A diferença entre Ricciardo e Senna no Mónaco

Antes de vencer o GP do Mónaco este domingo, com um carro que apresentava problemas, Daniel Ricciardo conseguiu no dia anterior a Pole Position com a vota mais rápida de sempre ao traçado. Uma verdadeira demonstração de força dos novos monolugares híbridos, como pode ver na comparação com o tempo realizado há 30 anos por Ayrton Senna com o McLaren Mp4/4. A volta do mítico Ayrton Senna de 1988 ao Circuito do Mónaco é anunciada como "a mais memorável de sempre", com o astro brasileiro a voar com o seu McLaren MP4/4 a mostrar todos os seus dotes nesta exigente pista. Uma verdadeira demonstração de talento misturada com entusiasmo e alguma inconsciência, como o próprio veio a admitir, já que o primeiro lugar na grelha de partida estava mais do que assegurado. A explicação nas palavras do próprio Ayrton Senna não podia ser mais eloquente... "Já tinha a Pole, e estava a ir cada vez mais rápido. Uma volta atrás da outra, mais rápido, mais rápido, mais rápido. Estava primeiro apenas na Pole, depois com meio segundo, e depois com um segundo... e continuei. De repente estava quase dois segundos mais rápido do que qualquer outro, incluindo o meu colega de equipa com um carro igual. E de repente apercebi-me de que não estava a conduzir o carro conscientemente". O resultado final foi que o outro piloto na primeira linha da grelha, o colega de equipa Alain Prost, ficou a 1.427 segundos, e Gerhard Berger saiu logo atrás de Senna, assegurando o terceiro posto com uma volta a mais 2.687 segundos. https://www.youtube.com/watch?v=tUFujCvNalo Agora passamos para o presente, onde cada vez mais ficam confirmadas as imensas potencialidades dos motores híbridos da Fórmula 1. Podem não ter a nota acústica dos V10 e dos V8, não existem dúvidas, mas que eles andam a uma incrível velocidade não restam dúvidas. Obviamente temos de recordar que a aerodinâmica e materiais utilizados nos carros mudaram muito, mas o recorde agora obtido no Mónaco, com a volta mais rápida de Ricciardo na qualificação estabelecida em 1.10.810, foi "apenas" 13 segundos mais rápida do que o tempo de Ayrton Senna. Mas se os monolugares mudaram muito, uma coisa permanece idêntica: andar nos limites no Mónaco continua a ser a mais extrema demonstração de talento (com uma ligeira dose de loucura...) que se pode fazer na competição automóvel. https://youtu.be/xbrKA6IwgcM (Por questões relacionadas com os Direitos de Transmissão na Fórmula 1, terá de assistir ao vídeo no Youtube)   Recordamos ainda que Daniel Ricciardo acabou por vencer a prova realizada este domingo. A acompanhar o australiano no pódio estiveram os seus dois principais adversários na luta pelo título mundial, com Sebastian Vettel a levar o Ferrari ao segundo posto e Lewis Hamilton a concluir com o Mercedes no terceiro posto. O principal motivo de interesse neste GP do Mónaco acabou por ser o facto do Red Bull do vencedor ter acusado problemas ainda relativamente cedo na prova, com Daniel Ricciardo a mostrar nervos de aço, e a aproveitar a combinação entre dificuldade para ultrapassar na F1 e também para seguir logo atrás dos adversários com os carros atuais, para conseguir o seu sétimo triunfo de sempre na Fórmula 1.