modelo que adoptou como cor de lançamento um vibrante Verde Matcha, quiçá, sinónimo da esperança que a marca de Rüsselsheim demonstra, em mais esta nova etapa da sua já mais do que centenária vida.
Momento verdadeiramente marcante, não apenas para o próprio modelo, como até mesmo para a marca em si, a apresentação da actual segunda geração do Opel Mokka constituiu uma surpresa, a duplicar – primeiro, por ter sido aquela que deu a conhecer a nova linguagem de design da marca do relâmpago, e, segundo, por ter sido também o primeiro Opel comercializado com uma versão 100% eléctrica – o Mokka-e.
E se, nesta espécie de transição, não deixou de existir coisas que se perderam, como é o caso, por exemplo, do ‘X’ que fazia parte do nome, outras houve, que o modelo ganhou; e bem maiores! Como acontece, por exemplo, com a estética exterior, nesta segunda geração inquestionavelmente mais moderna e marcante, assim como mais fracturante e, principalmente, muito mais personalizada.
Baseado na mesma plataforma CMP de modelos como o Peugeot e-2008 ou o Citroën ë-C4 e com um comprimento que não vai além dos 4,15 m, o novo Mokka-e destaca-se pela nova e vanguardista frente ‘Opel Vizor’ que a marca foi, de certa forma, buscar à primeira geração do icónico Opel Manta. E a que o crossover junta uma postura fortemente elevada, com cavas das rodas bem delineadas e a integrar na perfeição umas jantes de 18″ também elas esculpidas, assim como uma linha de cintura subida e a ajudar a transmitir solidez, além de uma linha de tejadilho de inspiração coupé.
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Já na traseira, impacto idêntico fruto de linhas que não escondem as semelhanças com a dianteira, nomeadamente, no que a assinatura luminosa diz respeito. E que, em conjunto também com a pintura exterior bicolor materializada no já referido Verde ‘Matcha’ e num Preto que cobre capot e tejadilho (este último, opcional, por 300€), acabando consumando na perfeição uma estética exterior que, não temos dúvidas, cativa.
Aliás, a demonstrá-lo, as muitas cabeças que se voltam ao vê-lo passar…
INTERIOR
Mas se, com o seu exterior, o Opel Mokka-e colecciona atenções, por dentro, no habitáculo, o interesse mantém-se elevado, fruto daquele que é outro dos elementos fulcrais na nova linguagem de design da marca de Rüsselsheim: o ‘Opel Pure Panel‘, um prolongado e côncavo painel que se destaca na frente do tablier, que, integrando em si , quer o painel de instrumentos 100% digital, quer o ecrã central parte do sistema de infotainment, ajuda a criar, em conjunto com uma consola central que mantém vários botões físicos (para o sistema de som, ar condicionado, etc…) e surge ligeiramente virada para o condutor, uma espécie de envolvência que facilmente agrada ao condutor.
Aliás e sobre a posição de condução, gostámos da forma como somos integrados no automóvel, graças também a um banco em couro e Alcantara, confortável, e com todas as regulações necessárias, além de um bom apoio lateral, e acompanhado não só de um volante “à Opel” (ou seja, com os botões já tradicionais nas propostas do fabricante…), ajustável em altura e profundidade, e com óptima pega, como também de um bom mas algo curto apoio de pé esquerdo. Soluções que, diga-se, só não conseguem atenuar as dificuldades colocadas por uma visibilidade traseira difícil, muito por culpa de um óculo com pouca altura…
E já que falamos de aspectos não tão positivos, poder-se-á dizer que também não ficámos propriamente convencidos com a escolha dos plásticos para grande parte das superfícies (veja-se o caso da tampa do porta-luvas…), claramente a prejudicar uma construção que, ainda assim, consegue afirmar-se como de bom nível. Ou, ainda, com o acesso aos lugares traseiros, difícil não apenas pela maior altura ao solo da carroçaria, como também pela passagem estreita, sem esquecer os espaços de arrumação – quase todos eles com pouca capacidade, o melhor, mesmo, é o alçapão na base da consola central… se estivermos na disposição de abdicar do carregamento wireless para smartphones.
Ainda assim e uma vez instalados no banco traseiro, disposto tipo anfiteatro face aos lugares da frente, espaço suficiente para dois adultos, já que o lugar do meio é estreito e ainda tem de lidar com um túnel de transmissão intrusivo. Ao mesmo tempo que, lá mais atrás, a bagageira também não é propriamente um mundo, não oferecendo mais do que 310 litros de capacidade; ou 1.060 litros, com as costas dos bancos traseiros rebatidos 60/40. Embora o aproveitamento continue difícil, já que as costas ficam mais altas que o piso da mala.
MECÂNICA
Tal como acontece com a plataforma, também no capítulo trem de força, o novo Opel Mokka-e acabou recorrendo à extensa oferta do grupo a que hoje em dia pertence (Stellantis), para, dessa forma, se apresentar com competência ao mercado.
Assim, a equipar a versão 100% elétrica do crossover alemão, a mesma solução já conhecida do Peugeot e-2008 e que passa pela utilização de um só motor elétrico, a debitar 136 cv de potência e 260 Nm de binário, que, atuando apenas sobre o eixo dianteiro, promete acelerações de 9s no tradicional arranque dos 0 aos 100 km/h, assim como uma velocidade máxima de 150 km/h. Valores que, diga-se, acabam ficando demonstrados na forma célere e despachada como este Mokka se move, ainda que exigindo a opção pelo modo de condução ‘Sport’. Porquê? Por ser o único que garante, verdadeiramente, os 136 cv e 260 Nm, já que, no modo Normal, a potência e binário disponíveis ficam-se pelos 109 cv e 220 Nm.
Com o terceiro e último modo – Eco – accionado, pode dizer-se que o resultado é ainda mais modesto, uma vez que o sistema passa a oferecer não mais do que 82 cv e 180 Nm de binário.
Numa utilização em que a opção preferencial foi quase sempre o Sport, consumos cuja média se situou nos 18,2 kWh/100 km (16,2 kWh/100 km é a média oficial) e que, mesmo assim, não chegou para beliscar a autonomia anunciada de 328 km, que a realidade confirmou. Embora e também graças ao contributo do sistema de recuperação de energia na desaceleração e travagem.
Finalmente e sobre os carregamentos, nota para o facto deste elétrico alemão poder carregar as baterias com recurso a potências até 100 kW, quando em corrente contínua (DC) ou, então, até 11 kW, em corrente alterna (AC). Com o pack de baterias de iões de lítio a necessitar de qualquer coisa como 5,25 horas para repor os 100% de energia, se utilizada uma tomada de 11 kW, enquanto, num posto de 100 kW, a espera desce para apenas 30 minutos… desde que fiquemos satisfeitos com apenas 80% da capacidade total das baterias.
TECNOLOGIA
Todo ele um modelo que remete para um certo ambiente vanguardista e de inspiração tecnológica, o Opel Mokka-e reafirma esse mesmo posicionamento, através do extenso lote de equipamentos com que se exibe. Principalmente e como era o caso, quando se trata da versão mais equipada, Ultimate!
Assim e além do generoso ‘Pure Panel’ em que o painel de instrumentos 100% digital a cores de 12″ e grafismo atraente assume o maior destaque, mais até que o ecrã central táctil de 10″ que também faz parte, a presença, ainda, de tecnologias como os faróis Intellilux LED Matrix, o sistema multimédia Navi Pro, o carregador wireless para smartphones, o ar condicionado automático e o Opel Connect (E-Call).
Já no capítulo da Segurança, avisador de veiculo no ângulo “morto” de visão, alerta de desvio de trajectória, com correção, assistência activa de condução (apenas com transmissão automática), câmara panorâmica de visão traseira (180º), sistema de limpa pára-brisas com sensor automático e Chave “Mãos livres” II, sinónimo de entrada e ignição sem chave. Tudo isto, mais os packs Iluminação e Park & Go.
AO VOLANTE
Sujeito às “corridas” do dia-a-dia, a dura realidade veio mostrar que, mesmo quando movido a electricidade, este Mokka-e continua a ser um verdadeiro Opel, mantendo entre as suas principais características um pisar do alcatrão mais para o firme, também como forma de atenuar as repercussões da maior altura ao solo que o conjunto ostenta. Abordagem que acaba encontrando a sua justificação num desempenho dinâmico em que, sem esconder a postura de “calças arregaçadas”, mantém sempre as transferências de massas bem controladas… e o divertimento ao volante, à disposição.
De resto, a mais-valia deste pisar mais firme e informativo faz-se notar, inclusivamente, no trânsito citadino, e que é também o habitat por excelência deste Mokka-e. E, isto, mesmo quando é obrigado a enfrentar alguns pisos mais “agressivos”, onde ficamos a pensar que não fazia mal nenhum a este crossover elétrico ter uma suspensão, ou até mesmo uma direcção, à partida a demonstrar bom peso e feedback, um tudo-nada mais preocupadas com o conforto de condutor e ocupantes…
Retomado o bom piso, a recuperação, igualmente, da preferência pela utilização no modo de condução Sport, aquele que melhor expressa as qualidade dinâmicas do Mokka-e, mesmo com um sistema de travagem que, embora com boa dose eficácia, não deixa de padecer do mal já conhecido em vários outros veículos elétricos – um pedal de toque esponjoso e pouco reactivo. Mas que, ainda assim, não chega para beliscar as boas sensações de condução com que saímos deste crossover alemão…
VEREDICTO
Hoje em dia com uma estética muito mais fracturante, mas também muito mais apontada à Emoção e personalizada, o Opel Mokka está tornado um citadino cada vez mais atraente. Principalmente e quando tomada em linha de conta a direcção que o mercado vai adoptando, nesta variante 100% elétrica!
Oferecendo não apenas uma boa autonomia para uma proposta vocacionada para a cidade, como também um desempenho convincente para aquilo que é o trânsito nas grandes urbes, onde a quase totalidade dos automóveis circula com pouco mais do que o condutor e sem excessos de carga, pode dizer-se que, aceites os 43.645,01€ pedidos por este Mokka-e (preço elevado, sem dúvida, para mais tratando-se de um segmento B…), dificilmente encontrará crossover compacto mais capaz de marcar a diferença!
Aliás, uma das qualidades que, não temos dúvidas, mais força dá às esperanças que a Opel tem neste seu primeiro – mas já não único – modelo 100% elétrico…
Gostámos
Trem de força elétrico Replicando o mesmo trem de força elétrico já conhecido, por exemplo, do Peugeot e-2008, a verdade é que os 136 cv e 210 Nm de binário resultam, na perfeição, neste Mokka-e! E, também, pela suavidade… |
Desempenho dinâmico Com uma suspensão mais para o firme, a que soma as vantagens naturais de um trem de força elétrico, o Mokka-e mexe-se, especialmente em cidade, como peixe na água! |
Pure Panel Elemento em destaque no habitáculo, o cativante Pure Panel chama a atenção e prende olhares. Embora e em termos de layout, mais pelo painel de instrumentos, do que pelo ecrã central. |
Não Gostámos
Acesso aos lugares traseiros Marcados, à partida, por um acesso alto, os lugares traseiros surgem, no Mokka-e, duplamente penalizados, devido a portas demasiado estreitas e que, incusivamente, obrigam a alguns contorcionismos. |
Bagageira Anunciando uma capacidade de 310 litros, a verdade é que a bagageira do Mokka-e parece ainda mais pequena do que é. Sendo que, o rebatimento das costas dos bancos traseiros, também não é solução ideal!… |
Plásticos Trata-se de um modelo apontado a um segmento em que cada cêntimo importa, o B-SUV, mas a verdade é que, até pela construção sólida, este Mokka-e merecia plásticos de qualidade melhor. |
Opel Mokka-e Ultimate
Preço 46 645 € (já com opcionais)
Motor Elétrico, de íman permanente, síncrono
Potência 100 kW (136 cv)
Binário 260 Nm
Transmissão Dianteira, Auto, 1 vel.
Bateria / Autonomia 50 kWh / 328 km
Peso 1598 kg
Comp./Larg./Alt. 4,15/1,79/1,53 m
Dist. entre eixos 2,56 m
Mala 310 – 1060 l
Desempenho 9,0 0-100 km/h; 150 km/h Vel. Máx.
Consumo 16,2 (18,2*) kWh/100 km
Emissões CO2 0 g/Km
Tempo de carga 30 minutos (100 kW DC, 80%), 5,25 horas (11 kW AC, 100%) e 17 horas (3,7 kW, 100%)
* Medições Turbo
Equipamento
Série: Faróis Intellilux LED Matrix, faróis de nevoeiro dianteiro em LED, sistema de nivelamento automático de faróis, jantes de 18″, volante desportivo de 3 raios em pele e multifunções, Ar Condicionado automático, Ecrã de informação ao condutor a cores, 12”, sistema multimédia NAVI PRO com ecrã de 10″, avisador de veículo no ângulo “morto” de visão, aviso de desvio de trajectória, com correção, Assistência Activa de Condução (transmissão automática), câmara panorâmica de visão traseira (180°), sistema de limpa pára-brisas com sensor automático, chave “Mãos livres” II (Ignição sem Chave & Entrada Passiva), aviso de desvio de trajectória com correção.