Mitsubishi Eclipse Cross 2.4 PHEV eMotion. O peso da família

Texto: Carlos Moura
Data: 24 de Setembro, 2021

A Mitsubishi renovou o seu SUV-Coupé Eclipse Cross que passa a estar disponível no mercado nacional apenas na versão híbrida plug-in, com tecnologia herdada do “irmão” Outlander PHEV, e num único nível de equipamento, eMotion. É o peso dos laços familiares, num pequeno crossover ainda à procura do seu espaço.

Quando chegou ao mercado europeu em 2018, o Eclipse Cross suscitou alguma controvérsia, não só porque se tratava de um SUV com a designação comercial de um popular coupé desportivo da década de ’90, mas, também, porque o seu design estava longe de ser consensual, designadamente na secção frontal.

Na renovação deste modelo, os responsáveis da Mitsubishi procuraram ultrapassar esse constrangimento, com a introdução de elementos de estilo mais ao gosto do cliente europeu.

A parte dianteira continua a utilizar o conceito Dynamic Shield da marca, mas as linhas mestras do seu antecessor foram revistas, começando pelo pára-choques mais amplo e substancial, onde uma entrada de ar inferior se destaca com uma proteção tripartida que remete para a robustez de um SUV. A parte superior é partilhada entre as luzes diurnas e os indicadores de mudança de direção, ambos em LED, num formato mais afilado, unidos pela grelha fechada que inclui o logotipo da marca.

O design da secção traseira foi revisto e a visibilidade foi melhorada com um novo óculo de peça única, assim como os novos farolins em forma de T que se prolongam pelo pilar C. A nova porta da bagageira apresenta um formato hexagonal, remetendo para a lendária imagem da cobertura da roda sobrasselente do Pajero.

As alterações também contemplaram as dimensões do veículo, que cresceu 14 centímetros em largura devido ao alargamento das vias traseiras. O comprimento total é de 4,54 metros, a largura de 1,80 metros e uma altura de 1,68 metros, mas a distância entre-eixos manteve-se inalterada nos 2,67 metros.   

INTERIOR

As alterações no habitáculo foram pouco significativas, uma vez que as principais críticas ao anterior Eclipse Cross eram relativas ao design exterior, já que o acabamento do interior era bem conseguido.

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A qualidade de construção percebida deste modelo é bastante elevada para um modelo de uma marca generalista. Todas as superfícies dão a sensação de estarem bem acabadas e a maioria dos materiais é agradável ao tacto.

Para a sensação de elevada qualidade de construção contribuem igualmente as extensões em carbono e preto piano no painel de instrumentos, volante, consola central e painéis das portas, bem como os acabamentos prateados que definem o eixo horizontal e os puxadores das portas dianteiras.

O painel de bordo mantém a linha circular que começa nas portas, encontrando-se ao centro um novo sistema SDA (Smart Link Display Audio) com ecrã tátil de oito polegadas, que incorpora dois botões rotativos para proporcionar um acesso mais direto aos comandos do volume e da sintonização.

No que se refere à habitabilidade, o Eclipse Cross PHEV está em linha com o segmento. Os lugares dianteiros são suficientemente amplos para pessoas de estatura mais elevada, enquanto os lugares traseiros oferecem o espaço habitual num SUV compacto.

Nos bancos laterais viaja-se com bastante desafogo, graças ao espaço para as pernas e para a cabeça. O lugar do meio é mais acanhado porque a cabeça fica mais próxima do tecto e o túnel da transmissão é incómodo para as pernas. Apesar de homologado para cinco lugares, o ideal será viajar com quatro ocupantes.

MECÂNICA

Uma das principais novidades do Mitsubishi Eclipse Cross reside no capítulo mecânico. A marca optou por deixar cair os motores de combustão tradicionais a gasóleo e a gasolina, passando a disponibilizar no mercado nacional apenas uma solução híbrida plug-in a gasolina.

Este é o mesmo sistema de propulsão já conhecido do Outlander PHEV, mas em vez dos 224 cv deste último, o Eclipse Cross PHEV é proposto com uma potência de 188 cv e um binário de 193 Nm.

O sistema de propulsão do Eclipse Cross PHEV é constituído por um motor a gasolina de quatro cilindros de 2,4 litros de 98 cv que funciona em ciclo Atkinson e dois motores elétricos, com 82 cv, localizado no eixo dianteiro, e 95 cv, no traseiro. Desta forma é disponibilizado um sistema de tração integral, denominado pela marca como S-AWC (Super-All Wheel Control). No que se refere a prestações, a aceleração dos 0 aos 100 km/h é efetuada em 10,9 segundos, enquanto a velocidade máxima está limitada a 162 km/h.

A linha motriz híbrida plug-in do SUV compacto da Mitsubishi é complementada por uma bateria de iões de lítio com uma capacidade de 13,8 kWh que proporciona uma autonomia anunciada de 55 quilómetros em WLTP (ciclo urbano).

Para recuperar a capacidade da bateria estão disponíveis várias possibilidades de carregamento: normal, demorando entre quatro horas ou seis horas numa tomada de 16A ou 10A, respetivamente; rápido, com utilização do protocolo CHAdeMO, permitindo carregar até 80% da capacidade em 25 minutos; modo CHARGE, ativado por um botão na parte inferior da consola central, garantindo a recuperação até 80% da carga em cerca de 30 minutos ou carregamento automático durante a condução no modo SAVE.

TECNOLOGIA

Proposto no mercado nacional num único nível de equipamento, denominado eMotion, o Eclipse Cross PHEV oferece aos utilizadores conteúdos que sublinham o seu caráter eletrificado. O painel de instrumentos conta com dois mostradores que indicam o fluxo de energia e a velocidade instantânea. Entre ambos está localizado um pequeno ecrã LCD de 4,2 polegadas que serve de computador de bordo e disponibiliza um conjunto de informações que pode ser selecionada com recurso a botões no volante multifunções.

Para ajudar o condutor a manter os olhos na estrada, o SUV compacto da Mitsubishi conta ainda com um Head-Up Display, que projeta a informação num visor retrátil.

Na consola central, o sistema SDA (Smartphone-link Display Audio) com ecrã tátil de oito polegadas faz a sua estreia no Eclipse Cross, disponibilizando ao condutor as informações e funcionalidades, entre as quais as compatibilidades com os sistemas AppleCar Play e Android Auto.

A parte inferior recebe o manípulo que comanda o sistema PHEV, já conhecido do Outlander PHEV, bem como o seletor dos modos de condução, incluindo o B, que oferece uma maior potência de regeneração nas desacelerações e nas travagens.

O Eclipse Cross PHEV também permite selecionar o modo EV, que dá prioridade à circulação em modo elétrico, ou ativar o modo Save, que permite guardar a carga da bateria para mais tarde. O utilizador também pode premir o modo Charge para forçar o carregamento elétrico quando não existe uma fonte de alimentação disponível, mas essa solução tem como consequência o aumento do consumo de combustível. As patilhas atrás do volante permitem regular em seis níveis a travagem em desaceleração e a regeneração elétrica.

Para apoiar a condução, o Eclipse Cross PHEV recorre a um pacote de sistemas de assistência muito completo, que são de série, incluindo o sistema de mitigação de colisões frontais (FCM), máximos automáticos (AHB), alerta de desvio de faixa (LDW), sistema ultrassónico de mitigação de aceleração acidental (UMS), prioridade e assistência à travagem, controlo de estabilidade e tração, travão de estacionamento elétrico ou sistema de leitura de sinais de trânsito.

AO VOLANTE

Como já é habitual nos veículos tipo SUV, o condutor beneficia de uma posição elevada ao volante, que garante não só uma boa visibilidade para o exterior, mas também o acesso aos principais comandos. O banco do condutor, em pele e alcântara, possui regulação elétrica.

Desde que a bateria tenha carga, o Eclipse Cross PHEV arranca sempre em modo elétrico, sendo possível circular com emissões zero até uma velocidade de 135 km/h, altura em que entra em ação o motor de combustão.

Com o ar condicionado desligado é possível percorrer até 59 quilómetros em modo elétrico, valor que baixa para os 47 quilómetros quando é ativado esse sistema. O consumo de energia registado enquanto existia carga na bateria foi de 14,2 kWh. Esgotada a bateria, o computador de bordo indicou um consumo combinado nos primeiros cem quilómetros de 2,7 l/100 km e 13,5 kWh. Para percursos mais extensos, com bateria descarregada, o consumo ultrapassa com facilidade os 7,5 l/100 km.

A combinação das linhas aerodinâmicas com o excelente trabalho de insonorização contribui para a eliminação dos ruídos parasitas e para o silêncio a bordo.

A potência disponibilizada pela linha motriz elétrica é mais do que suficiente para um veículo que privilegia a comodidade, o conforto e a eficiência através dos diferentes modos de condução. A suspensão também foi otimizada para o conforto, sendo natural algum rolamento da carroçaria em estradas mais sinuosas. A agilidade também não é o seu forte, mas também se trata de uma viatura que pesa quase duas toneladas em vazio.

VEREDICTO

Com base na engenhosa tecnologia híbrida plug-in do Outlander PHEV, a Mitsubishi propõe um SUV-Coupé muito eficiente com uma imagem bem conseguida, um elevado nível de construção e um nível de equipamento bastante completo.

Menos simpático será o preço de aquisição para um veículo de uma marca generalista, 46.728 euros, mas que pode ser compensado com baixos custos de utilização, se o condutor tiver a preocupação de carregar a bateria sempre que possível.

Para a maioria das deslocações quotidianas, uma autonomia em modo elétrico de até 55 quilómetros é mais que suficiente. Para viagens mais longas é sempre possível contar com o motor de combustão, eliminando a chamada “ansiedade de autonomia” dos veículos elétricos.   

 

Gostámos Gostámos

Imagem exterior

Com uma carroçaria do tipo SUV-Coupé, que parece a nova aposta das marcas, o novo Eclipse Cross PHEV adota uma imagem exterior mais consensual do que o seu antecessor, mantendo, no entanto, a linguagem “Dynamic Shield” da Mitsubishi.

Sistema PHEV

O Eclipse Cross PHEV herdou a engenhosa linha motriz híbrida plug-in do Outlander PHEV, que se notabilizou pela sua eficiência, facilidade de utilização e funcionalidade, oferecendo vários modos de condução e carregamento. Brilhante!

Qualidade construção

Os materiais utilizados a bordo são de elevada qualidade e o rigor de construção irrepreensível como já é apanágio das marcas japonesas. O equipamento de série eMotion também é bastante completo.

Não Gostámos Não Gostámos

Computador bordo

O comando de acesso ao computador de bordo está escondido no lado esquerdo do painel de bordo, ao lado da coluna de direção. Esta localização está longe de ser prática, funcional e ergonómica para aceder às várias informações disponíveis. A rever.

Cruise Control

O comando do regulador da velocidade de cruzeiro (cruise control) poderia ser mais intuitivo e fácil de utilizar para se conseguir programar a velocidade pretendida, designadamente quando se circula em autoestrada.

Sistema navegação

Apesar do seu elevado nível de equipamento e da elevada dotação tecnológica, o Eclipse Cross PHEV não conta com um sistema de navegação a bordo, obrigando o utilizador a recorrer ao seu smartphone, solução que, por vezes, não é muito prática.


Mitsubishi Eclipse Cross 2.4 PHEV eMotion

Preço 46.728 € 

Motor Gasolina, 2268 cc + elétrico fr/tr
Potência 98 cv + 82 cv / 95 cv
Binário 211 Nm + 137 Nm / 195 Nm
Transmissão 4WD, auto.
Peso 1975 kg
Comp./Larg./Alt. 4,55/1,81/1,69 m
Dist. entre eixos 2,67 m
Mala 328l – 1108 l
Desempenho 11,0 0-100 km/h; 162 km/h Vel. Máx.
Consumo 2,0 (2,7) l/100 km
Emissões CO2 46 g/Km

Equipamento
Série: Faróis dianteiros (incluindo os de nevoeiro) totalmente em LED, jantes de 18” e pneus 225/55, barras de tejadilho, câmara traseira, bancos em pele e alcântara (aquecidos à frente), head-up display, volante em pele com comandos áudio e Bluetooth, cruise control e limitador de velocidade, ar condicionado automático bi-zona, sistema SDA de 8”, controlo remoto por smartphone, sete airbags (condutor, passageiro, cortina, laterais e joelhos), sistema de Mitigação de Colisões Frontais (FCM), sistema de máximos automáticos (AHB), alerta de Desvio de Faixa (LDW), sistema Ultrassónico de Mitigação de Aceleração Acidental (UMS), sistema de prioridade à travagem, assistência à travagem, sinalização de Travagem de Emergência (ESS), controlo de estabilidade e tração (ASTC), assistência ao arranque em subidas (HSA), travão de estacionamento elétrico com função Auto Hold, sistema de leitura de sinais de trânsito.