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Citroën Berlingo Van vs Renault Kangoo: Duelo gaulês

Texto: Carlos Moura / Fotografia: José Bispo
Data: 2 de Julho, 2020

O novo Berlingo Van enfrenta o ainda atual Kangoo Express num duelo entre dois dos furgões compactos mais vendidos em Portugal

Cerca de 70% das vendas de furgões compactos em Portugal são dominadas por dois construtores – Grupo PSA e Renault – e três modelos: Peugeot Partner, Citroën Berlingo e Renault Kangoo Express.

A tradição das marcas neste segmento e o dinamismo das suas redes comerciais contribuíram para a enorme popularidade destes veículos, que se traduz num elevado parque em circulação.

Estes modelos também foram responsáveis por trazer algumas inovações para o segmento como a linha contínua entre o habitáculo e o compartimento de carga, os três lugares dianteiros ou a “democratização” de tecnologias lançadas inicialmente em modelos de gamas superiores: sistemas ‘Start-Stop’, recirculação dos gases de escape ou recuperação de energia na travagem.

Dois dos mais representativos modelos do segmento, Citroën Berlingo Van e Renault Kangoo Express, são os protagonistas deste frente a frente, ainda que em versões de dimensões distintas – M e Maxi, respetivamente – por questões logísticas.

Versões M e Maxi

Os derivativos de chassis normal diretamente comparáveis apresentam um comprimento de 4,40 metros e de 4,28 metros ou de 4,75 metros ou 4,67 metros no caso das variantes de chassis longo (XL e Maxi).

Citroën Berlingo Van M 1.6 BlueHDi 100 cv Driver vs Renault Kangoo Maxi Express Business 1.5 dCi 110 cv X-Track

O Berlingo também mais largo (1,92 metros contra 1,83 metros) e mais alto (1,88 m vs 1,83 m). A versão ensaiada do Kangoo conta com um sistema de motricidade reforçada, que implicou uma ligeira subida do curso da suspensão em cerca de oito centímetros em vazio (5 cm carregado), aumentando a altura total para 1,91 m.

As diferenças nas dimensões exteriores têm reflexo no compartimento de carga, com o Berlingo a oferecer um comprimento interno de 1,87 metros ou 2,16 metros nas variantes M e XL, respetivamente, enquanto o Kangoo Express apresenta uma caixa de carga com 1,73 metros ou 2,11 metros nas versões Normal e Maxi.

Volume útil de carga

A combinação com uma largura interna de 1,73 metros (1,22 metros entre as cavas das rodas) e uma altura de 1,20 metros permite ao Citroën disponibilizar um volume útil de carga de 3,3 m3 ou 3,9 m3.

Por sua vez, o Renault propõe volumes úteis de 3,0 m3 e 4,0 m3, resultantes da conjugação com uma largura interna de 1,21 metros e uma altura de 1,1 metros.

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A unidade ensaiada do Berlingo dispõe ainda de uma divisória entre o compartimento de carga e o habitáculo, solução esta que em conjunto com a possibilidade de rebatimento do banco do passageiro lateral permite aumentar o comprimento total para 3,09 metros e o volume útil para 3,8 m3.

Citroën Berlingo M oferece um volume útil de carga de 3,3 m3

Isto significa que esta versão do Berlingo M oferece um volume útil de carga bastante aproximado do Kangoo Maxi, que também conta com o mesmo tipo de solução, mas…em opção.

Em ambos os casos, a acessibilidade ao compartimento de carga é assegurada por duas portas traseiras assimétricas e por uma porta lateral deslizante no lado direito.

No que se refere à capacidade de carga, o Berlingo Van M oferece uma capacidade de 605 kg e o Kangoo Express Maxi de 800 kg.

Equipamento

Reponsáveis pela introdução de cabinas com três lugares dianteiros (1+2) no segmento dos furgões compactos, os protagonistas deste comparativo disponibilizam essa solução que se tornou na mais popular em termos de vendas.

No caso da nova geração do Berlingo, lançada no final do ano passado, estas versões de três lugares estão sempre associadas a um travão de estacionamento elétrico, o que se traduz numa melhor habitabilidade, especialmente para o ocupante do assento do meio.

Renault Kangoo Maxi oferece um volume útil de carga de 4,0 m3

O Kangoo Express, cuja atualização mais recente remonta a 2013, mantém-se fiel ao princípio do travão de “mão” clássico, penalizando o espaço para o terceiro ocupante.

As costas do assento do meio de ambos os modelos podem ser transformadas numa mesa de apoio, embora a solução da Citroën seja mais engenhosa do que a do Renault, já que inclui um recetáculo para um smartphone, por exemplo.

Imagem interior

Em termos de imagem interior, o Berlingo apresenta, naturalmente, um design mais moderno, que inclui um tablier com uma implantação totalmente desenvolvida na horizontal, como nos ligeiros de passageiros.

O posto de condução apresenta um painel de instrumentos digital, semelhante ao do C3 Aircross, e um volante com comandos multifunções. A consola central integra um ecrã tátil de oito polegadas, funcional e fácil de interagir, que permite o acesso ao rádio, sistema de navegação, configurações do veículo, entre outros.

A unidade ensaiada do Kangoo apresenta uma especificação base, caraterizando-se pela simplicidade das linhas e pela funcionalidade. Não obstante, o tablier é agradável à vista, sendo dominado por uma consola central que aloja os comandos da ventilação, ar condicionado, rádio e também a alavanca da caixa de velocidades.

Todavia, o seu design já acusa o “peso” dos anos: o painel de instrumentos ainda é totalmente analógico, com exceção do mostrador do computador de bordo, bem como autorrádio, apesar de já ter ligação Bluetooth. O ecrã tátil com sistema R-Link também está disponível, mas integra a extensa lista de opcionais.

Relativamente a espaços para arrumação, o Berlingo Van oferece cerca de 113 litros, incluindo uma gaveta sob o banco, porta-luvas superior TopBox, porta-luvas inferior, prateleira de arrumação superior, um compartimento sob o assento do meio e outros locais para colocação de objetos. O Kangoo Express já é mais limitado nesse aspeto: porta-luvas, bolsas nas portas, um compartimento sob o banco do passageiro.

Assistência à condução

A diferença da idade do projeto dos modelos em confronto reflete-se igualmente no nível de equipamento e nos sistemas de assistência à condução. Neste capítulo, o Berlingo leva uma clara vantagem, reforçada no caso da unidade ensaiada, Driver.

Esta última foi concebida para empresas e colaboradores que têm necessidade de efetuar longos trajetos ou um elevado número de entregas em zonas urbanas, distinguindo-se pelo conforto em andamento, ajudas à condução.

A dotação de série que inclui banco do condutor com regulação de apoio lombar, sensores de chuva e luz, regulador e limitador de velocidade, travão de estacionamento eletrico, rádio conectado com ecrã de oito polegadas e sistema Surrond Rear Vision (constituído por um ecrã de cinco polegadas, na parte superior do pára-brisas, apresenta a vista traseira e lateral do lado do passageiro, limitando o ângulo morto).

A unidade ensaiada conta ainda com função Mirror Screen para transpor as aplicações de um smartphone no ecrã tátil de oito polegadas, Citroën Connect Nav (navegação conectada 3D associada a serviços como o TomTom Trafic), reconhecimento alargado de sinais de trânsito.

O Kangoo Express Maxi Business não é tão sofisticado como o seu opositor, mas mesmo assim ainda oferece, de série, ar condicionado, autorrádio com leitor de CD, ligação USB e Bluetooth, e comandos satélite sob o volante, computador de bordo, fecho central de portas, espelhos e vidros elétricos, sensores de chuva e estacionamento traseiros, cruise control, limitador de velocidade, auxiliar de arranque em subida, controlo de tração.

Mecânica

No capítulo mecânico, os protagonistas deste frente a frente contam com motorizações diesel de baixa cilindrada e tecnologia Start&Stop: 1.6 BlueHDi (1560 cc), com 100 cv, e 1.5 dCi (1461 cc), com 110 cv. Ambos são sobrealimentados e possuem injeção direta ‘common rail’.

Citroën Berlingo: espaços de arrumação

O motor 1.6 BlueHDi do Citroën encontra-se associado a uma transmissão manual de cinco velocidades, tendo-se revelado equilibrado, embora a baixos regimes obrigue o utilizador a recorrer com frequência à alavanca da caixa de velocidades para ultrapassar as limitações impostas por um peso em vazio de quase 1,4 toneladas.

Por sua vez, o motor 1.5 dCi do Renault está acoplado a uma transmissão manual de seis velocidades, tendo-se revelado rápido a subir de regime e bastante elástico.

O Kangoo Express Maxi ensaiado contava ainda com um sistema de tração às quatro rodas, denominado X-Trac, que permite a utilização em pisos não asfaltados, bastando, para o efeito, acionar um botão no tablier. Essa opção também existe no Berlingo, num pack designado Chantier, com o nível Driver.

Consumos

No que se refere ao consumo de combustível, o Berlingo Van anuncia uma média combinada de 4,3 l/100 km, embora em condições reais – sem grandes preocupações a esse respeito – o computador de bordo apresente um valor de 5,7 l/100 km. Mais potente, o Kangoo Express Maxi reivindica uma média anunciada de 4,5 l/100 km e um consumo registado de 6,0 l/100 km.

Renault Kangoo foi um dos primeiros modelos do segmento com três lugares dianteiros

Quanto ao preço, a versão mais equipada, Driver, do Berlingo Van M, com motor 1.6 BlueHDi é proposta a partir de 23.500 euros, oferecendo um excelente compromisso entre dinâmica de condução, equipamento, soluções tecnológicas inovadoras no segmento e espaço de carga.

Todavia, a adoção de um capot mais elevado, com a atual assinatura visual da Citroën, obriga à adesão a um contrato de Via Verde para pagar Classe 1 nas autoestradas.

O Kangoo Express Maxi Business 1.5 dCi 110 cv está disponível a partir de 23.992 euros, um valor bastante competitivo, pois oferece mais volume de carga e uma capacidade superior de 200 kg.

Além disso, é sempre Classe 1. Por sua vez, o Pack X-Track custa 5.568 euros, o pneus de lama e neve 849 euros e o revestimento de borracha no compartimento de carga 86 euros.

Comparativo publicado originalmente na Turbo Comerciais 34 – julho / agosto de 2019