Publicidade

Apollo GT. Recordamos aquele que ficou conhecido como o Ferrari americano

Texto: Carlos Moura
Data: 8 de Agosto, 2022

Os americanos já tiveram o seu próprio Ferrari na década de ‘60, o Apollo GT, que combinava um estilo europeu com uma mecânica norte-americana de base V8 e com 225 cv. Um desportivo que, no entanto, acabou sendo vítima do seu próprio sucesso…

Quando a indústria automóvel norte-americana olhava com alguma inveja para os automóveis desportivos europeus, três jovens amigos nascidos nas Terras do Tio Sam – Milt Brown, Ron Plescia e Ned Davis – decidiram que queriam fabricar um desportivo, que deveria combinar as qualidades da Buick (músculo e fiabilidade) com as linhas de marcas europeias como a Ferrari ou a Maserati.

Para o efeito criaram a sua própria marca de automóveis. Um dos investidores sugeriu que arrancassem com um modelo de entrada, mas Milt Brown não quis saber. Depois de ter visitado fábricas italianas de automóveis durante a sua lua de mel decidiu que iria fazer o Ferrari dos Estados Unidos.

Talvez seja por isso que o Apollo GT tenha um estilo muito semelhante aos modelos que naquela altura eram fabricados em Maranello.

Milt era engenheiro e durante algum tempo trabalhou como desenhador e piloto de ensaios do fabricante Emeryson. Isto fez com que fosse encarregado do desenho de uma carroçaria, a qual foi construída em Itália, 

Design italiano

Para o efeito foi contratada uma pequena empresa de Turim, a Intermeccanica, que, por sua vez, subcontratou os serviços de um carroçador e este. por seu lado, dividiu o trabalho entre vários artesãos individuais.

A componente mecânica escolhida era bem conhecida. Um motor V8 em alumínio fabricado pela Buick que desenvolvia uma potência de 225 cv, acoplado a uma transmissão Borg T-10 de quatro velocidades.

LEIA TAMBÉM
Um dos míticos granturismos. Maserati celebra os 55 anos do México

O Apollo GT associava um estilo europeu à facilidade de manutenção de uma mecânica norte-americana. Esta fórmula era muito semelhante à utilizada no Shelby Cobra e em alguns modelos fabricados na Europa como o Monteverdi High Speed 375S e o Bizzarrini Strada.

Mais tarde esta linha motriz receberia um outro V8, também da Buick, com uma potência aumentada até aos 250 cv.

Vítima do seu próprio sucesso

O Apollo GT acabou por ter sucesso, já que foi bem recebido pelo público e pela imprensa. Além disso, o concessionário Phill Hall Buick de Hollywood efetuou uma encomenda de 25 unidades, que permita assegurar a produção durante um ano. A linha de montagem do Ferrari dos Estados Unidos tinha uma capacidade limitada de duas unidades por mês.

Isto constituiu um problema porque o número de encomendas disparou e a empresa não tinha capacidade financeira para suportar os custos de produção nem de armazenamento de peças e componentes.

O Apollo GT começou por ser vendido por 6500 dólares (7400 dólares no caso do descapotável), um valor que naquela altura já era elevado, mas, mesmo assim, insuficiente para assegurar a rendibilidade deste modelo. A empresa decidiu. então, aumentar o preço para os 9000 dólares, mas já era tarde porque os resultados financeiros eram negativos e a dívida já ascendia a algumas centenas de milhares de dólares. 

A falta de financiamento teve como consequência a falência da empresa em 1965, altura em que tinham sido produzidas 88 unidades – a maioria coupés – e tudo indica que 55 conseguiram sobreviver até aos dias de hoje.