Como os crossover estão na moda, a Fiat aproveitou para lançar a versão Cross do Tipo que inclui apontamentos de SUV. A imagem convence, assim como o equipamento e o preço. Motor pouco enérgico a baixos regimes e caixa de velocidades longa é que deixam a desejar.

Panda, 500 (nas suas múltiplas declinações, incluindo elétricas) e Tipo. Esta é a (reduzida) oferta atual da Fiat nos ligeiros de passageiros. Não será, por isso, de estranhar que metade das vendas totais da marca italiana seja dos modelos Panda e Tipo, sendo que as versões mais “aventureiras” Cross representam uma percentagem importante na distribuição de vendas.

Na gama Tipo, por exemplo, um em cada dois veículos vendidos vem com a carroçaria Cross, a qual foi introduzida na mais recente renovação deste modelo, em 2021, e que, segundo a Fiat, se dirige às famílias que procuram uma viatura mais emotiva, dinâmica e jovem, mas com preço acessível.

Em termos de dimensões, o comprimento (4,38 m) e a largura (1,79 m) não sofreram alterações face à carroçaria hatchback de cinco portas, mas a altura total aumentou sete centímetros para 1,56 metros, que resultou em parte de um incremento de quatro centímetros graças à nova à nova regulação das suspensões e à adoção de uma solução de jante e pneu estreada no Fiat 500X.

Para um visual ainda mais robusto, o Tipo Cross conta com pneus mais largos na medida 215/55 R17. Os restantes três centímetros devem-se às barras de tejadilho, que anteriormente só estavam disponíveis na versão Station Wagon.

No que se refere à imagem, o Tipo Cross recebeu o novo logotipo da Fiat na grelha dianteira, assim como alguns apontamentos inspirados nos SUV, designadamente no rebordo das cavas das rodas e à frente, onde também foi instalada uma exclusiva placa de proteção inferior.

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O pára-choques, por sua vez, possui uma proeminente barra de proteção que se destina a conferir um aspecto mais sólido e musculado. As saias laterais e o extrator traseiro complementam os elementos de design específicos desta versão.

INTERIOR

O Fiat Tipo foi projetado para ser prático, funcional e acessível. A versão Cross não é exceção e cumpre todos esses requisitos. O habitáculo oferece um generoso espaço para os ocupantes dos bancos dianteiros e traseiros, enquanto os materiais utilizados são robustos e feitos para durar. Os bancos do Tipo Cross são revestidos de tecido com um padrão exclusivo em preto e cinzento, contando, à frente, com um monograma específico Cross

A parte superior do painel de bordo possui uma pequena faixa com revestimento em materiais macios, mas em quase tudo o resto estão presentes plásticos duros. Alguns dos botões e dos comandos também têm um aspeto pouco agradável à vista.   

A maior altura ao solo do Tipo Cross proporciona uma posição de condução mais elevada. Ficar confortável atrás do volante não é difícil, graças às possibilidades de regulação em altura e lombar do assento, enquanto a coluna da direção também é ajustável em altura e profundidade.

O painel de instrumentos TFT de sete polegadas totalmente configurável veio substituir o anterior painel de instrumentos convencional, permitindo ao condutor aceder a informações várias como o consumo de combustível, a velocidade, estação de rádio sintonizada, entre outros. A leitura é fácil, embora as informações do computador de bordo não estejam bem organizadas.

A consola central da unidade ensaiada recebeu um ecrã tátil de dez polegadas, integrado no Pack Tech, com o novo sistema de infoentretenimento Uconnect5 com navegação, compatível com Android Auto e Apple CarPlay, e carregador por indução para smartphones. O ar condicionado automático possui comandos físicos, enquanto o comando do sistema de som está localizado entre os bancos dianteiros.

Apesar do generoso espaço para as pernas e altura para a bagageira na segunda fila, o volume da bagageira não foi comprometido, oferecendo uma capacidade de 440 litros, podendo ser ampliada com a possiblidade de rebatimento assimétrico dos bancos numa configuração 60/40.

MECÂNICA

O Tipo Cross está disponível com o novo motor tricilíndrico a gasolina de 999 cc, da família FireFly Turbo, com sistema Auto Start-Stop, que desenvolve uma potência máxima de 100 cv às 5000 rpm e um binário de 190 Nm às 1500 rpm.

Segundo a Fiat, este propulsor foi otimizado para proporcionar melhores prestações, associadas a níveis inferiores de consumos e de emissões comparativamente com o anterior motor a gasolina de 1.4 e 95 cv.

Aquele motor está associado a uma caixa manual de cinco velocidades que foi configurada para assegurar a máxima prontidão de resposta no trânsito citadino e o maior conforto possível em autoestrada, impedindo o propulsor de ultrapassar 3200 rpm à velocidade de cruzeiro de 130 km/h.

No que se refere a prestações, estas estão longe de impressionar, com uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 12,2 segundos e uma velocidade máxima de 183 km/h. O consumo de combustível anunciado é de 5,8 l/100 km.

TECNOLOGIA

O Tipo Cross recebeu a quinta geração do sistema de infoentrenimento Uconnect 5 com navegação, disponível no caso da unidade ensaiada com ecrã tátil de 10,25”, sendo compatível com Apple CarPlay e Android Auto. Estes sistemas possibilitam a utilização das apps do telefone diretamente no ecrã tátil.

O ecrã tátil está montado na parte superior do painel de bordo, permitindo ao condutor manter os olhos na estrada. Alguns dos ícones dos menús são pequenos e difíceis de selecionar quando se está em andamento, além de poderem ser lentos a responder.

Para facilitar a condução, o Tipo Cross pode vir equipado, em opção, com botão de ignição, mas o travão de estacionamento continua a ser mecânico. A idade do projeto não perdoa! Por outro lado, a dotação de série já inclui sensores de chuva e luminosidade, ar condicionado automático, entradas USB à frente e atrás, sensores de estacionamento traseiros.

Igualmente presentes estão os mais avançados sistemas de assistência à condução, incluindo o reconhecimento de sinais de trânsito, assistência inteligente à velocidade (recomenda ao condutor para observar o limite de velocidade), controlo de faixa de rodagem, sensor de deteção de fadiga, assistência de ângulo morto.

A dotação série inclui ainda o cruise control adaptativo, que permite programar a velocidade no volante multifunções e manter a distância para o veículo da frente, sendo este sistema de utilização fácil e intuitiva.

AO VOLANTE

O aumento da altura ao solo de quatro centímetros não é fácil de perceber quando se está atrás do volante, não havendo qualquer ganho na visibilidade para frente. Para trás, os pilares grossos e o pequeno óculo traseiro restringem a visibilidade nas manobras. Os sensores de estacionamento traseiros e dianteiros, que são de série, facilitam, assim como a câmara traseira, mas esta é opcional.

Em termos dinâmicos, o motor de 999 cc de 100 cv oferece uma potência suficiente para impulsionar os 1280 kg do Tipo Cross, sendo penalizado por uma resposta pouco enérgica abaixo dos 2000 rpm, obrigando a recorrer com frequência ao seletor de uma caixa manual de cinco velocidades, com relações demasiado longas e que também poderia não só ser mais rápida como mais precisa.

Acima das 2000 rpm, a resposta do motor é bastante melhor, mas, mesmo assim, as prestações estão longe de impressionar, como demonstra a aceleração dos 0 aos 100 km/h em 12,2 segundos. Por outro lado, como o condutor tem de carregar mais no acelerador para subir a rotação, a sonoridade do motor aumenta, assim como o consumo de combustível, com o computador de bordo a indicar, no final do ensaio, uma média de 7,6 l/100 km.

O Tipo Cross oferece um comportamento aceitável em termos de transferências de massas da carroçaria e não é particularmente rápido nas mudanças de trajetória. Isso deve-se a uma direção com demasiada assistência, mesmo sem o modo City ativado.

O conforto em pisos mais degradados não será um dos pontos fortes deste modelo, já que a suspensão tem alguma dificuldade em digerir as irregularidades, perdendo a precisão e obrigando a diminuir o ritmo.

VEREDICTO

Proposto por 22.912 euros, já com campanha de retoma, o Tipo Cross mantém-se fiel à filosofia de preço acessível, adicionando elementos visuais oriundos do universo dos SUV,  indo de encontro às  tendências atuais do mercado, a que se junta um equipamento de conforto e assistência à condução bastante completo.

A qualidade de construção e dos materiais está em consonância com o preço e só o motor 1.0 GSE de 100 cv poderia oferecer um comportamento mais agradável, sobretudo a baixos regimes, onde se revelou pouco energético, enquanto a caixa manual de cinco velocidades também não ajuda muito, pois poderia ter um escalonamento diferente e ser mais precisa. Não obstante, para quem pretende uma viatura funcional, simples e já com avançados conteúdos tecnológicos, o Tipo Cross cumpre todos esses requisitos e até parece um SUV!

 

Gostámos

Imagem A imagem do Tipo Cross convence, graças aos seus elementos de design que remetem, para o universo dos SUV, destacando-se os pára-choques e embaladeiras com zonas pintadas em cor de alumínio ou as molduras em plástico nos guarda-lamas.

Bagageira Com o seu volume de 440 litros com os bancos traseiros na posição normal, a bagageira é uma das maiores do segmento, podendo ser ampliada com o rebatimento dos assentos numa configuração 60/40. Só é de lamentar o degrau entre o piso quando se rebate os bancos.

Assistência condução Os mais avançados sistemas de assistência à condução já estão presentes, de série, no Tipo Cross, incluindo o útil cruise control adaptativo, que permite manter a distância para o veículo da frente, sendo o seu funcionamento simples e intuitivo.

Não Gostámos

Motor O pequeno motor turbo a gasolina de 999 cc apresenta um comportamento semelhante a outros propulsores tricilíndricos, sendo pouco energético a baixos regimes. Só se torna mais agradável de utilizar quando se pisa no acelerador para subir a rotação.

Consumo O consumo de combustível de 5,8 l/100 km anunciados revelou-se bastante otimista em condições reais de utilizador. No final do ensaio, o computador de bordo indicava um valor de 7,6 l/100 km e em circuito urbano pode mesmo chegar aos 9,4 l/100 km.

Caixa velocidades O Tipo Cross está equipado com uma caixa manual de cinco velocidades com relações longas, o que penaliza a condução em circuito urbano, obrigando a recorrer com demasiada frequência ao selector. E também poderia ser mais precisa.

 

Fiat Tipo Cross 1.0 GSE 100 cv

Preço 22.912 € (com campanha de retoma)
Motor Gasolina, 3 cil., 999 cc
Potência 100 cv às 5000 rpm
Binário 190 Nm às 1500 rpm
Transmissão Dianteira, Man., 5 vel.
Peso 1280 kg
Comp./Larg./Alt. 4,38/1,79/1,56 m
Dist. entre eixos 2,64 m
Mala 440 l
Desempenho 12,2 0-100 km/h; 183 km/h Vel. Máx.
Consumo 5,8 (7,6*) l/100 km
Emissões CO2 131 g/Km

* Medições Turbo

Equipamento
Série: Rádio tátil 7” Uconnect NAV, painel de instrumentos TFT de 7”, volante regulável em altura e profundidade, ar condicionado automático, espelhos retrovisores exteriores elétricos com desembaciamento, sensores de luz e chuva, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, barras longitudinais, jantes de liga leve de 17”, sensor de fadiga, cruise control automático, aviso de transposição de faixa plus, assistente de velocidade inteligente e reconhecimento dos sinais de trânsito, limitador de velocidade, travagem autónoma de emergência, faróis de nevoeiro dianteiros e faróis em LED