Conheça as marcas mais afetadas pelas tarifas de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, introduziu recentemente uma tarifa de 25% sobre todos os veículos importados, o que se traduzirá num significativo aumento de preços de todos os automóveis construídos fora de território norte-americano, incluindo os fabricados no Canadá e México.

Não contente com isso, a administração Trump também estendeu as tarifas aos componentes produzidos no estrangeiro para veículos montados nos Estados Unidos. Essa medida, que entra em vigor a 3 de maio, poderá ter um impacto dramático na atividade de muitos fabricantes estrangeiros. Marcas como a Audi, BMW, Lexus, Mazda e Toyota produzem vários modelos nos Estados Unidos, mas a incorporação local é reduzida.

Especificamente, alguns dos automóveis desportivos mais acessíveis podem vir a ser os mais afetados. O Mazda MX-5, o Subaru BRZ, o Toyota GR86 e o GR Corolla têm uma incorporação de componentes fabricados nos Estados Unidos de apenas 1%. Vários modelos desportivos da BMW também têm uma incorporação local de apenas 1% como o M3 berlina, o Z4 ou o M8.

Valor das ações baixa

Como os automóveis representam cerca de 28,3% das exportações japonesas para os Estados Unidos, aqueles fabricantes poderão ser os mais penalizados pelas novas tarifas. Segundo a Reuters, as ações da Nissan, Toyota e Honda já caíram 2,2%, 2,7% e 3,0%, respetivamente, enquanto as da Hyundai e Kia diminuíram 4%.

O primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba afirma que serão colocadas “todas as opções em cima da mesa” para combater as tarifas de Trump.

“O Japão é um país que investe bastante nos Estados Unidos e, por isso, perguntamos se faz sentido a Washington aplicar tarifas uniformes a todos os países. Isso é o que defendemos e iremos continuar a fazer”, refere Shigeru Ishiba numa declaração escrita ao parlamento.

Preços dos importados aumentam

As tarifas de 25% irão fazer aumentar os preços dos veículos importados para os Estados Unidos. Contudo, o antigo vice-presidente de desenvolvimento de produto da General Motors, Bob Lutz, defende que as medidas mais exigentes relativas à importação de automóveis já pecam por tardias.

“As tarifas de Trump apenas são reflexo daquelas que os nossos principais parceiros comerciais têm em vigor há décadas”, afirmou Bob Lutz ao site Motor1. “Não há dúvida que as tarifas irão fazer aumentar o preço dos carros estrangeiros e isso terá como consequência uma diminuição do seu volume de vendas. Esse é o objetivo das tarifas”.

Atualmente, a União Europeia aplica uma taxa de 10% aos veículos importados dos Estados Unidos. Recentemente, Bruxelas propôs uma diminuição da taxa para 2,5% para procurar aliviar as tensões com os Estados Unidos, mas, aparentemente, sem sucesso. 

Sem impacto direto para Portugal

A produção automóvel em Portugal não terá uma exposição significativa às tarifas dos Estados Unidos porque os mais de 300 mil veículos montados em Portugal são exportados para a União Europeia. O secretário-geral da ACAP - Associação Automóvel de Portugal, Hélder Pedro, alertou que para o “efeito dominó” na economia mundial.

Em declarações à agência Lusa afirmou que “toda a economia é afetada, todos os seus industriais e o automóvel não escapa a esse efeito”.

A ACAP considera que a medida é um “contrassenso” porque as marcas europeias têm fábricas nos Estados Unidos há várias décadas e, adicionalmente, também vão ver aplicadas taxas aos componentes que os fabricantes vão ter de importar. Caso contrário, a produção para.