Baixa nas vendas da Tesla tem impacto na queda das ações

A reação do mercado aos resultados financeiros da Tesla tem sido muito negativa com o valor das ações a cair 9%, acompanhando a quebra das vendas de veículos elétricos, deixando os investidores desconfiados acerca da capacidade da empresa de dar volta à situação.

A Tesla viu o valor das ações caírem mais de 9% no segundo trimestre de 2025, acompanhando a diminuição das vendas de 13% para 384 122 unidades e da receita de 12% para 22,5 mil milhões de dólares.

A queda do valor das ações está igualmente relacionada com outros indicadores financeiros pouco favoráveis como a diminuição do lucro por ação ajustado para 0,40 dólares, a margem bruta ficou em 17,2%, superior às expectativas de 16,5% mas abaixo de 18%, enquanto o resultado operacional de 923 milhões de dólares ficou abaixo das estimativas de 1,23 mil milhões de dólares.

Para agravar a situação, o fluxo de caixa livre não foi além de 146 milhões de dólares, bastante abaixo dos 760 milhões de dólares previstos, o que pode ser atribuído a maiores despesas de capital relacionadas com novos projetos, incluindo novas plataformas de veículos e desenvolvimento de infraestruturas.

A diminuição do volume de vendas é consequência direta da escalada da concorrência por parte de fabricantes chineses como a BYD e a Geely, bem como os atrasos no lançamento de uma gama de modelos com preços mais acessíveis.

Desafios pela frente

Como resultado destes indicadores, os investidores estão a mostrar desconfiança relativamente aos desafios da Tesla no seu negócio principal de automóveis e esforços de diversificação estratégica.

Segundo a corretora XTB, os próximos meses serão um teste crucial para se perceber se a Tesla consegue traduzir as suas ambições tecnológicas em crescimento sustentado e consolidar a sua liderança no futuro do mercado dos veículos e das tecnologias emergentes, resistindo à ofensiva chinesa.

Se Elon Musk não conseguir convencer os investidores da sua visão, o valor das ações da empresa poderá manter a tendência de queda, já que as expetativas dos investidores estão muito elevadas em comparação com os seus concorrentes.

Entre as ameaças à Tesla, a XTB destaca os problemas distintos de procura que têm vindo a afetar o Model Y e o Cybertruck, assim como os riscos à reputação da marca devido às posições políticas de Elon Musk, que podem dissuadir certos segmentos de clientes, designadamente nos mercados europeu e americano.

Armazenamento de energia é aposta

Não obstante esta conjuntura desfavorável, a Tesla não só procura mitigar o impacto da queda nas vendas de automóveis, mas também a apostar cada vez mais no segmento de energia, que se está a tornar num pilar crítico das operações da empresa.

A Tesla implantou 9,6 GWh de capacidade de armazenamento de energia e alcançou novos recordes nesta área e alargou a sua rede de Superchargers para quase 3500 pontos novos, reforçando o ecossistema e o apoio ao cliente Testa. Esta iniciativa estratégica destaca o esforço conjunto da Tesla para diversificar suas fontes de receita.

A Tesla está igualmente a investir fortemente em tecnologias de condução autónoma e inteligência artificial. A empresa lançou um serviço piloto de Robotaxi em Austin e continua a melhorar o seu software de condução totalmente autónoma.

A Tesla também já anunciou o início da produção dos seus primeiros modelos de preço acessível, a qual deverá acelerar no segundo semestre. O objetivo consiste na inversão da tendência das vendas e a conquista de novos clientes.

Apesar de todos estes desafios, a posição financeira da Tesla é considerada sólida, graças a um saldo recorde de caixa e investimentos de 36,8 mil milhões de dólares, garantindo-lhe a a flexibilidade para prosseguir projetos dispendiosos e gerir os riscos macroeconómicos e de mercado.

Os investidores, no entanto, está cientes de que os desafios de curto prazo, como o fim dos créditos fiscais para veículos elétricos nos EUA e o aumento das tarifas sobre as matérias-primas, poderão afetar os resultados dos próximos trimestres.