Atualmente já com várias propostas SUV 100% elétricas, a BMW não esquece, contudo, aqueles para quem a mobilidade exclusivamente elétrica continua a ser motivo de dúvidas. Condutores a quem propõe aquilo que pode ser considerava uma alternativa soft, como é o BMW X3 xDrive30e.

Numa altura em que o mercado automóvel parece já rendido ao Veículo Elétrico, com praticamente todos os construtores a encaminharem-se, com mais ou menos determinação, rumo à conversão total das respectivas gamas, também é verdade que ainda existem muitos condutores que continuam a manter dúvidas, reticências, relativamente à opção mais definitiva, zero emissões.

É a pensar, precisamente, nestes clientes que, fabricantes automóveis como a BMW, optam por disponibilizar, lado a lado com as propostas puramente elétricas, variantes já com algum nível de eletrificação, mas que e graças à manutenção do motor de combustão, isentam os seus proprietários do stress permanente que decorre da necessidade de não deixar baixar o nível de carga nas baterias, sem ter por perto uma hipótese de carregamento.

De resto e igualmente em prol destas alternativas, surge o facto de e ao contrário do que acontece com grande parte dos veículos elétricos, estas propostas híbridas plug-in manterem estéticas (quase) inalteradas face às versões exclusivamente com motores térmicos. Tornando-se, também por aí, mais fácil de assimilar… como, aliás, acontece com este X3 xDrive30e.

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Assim e numa estética exterior em que o mais difícil é, desde logo, descobrir as diferenças, fica apenas a necessidade, no carro aqui analisado, de apontar a extensa lista de opcionais, já habitual na marca de Munique. E que, neste X3, se traduz, desde logo, no caro (6.788,62€) mas também muito composto Pack M Plus, garantia de presença de mais-valias como as jantes em liga leve de 19”, das barras de tejadilho e frisos Shadow Line, assim como dos packs Desportivo M e Aerodinâmico M.

INTERIOR

Já no habitáculo, de acesso facilitado graças, também, a outras soluções parte do Pack M Plus, como é o caso do sistema de acesso Comfort, um ambiente de qualidade, solidez e materiais isentos de críticas, onde não falta sequer uma estética atraente, além de uma ergonomia a roçar a perfeição. E que começa, desde logo, no lugar do condutor, cujo banco de regulação elétrica e memórias garante um acesso fácil a um volante também ele multiregulável e de óptima pega, assim como uma correcta visibilidade do atraente painel de instrumentos digital (BMW Live Cockpit Profissional, opcional parte do Pack M Plus) e de layout configurável, ou até mesmo do ecrã central parte do sistema de infoentretenimento iDrive. Neste caso, também com o cativante e funcional Controlo por Gestos BMW – basta, por exemplo, rodar o dedo indicador num ou noutro sentido, para aumentar ou baixar o som…

Ainda assim, não menos funcionais e merecedores de elogios continuam sendo os comandos físicos que o X3 mantém, com principal destaque para os já bem conhecidos comandos do sistema de infotainment na continuação da consola, entre os bancos, e a que se juntam, como mais-valias, não somente um apoio de pé esquerdo e pedais em metal com borracha anti-derrapante, mas também vários espaços de arrumação. E, principalmente, uma excelente habitabilidade, mesmo com um lugar do meio prejudicado por um túnel de transmissão saliente e a obrigar o passageiro a viajar de pernas mais abertas. Embora não falte espaço para poderem intrometer-se na zona dos passageiros dos bancos laterais.

Menos exuberante (mas ainda assim convincente) do que nas versões exclusivamente com motor de combustão, as quais anunciam 550 litros de capacidade de carga, são os 450 litros desta versão, à qual não falta um acesso amplo e portão de accionamento elétrico. Embora a desvendarem um piso ligeiramente mais alto do que seria de esperar.

A explicar esta situação, a colocação das baterias do sistema elétrico e que não permitem, de resto, mais do que um pequeno alçapão à entrada, para acomodação dos cabos de carregamento e ferramentas. Para cargas maiores ou que necessitem da totalidade dos 1.500 litros que o BMW X3 anuncia como capacidade de carga máxima, só mesmo rebatendo 40:20:40 as costas dos bancos traseiros, para uma posição praticamente na horizontal… ainda que a ficarem ligeiramente mais baixas do que o piso da mala.

 

MECÂNICA

A meio caminho entre a combustão pura e simples, e o elétrico puro, este BMW X3 iDrive30e tem na base um quatro cilindros 2.0 litros turbo a gasolina, a debitar 184 cv e 300 Nm, conjugado com um motor elétrico (daí o ‘e’ a seguir ao 30…) aplicado ao eixo traseiro e a garantir mais 109 cv e 265 Nm de binário. Este último, apoiado por uma bateria de iões de lítio de 12 kW (11,2 kW de capacidade útil), que, em conjunto com o motor térmico, prometem uma potência máxima combinada de 292 cv (215 kW) e um binário máximo combinado de 420 Nm.

Em termos de prestações e graças também ao papel da caixa automática desportiva Steptronic de oito velocidade, que continua a ser um bom argumento pela gestão e suavidade no funcionamento, o anúncio, não somente de uma elevada disponibilidade e resposta enérgica, como também de uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 6,1 segundos e uma velocidade máxima de 210 km/h. Assim como de um consumo oficial WLTP em circuito combinado de 2,0 l/100 km, com emissões WLTP de 45 g/km, mas que numa utilização real acabou ficando bem mais perto dos 5 l/100 km. Isto, com o apoio de uma autonomia elétrica que a marca promete ser de 49 km, mas que, connosco, não conseguiu ir além dos 43 km.

Aliás e sobre o carregamento das baterias através de tomada externa, promessas de reposição da totalidade da carga das baterias em 3,6 horas, caso seja possível recorrer a uma wallbox de 3,7 kW, enquanto, num posto de carga normal, com potências na ordem dos 2,3 kW, a necessidade de despender até 6 horas, para conseguir igual resultado. Carga rápida? Para isso, tem de optar pelo 100% elétrico iX3…

TECNOLOGIA

Seguindo aquilo que é o princípio há muito em vigor na marca de Munique, de defesa da personalização e de um BMW enquanto expressão do seu proprietário, o X3 xDrive30e que em análise, não deixava de mostrar-se particularmente recheado, com especial destaque para o já referido pack M Plus. O qual, fruto também dos mais de seis mil euros que custa, mostra ser suficiente para tornar o X3 uma proposta impactante.

A justificar esta impressão, tecnologias como o sistema de acesso Comfort, o BMW Live Cockpit Professional, Controlo por Gestos BMW, a transmissão automática desportiva Steptronic, banco do condutor com ajustes elétricos e memória, sistema de som HiFi e pack Connectivity. Sendo que, garantidos como parte do equipamento de série, surgem elementos como os faróis dianteiros e traseiros LED, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, ar condicionado automático com controlo de três zonas, e Cruise Control com função de travagem.

AO VOLANTE

Embora com um peso total que ultrapassa as duas toneladas, resultado da integração da componente elétrica e respectivas baterias, o BMW X3 xDrive30e não deixa, ainda assim, de se afirmar através de um desempenho dinâmico superior e com o toque desportivo a que a marca de Munique já nos habituou. Graças, também, a um controlo permanente da carroçaria que acaba ajudando ao envolvimento na condução.

De resto e a apoiar as boas sensações ao volante, uma direcção competente e a transmitir a informação necessária, tornando-se ainda mais desportiva/directa, a partir do momento em que seleccionamos um verdadeiro modo ‘Sport’, num sistema de modos de condução (Drive Select) que conta ainda com os modos ‘Hybrid’ e ‘Electric’. Este último, a beneficiar da possibilidade que o sistema oferece de reter a energia existente nas baterias, através do simples pressionar de um botão. A qual pode, depois, ser utilizada, a bel-prazer do condutor… ou então, de forma automática, sempre que entramos nas chamadas eDriveZones que a BMW tem vindo a “criar” nas nossas cidades.

Elogios, igualmente, para os préstimos da caixa automática de oito velocidades com patilhas no volante e que, tão depressa se destaca pela suavidade imperceptibilidade nas passagens, como pela rapidez com que reage no modo mais desportivo. Altura em que a segurança é também feita através da atuação eficaz e fiável do sistema de travagem.

De resto e se, em estrada aberta, este X3 consegue ser um companheiro de viagem muito confortável e relaxante, em cidade, apercebemos, também, da necessidade de habituação às dimensões de um carro cuja visibilidade exterior denota algumas limitações, nomeadamente, nas manobras de estacionamento. Sendo também nessa altura em que damos por nós a valorizar a presença de ajudas como os sensores à frente e atrás, ou até mesmo a câmara traseira, para uma vivência mais descontraída e segura…

VEREDICTO

Com uma imagem e ambiente a bordo que pouco ou nada difere da ostentada pelos irmãos com sistemas de propulsão mais tradicionais, o BMW X3 xDrive30e soma a estes fortes predicados o argumento da inovação – elétrica -, levada a cabo com tranquilidade e descontracção. Isto porque, sem abdicar da sensação de segurança decorrente da vulgar gasolina, o SUV alemão complementa-a com a novidade que ainda é, aos olhos de muitos condutores, a propulsão elétrica, garantia, também, de consumos atraentes.

Concluindo, trata-se de uma óptima alternativa, que, de soft, só tem mesmo a mais facilmente cativante tecnologia de transição. Pois, até mesmo no preço, o impacto é forte, muito forte!…

 

Gostámos

Desempenho Mesmo com o acréscimo de peso resultante da integração das baterias, a que depois se junta a maior distância ao solo, o X3 xDrive30e continua a ser um verdadeiro BMW, no que ao desempenho dinâmico diz respeito. O que, diga-se, só pode ser motivo de elogios.

Conforto Marcado por uma elevada qualidade perceptível e de materiais, a que junta uma não menos elogiosa atenção ao detalhe, o X3 PHEV faz uso (também) destes argumentos para garantir um nível de conforto a bordo, inquestionavelmente superior.

Consumos Ajudado pela componente elétrica, o BMW X3 xDrive30e tem nos consumos um dos seus bons cartões de visita. A demonstrá-lo, os 4,8 l/100 km obtidos neste ensaio e que, embora bem acima do anunciado, não deixa de ser um óptimo registo para um carro com mais de duas toneladas.

Não Gostámos

Capacidade da Mala Resultado da integração das baterias sob o piso da bagageira, o espaço destinado às bagagens acaba perdendo capacidade (-100 litros) e até (algum) aproveitamento/funcionalidade. Basta rebater os bancos…

Autonomia Elétrica Mesmo com uma componente elétrica que rapidamente comprova a sua validade nos consumos, o facto da autonomia elétrica não ir além dos 43 km, quando alguns concorrentes já conseguem mais do dobro, penaliza este X3…

Visibilidade Exterior Fruto também das dimensões deste SUV, acrescidas de uma postura assumidamente alta, fazer uma manobra de estacionamento, sem a ajuda das câmaras exteriores, é “aventura” com alguns riscos. E não apenas nos pára-choques!

BMW X3 xDrive30e

Preço 65 710 € (74 932,89 € a unidade ensaiada)
Motor gasolina, 4 cil., 1998 cc, turbo + motor elétrico
Potência combinada 292 cv (215 kW)
Binário combinado 420 Nm
Transmissão Integral, cx. auto. 8 vel.
Peso 2.065 kg
Comp./Larg./Alt. 4,70/1,89/1,67 m
Dist. entre eixos 2,86 m
Mala 450 – 1.500 l
Desempenho 6,1s 0-100 km/h; 210 km/h Vel. Máx.
Consumo WLTP 2,0 (4,8*) l/100 km
Autonomia Elétrica 49 (43*) km
Emissões CO2 45 g/Km
Bateria/capacidade Iões de lítio, 12 kWh (11,2 kWh capacidade útil)
Tempos de carga 3,6h (3,7 kW C.A.), 6h00 (2,3 kW)

* Medições Turbo

Equipamento
Série: Jantes em liga leve de 18”, faróis dianteiros e traseiros LED, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, barras de tejadilho em alumínio Satinated, Pack de espelhos retrovisores interior e exteriores, Funcionamento automático da porta da bagageira, BMW Live Cockpit Plus com navegação, Ar condicionado automático com controlo de três zonas, Bancos desportivos, Volante desportivo em pele, Transmissão Steptronic, Cruise Control com função de travagem.