Honda HR-V e:HEV Elegance. Eletrificação suave

Texto: Francisco Cruz
Data: 29 de Julho, 2022

Numa altura em que a maior parte dos concorrentes entrou já na Mobilidade Elétrica plena, a Honda opta por uma transição mais suave, apostando, para já, na propulsão híbrida simples. Solução a que deu o nome de e:HEV e que, depois de estreada no Jazz, estende agora também ao HR-V. Mas será que chega?

Numa época em que as exigências ambientais impõem a eletrificação – principalmente… – como solução a seguir, também a Honda deu já início à sua transição para a Mobilidade Elétrica, começando por uma forma mais… suave, de interpretação: o híbrido simples. Solução que começou por aplicar no modelo de entrada, Jazz, mas que também já disponibiliza, como única motorização, na mais recente geração do crossover compacto HR-V.

Também já disponível no mercado português, este novo Honda HR-V começa por destacar-se como um verdadeiro crossover compacto, apontado cada vez mais ao segmento C-SUV, cujas linhas sólidas uma imagem mais personalizada, que propriamente deslumbrante. Prometendo, por exemplo, bem mais no que à habitabilidade diz respeito, graças a um comprimento que suplanta os 4,3 metros, com uma distância entre eixos acima dos 2,6 metros.

Foto: Turbo

No entanto e ainda sobre a estética exterior, da qual facilmente se destacam elementos como uma grelha frontal mais fechada, uma linha de cintura particularmente elevada, mas também um pilar traseiro inclinado e a remeter para os coupés, a presença do nível de equipamento Elegance, que, embora sendo a versão de entrada, não deixa de assegurar, logo à partida, itens como os faróis em LED, piscas sequenciais também em LED, um spoiler traseiro e farolins traseiros interligados por uma barra de luz, a acentuar a largura do automóvel. Tudo isto, sem esquecer um conjunto de jantes em liga leve de 18 polegadas.

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Resumindo, talvez não seja o SUV esteticamente mais deslumbrante do mercado, mas… tem o seu charme.

INTERIOR

Passando ao habitáculo, a confirmação, logo nos primeiros instantes, de uma habitabilidade que facilmente acomoda até cinco ocupantes, graças, igualmente, a quotas muito generosas também para as pernas, e a que se soma, ainda, uma elevada funcionalidade. Neste caso, garantida não somente através de um tablier onde não faltam espaços de arrumação e comandos funcionais, como também da presença dos já conhecidos e famosos bancos traseiros “mágicos”.

Quanto à justificação para este adjectivo, não apenas a possibilidade de rebatimento das costas 60/40 contra os assentos, garantindo, dessa forma, a continuação do piso plano oferecido pela bagageira e que faz com que a capacidade desta última passe de uns mais modestos 3319 litros, para uns bem mais impressionantes 1.289 litros, como também a hipótese de recolher os assentos contra as costas, passando a dispor de um espaço em altura capaz de albergar objectos mais altos.

Foto: Turbo

Já nos lugares dianteiros deste Honda HR-V e:HEV, uma posição de condução assumidamente mais alta, a favorecer não somente o acesso a comandos, como também a visibilidade exterior, ainda que um pouco menos a traseira, a qual não deixa de agradecer a presença, de série, de uma câmara. Sendo que e ainda para o condutor, um volante de pega agradável e ajustável tanto em altura como em profundidade, além de um painel de instrumentos de 7″ parcialmente digital e um ecrã central destacado de 9 polegadas, soluções que, ainda assim, não chegam para disfarçar um apoio de pé esquerdo algo curto e, principalmente, uma escolha de revestimento demasiado centrada no plástico. Muito dele, demasiado rijo e não deixar as melhores impressões quanto a um possível aparecimento, no futuro, de ruídos parasitas.

MECÂNICA

Nesta nova geração disponível com uma só motorização, híbrida e em tudo idêntica à estreada no Jazz, o Honda HR-V e:HEV alvo deste ensaio apresentava, assim, debaixo do capot dianteiro, um quatro cilindros 1,5 litros DOHC i-VTEC a gasolina, a funcionar no ciclo Atkinson, e a prometer 107 cv de potência e 131 Nm de binário.

A procurar apoiar o motor de combustão, dois motores elétricos compactos, um deles destinado apenas e só a produzir energia para o sistema elétrico e respectiva bateria, de capacidade desconhecida, ao passo que o outro, a assumir, sim, a responsabilidade de ajudar à locomoção do veículo. Mas também a anunciar uma potência máxima combinada de 131 cv e um binário máximo de 253 Nm.

Foto: Turbo

De resto e em conjunto com uma simplificada transmissão variável contínua controlada eletronicamente, denominada eCVT, e que de caixa de velocidades tradicional tem muito pouco – nada, mesmo… -, prestações que passam por uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h modesta, fixada em não mais que os 10,6 segundos, assim como por uma velocidade máxima que, oficialmente, não ultrapassa 170 km/h. Sendo que, graças também a características como o facto do HR-V arrancar invariavelmente com recurso, apenas e só, ao motor elétrico, ou ainda de beneficiar do apoio do motor elétrico nas acelerações mais a fundo, a promessa, igualmente, de uma média WLTP nos consumos de 5,4 l/100 km e nas emissões de 112 g/km CO2.

Sendo que, particularmente no caso dos consumos, a confirmação dos bons resultados através de uma utilização no dia-a-dia e em que a média obtida foi de 5,5 l/100 km. Ou seja, apenas e só mais 0,1 l/100 km que a marca oficial.

Finalmente, nota para um sistema de carregamento das baterias com recurso à energia obtida na desaceleração e travagem e cujo nível de atuação pode, inclusivamente, ser mais ou menos acentuado, consoante a selecção feita nas patilhas que se encontram no volante, assim como para um sistema de modos de condução, cuja selecção é feita através de um pequeno botão junto à manche da caixa de velocidades. E ao qual não falta sequer um modo Eco, para maior eficácia da parte do trem de força.

Foto: Turbo

Ainda que seja o ‘Normal’ aquele que o sistema adopta por defeito, ao passo que, com o ‘Sport’ seleccionado, as diferenças não sejam tão grandes quanto isso…

TECNOLOGIA

Mesmo quando equipado com o nível de equipamento de entrada, Elegance, a verdade é que não ficam dúvidas quanto à mais-valia que é o equipamento de série disponibilizado neste Honda HR-V. Desde logo, por contemplar elementos como o Honda Connect com navegação, Apple CarPlay e Android Auto, acessível através de um ecrã táctil de 9 polegadas, sistema de telefone mãos livres via Bluetooth, travão de estacionamento elétrico com função que o impede o carro de descair, quando em subidas. Mas também um sistema de ar condicionado automático, bancos dianteiros aquecidos, 4 fichas USB (2 à frente + 2 atrás), vidros elétricos com comando à distância através da chave, limpa-vidros automático, faróis automáticos com sensores de luz e sistema inteligente de acesso e arranque sem chave.

Foto: Turbo

A pensar, igualmente, na segurança e na ajuda à condução, tecnologias como o Sistema de Assistência à Agilidade (AHA), Controlo de Descidas Íngremes (HDC), sensores de estacionamento atrás e à frente, câmara traseira de Auxílio ao Estacionamento, função de travagem autónoma quando a baixa velocidade, Sistema de Travagem Atenuante de Colisões (CMBS), Assistência à Travagem (BA) e à Estabilidade do Veículo (VSA), Assistência ao Arranque em Subidas (HSA), Alerta de Colisão Frontal (FCW), Controlo da Velocidade de Cruzeiro Adaptável e Inteligente (i-ACC), Assistência à Manutenção na Faixa de Rodagem (LKAS), Reconhecimento da Sinalização de Trânsito (TSR) e função de seguimento a baixa de velocidade (Low Sppeed Following).

AO VOLANTE

Disponível, nesta nova geração, apenas e só com a motorização híbrida de que tivemos oportunidade de desfrutar neste ensaio, é caso para dizer que o novo Honda HR-V e:HEV nasceu para ser vivido numa utilização diária e descontraída, inclusive, em cidade, onde a preferência do sistema pela utilização do motor elétrico mais facilmente se nota. Com o bloco de combustão a funcionar, então, bem mais como gerador de energia, do que propriamente um impulsionador directo das rodas.

De resto e numa clara oposição à suavidade, além de alguma desenvoltura, desfrutadas numa utilização exclusivamente com recurso ao motor elétrico, surge a opção por uma condução mais “desportiva” e assente em utilizações massivas do acelerador, obrigando o o motor térmico a entrar no jogo. Algo que, no entanto, não será a melhor opção, desde logo, por fazer sobressair um funcionamento à imagem de outros modelos com caixa CVT, em que o motor a gasolina parece estar permanentemente em esforço, sem, contudo, garantir o correspondente desempenho.

Foto: Turbo

Aliás, importa dizer que, até mesmo da parte do conjunto, poucas são as ambições relativamente a estados de alma mais excitados. Preferindo, sim, uma condução mais descontraída e que, já agora, não coloque demasiado em evidência as cedências que a suspensão faz, quando levada aos limites em trajectos mais sinuosos. E, isto, mesmo com uma direcção que se mostra competente e com boa dose de informação.

Assim, o recomendável será, mesmo, optar por andamentos mais descontraídos, que, embora marcados por um pisar, também ele, razoavelmente firme e informativo, conseguem ser relaxantes para condutor e ocupantes, graças ao nível de conforto que este Honda proporciona. E isso, numa proposta que também se pretende, especialmente em mercados como o português, como familiar, já é, sem dúvida, um argumento muito importante…

VEREDICTO

Crossover de imagem muito própria e, quiçá, não tão consensual quanto a de alguns adversários que são verdadeiros fenómenos de vendas no nosso País, o novo Honda H-RV e:HEV não deixa, ainda assim, de saber fazer valer os seus argumentos. Os quais passam, em grande parte, pela habitabilidade, ergonomia, óptimo equipamento, mas também e quando utilizado como mais gosta, consumos de bom nível, graças a uma eletrificação suave, mas não menos válida.

Foto: Turbo

Já se chega, ou não, para convencer o condutor do passo em frente que a Mobilidade Elétrica procura ser, é algo que cada interessado deverá, por si só, avaliar…

 

Gostámos Gostámos

Habitabilidade

Sem dúvida, um dos principais argumentos deste HR-V, graças, desde logo, a lugares traseiros onde não faltam, sequer, boas quotas de habitabilidade para as pernas. Facilitando, desta forma, uma utilização familiar e versátil.

Ergonomia/Funcionalidade

Num habitáculo de linhas simples, fluídas, e com poucos botões físicos, a ergonomia, mas também a funcionalidade, são aspectos que sobressaem neste crossover japonês, ajudando a criar um ambiente mais acolhedor.

Consumos

Recorrendo a um trem de força híbrido, simplificado mas competente, e, desde logo por dar primazia, sempre que possível, à componente elétrica, o HR-V consegue consumos de combustível convincentes e que quase nos desafiam a tentar melhorar.

Não Gostámos Não Gostámos

Plásticos

Especialmente quando comparado com os rivais franceses e alemães, este é, inquestionavelmente, um dos aspectos em que a Honda continua a ter de melhorar. E que, já nem mesmo o argumento de que se trata de um segmento B, consegue justificar.

Sonoridade do motor de combustão

Silencioso e até relaxante quando segue impulsionado apenas pelo motor elétrico e com o motor térmico a servir de gerador, o HR-V torna-se barulhento e até irritante, a partir do momento em que abusamos do acelerador e obrigamos o 1,5 litros a participar na locomoção, passando a “gritar” mais, do que efetivamente trabalha…

Bagageira

Trata-se, no fundo, de uma espécie de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, ao oferecer, à partida, não mais do que 320 litros, para depois e aproveitando a funcionalidade dos “Bancos Mágicos”, fazer disparar a capacidade de carga para os 1.290 litros. Isto, já para não falarmos na faculdade que lhes permite elevar os assentos contra as costas.


Honda HR-V e:HEV Elegance

Preço 35 900

Motor Gasolina, 1.498cc., + Motor Elétrico (2)
Potência combinada 231 cv
Binário combinado 253 Nm
Transmissão Dianteira, Cx. Auto 1 vel.
Bateria/Capacidade Iões de lítio
Peso 1455 kg
Comp./Larg./Alt. 4,34/1,79/1,58 m
Dist. entre eixos 2,61 m
Mala 320 – 1.290 l
Desempenho 10,6 0-100 km/h; 170 km/h Vel. Máx.
Consumo combinado 5,4 (5,5*) l/100 km
Emissões de CO2 122 g/km

* Medições Turbo

Equipamento
Série: Jantes de Liga Leve de 18 polegadas com pneus 225/50, spoiler traseiro, faróis e luzes diurnas em LED, sistema de suporte dos máximos (HSS), função Coming Home/Leaving Home, 4 fichas USB, Honda CONNECT com ecrã táctil de 9″, navegação, Apple CArPlay, Android Auto e live traffic info, Volante com Comandos Áudio à Distância, Sistema de Telefone Mãos-livres (HFT) Bluetooth, Câmara Traseira de Auxílio ao Estacionamento, sensores de estacionamento atrás e à frente, bancos dianteiros aquecidos e com encosto de cabeça anti-chicotada, Bancos Mágicos, Controlo de Velocidade de Cruzeiro com limitador de velocidade, fecho centralizado das portas com comando à distância, Imobilizador, sistema de alarme anti-roubo, Sistema Inteligente de Acesso e Arranque Sem Chave (Smart Entry & Start), Função de travagem a baixa velocidade, sistema de chamada de emergência (e Call), ABS (Sistema de Travagem Anti-bloqueio), Distribuição Eletrónica da Travagem (EBD), Assistência à Travagem (BA), Assistência à Estabilidade do Veículo (VSA), Assistência ao Arranque em Subida (HSA), fixadores ISO Fix (Bancos Traseiros Exteriores), Sistema de Travagem Atenuante de Colisões (CMBS), Avisador de Colisão à Frente (FCW), Sistema de Assistência à manutenção na faixa de rodagem (LKAS), Controlo da Velocidade de Cruzeiro Adaptável Inteligente (i-ACC), Reconhecimento de Sinalização de Trânsito (TSR) e função de seguimento a baixa velocidade (Low Speed Following).