Antigo CEO da Nissan diz que empresa está “nas últimas”

Carlos Ghosn, antigo CEO da Nissan, afirma que a empresa está “numa situação desesperada” e que a crise profunda que enfrenta deve-se à má gestão e às decisões estratégicas falhadas.

Carlos Ghson, o antigo CEO da Nissan, Renault e da aliança entre as duas empresas, não perde uma oportunidade para fazer críticas ao construtor nipónico, e a mesma recente surgiu numa entrevista ao canal francês BFM TV.

Em declarações ao orgão de comunicação social gaulês, o antigo líder na Nissan voltou a não ser meigo nas palavras e afirmou que já esperava os problemas do construtor automóvel japonês: “Eu previ o declínio da Nissan e o desaparecimento da aliança”, declarou.

Ainda que seja verdade que a Nissan esteja a passar por uma fase complicada, o mesmo não se pode dizer quanto à segunda parte das declarações de Ghson. Importante relembrar que a aliança com a Renault ainda está ativa e que ainda recentemente foi revelada a primeira imagem do novo Micra, que partilha a base com o Renault 5.

Quanto ao que correu mal na Nissan, o antigo CEO atribui a razão diretamente à liderança da empresa: “As decisões foram demasiado lentas”, acrescentando que ‘a maioria dos problemas reside na direção’.

Além disso, também não se conteve e declarou que “a empresa está numa situação desesperada” e foi “forçada a pedir ajuda a um dos principais concorrentes no Japão”.

Esse concorrente é a Honda, com o qual a Nissan esteve em conversações sobre uma proposta de fusão entre as duas empresas. Contudo, importa recordar que as negociações fracassaram meses após o seu início, e por causa de quem manda.

Carlos Ghosn sempre foi (e continua a ser) muito vocal em relação à fusão das duas marcas, mas nunca foi a favor. Em agosto passado, disse à Automotive News que a Honda estava a planear “uma aquisição disfarçada” que a colocaria “no lugar do condutor”. E, verdade seja dita, apesar de muitas intrigas, não esteve errado quanto a isso, tendo o mesmo sido confirmado posteriormente.

Na entrevista à BFM TV, Ghosn disse que uma “super-empresa” resultante da fusão entre as duas marcas “não faria sentido”. O mesmo declarou que a Nissan se tornou “aborrecida e medíocre” e que está “no fundo do poço”, acrescentando que a atual aliança com a Renault é “pequena e frágil”.

Importante relembrar que Carlos Ghosn enfrenta acusações de utilização indevida de bens da empresa, branqueamento de capitais e corrupção. Acusações essas que o motivaram a fugir das autoridades japonesas num jato privado para o Líbano, onde continua atualmente refugiado.