Numa altura em que são vários os fabricantes automóveis chineses a entrarem na Europa, em Portugal, coube à Aiways tomar a dianteira, com a comercialização do U5. Um SUV 100% elétrico que, diga-se, vem justificar, em grande medida, os avisos à indústria automóvel europeia que têm sido feitos…
O enquadramento é, de resto, fácil de fazer: depois de uma fase inicial em que se limitavam a produzir componentes (baterias e chips, por exemplo…) para as marcas europeias, a par de algumas “cópias” pouco abonatórias de modelos destas, os fabricantes automóveis chineses decidiram dar o passo seguinte. Mais concretamente, passando a fazer produtos mais diferenciados mas, ainda assim, capazes de corresponder aos gostos europeus, com os quais, aproveitando igualmente a corrida desenfreada pela Mobilidade Elétrica, iniciaram uma ofensiva visando a sua implementação no seio da própria Europa.
Aliás e se dúvidas ainda existem, bastará recordar a quantidade de marcas chinesas que, hoje em dia, já marcam presença, não somente em alguns dos principais mercados do Velho Continente, como também em mercados mais periféricos, como é o caso de Portugal. Onde, uma ainda jovem start-up automóvel, fundada há apenas cinco anos (2017), em Xangai, com o nome Aiways, tornou-se na primeira marca chinesa a comercializar automóveis ligeiros de passageiros em solo luso, com aquele que é também o seu modelo de estreia – o SUV 100% elétrico de nome U5.
Posicionado como um crossover médio, fruto dos seus quase 4,7 m de comprimento, mas também de uma distância entre eixos que chega aos 2,8 m, este Aiways U5 destaca-se, desde logo, pela estética exterior vanguardista, de linhas fluídas complementadas por soluções estéticas que lhe garantem uma personalidade distinta. Como é o caso de uma frente sólida na qual sobressai uma assinatura luminosa futurista, reforçada pelas cada vez mais vulgares pegas das portas que se destacam da carroçaria, a par de umas não menos importantes jantes de dimensões generosas, neste caso, com 19 polegadas.
LEIA TAMBÉM
Mais meios na Europa. Aiways quer lançar um modelo novo todos os anos
Ainda no exterior, uma traseira arrebitada e de aspecto não menos sólido, em que, além de uma iluminação a toda a largura, surge ainda um portão de accionamento elétrico, a garantir um fácil e amplo acesso a uma bagageira com 432 litros de capacidade de carga inicial, mais 107 litros por baixo do piso falso, ou então 1.555 litros, já com as costas dos bancos traseiros rebatidas. Sendo que e como também já acontece noutras propostas elétricas, não falta sequer a chamada ‘frunk’, ou seja, um espaço de arrumação por baixo do capot dianteiro, neste caso com capacidade para mais 45 litros, e que mais parece feito de propósito para acomodar o saco com os cabos para carregamento da bateria…
Espaço, tecnologia… e alguns contrastes
Passando ao habitáculo deste Aiways U5, cujo acesso se mostra fácil e prático muito por culpa da ampla abertura das portas, a confirmação de um ambiente espaçoso e confortável, em que, até mesmo aspectos como a qualidade percepcionada, já não perdem assim tanto para os rivais generalistas europeus. E, isto, mesmo com alguns plásticos mais rijos e não tão convincentes, ou até mesmo um revestimento do (suposto) túnel de transmissão no chamado Piano Black, ou plástico preto brilhante, que, embora utilizado com o objectivo de elevar a qualidade percepcionada a bordo, acaba mostrando-se demasiado permeável a marcas dos dedos e até riscos.
Aliás, igualmente pouco convincente, pareceu-nos a película em plástico (pouco) transparente e bassa que reveste, tanto o generoso ecrã central táctil de 12,3”, cujo layout surge excessivamente antiquado, como o painel de instrumentos, construído segundo uma invulgar disposição tipo tríptico e de layout não menos conservador. E que, especialmente quando sujeito à luz do sol, perde muita da necessária transparência, piorando a funcionalidade de uma solução que, aliás, também só permite optar entre um dos três layouts disponibilizados, no ecrã ao centro.
A reforçar o conservadorismo, alguns dos poucos botões físicos existentes, como é o caso do botão rotativo colocado sobre a já referida consola entre bancos da frente e que serve para engrenar as várias opções da (suposta) caixa de velocidade. E a que se juntam mais alguns botões, ao mesmo tempo que, por baixo, encontramos uma enorme prateleira capaz de acomodar todos e quaisquer pertences – até porque porta-luvas é coisa que não existe, com a Aiways a propor apenas e como opcional, uma espécie de sacola, que vai encaixar nos dois pontos de fixação colocados à frente do passageiro e na parte inferior do tablier!…
Num habitáculo marcado, igualmente, por uma posição de condução, não apenas elevada e a procurar favorecer a visibilidade, como confortável, graças, em grande parte, a um banco de design algo invulgar e revestido a couro, elogios para aquele que é o terceiro ecrã à disposição dos ocupantes dos lugares da frente e que se destina a permitir operar o ar condicionado automático. Convencendo, ao contrário dos restantes, não apenas pelo aspecto dos materiais, como também pelo layout mais moderno… além de esconder um pequeno alçapão.
Ainda no domínio das tecnologias, mas da segurança, ativa e passiva, referência para uma oferta muito completa, com especial destaque para soluções como o Cruise Control Adaptativo com Manutenção Automática na Faixa de Rodagem, o Assistente de Estacionamento Automático, o Alerta de Tráfego na Traseira, o Avisador de Ângulo Morto, a Câmara 360°, o Alerta de Colisão Frontal, o Alerta de Desvio de Faixa e o Sistema de Reconhecimento de Sinais de Trânsito.
Finalmente, mas não menos importante, a referência, obrigatória, para a excelente habitabilidade nos lugares traseiros, onde não falta espaço para três adultos, tanto em largura, como para as respectivas pernas. Os quais só poderão queixar-se, quanto muito, das costas dos bancos excessivamente inclinadas para trás… tal como ficam demasiado na perpendicular, quando totalmente rebatidas no seguimento do piso da mala.
Com 204 cv e uma aceleração em 7,8s
Falando do sistema de propulsão escolhido para este U5, um só motor elétrico colocado sobre o eixo dianteiro e a garantir, por si só, uma potência máxima de 204 cv e um binário de 310 Nm. Argumentos que permitem a este SUV chinês acelerar dos 0 aos 100 km/h em qualquer coisa como 7,8s, assim como atingir uma velocidade máxima anunciada de 160 km/h.
Recorrendo a uma bateria de 63 kWh de capacidade bruta, a promessa de um consumo WLTP de 17 kWh/100 km, valor que nos pareceu bem mais real do que, por exemplo, os 505 km de autonomia WLTP anunciados para uma utilização exclusivamente em cidade, ou até mesmo os 400 km prometidos num trajecto combinado. Números que, nem mesmo o facto do Aiways U5 permitir optar entre três níveis de recuperação de energia, leva a crer que sejam possíveis de alcançar…
Já no momento de recarregar, as vantagens decorrentes de uma capacidade de carregamento, entre 20% e 80% da capacidade, através de um posto de carga rápida (DC) com potências até 90 kW, em apenas 35 minutos. Ou, então em 10 horas, se a necessidade for carregar a totalidade da capacidade da bateria (dos 0 aos 100%), através de uma tomada de 6,6 kW AC.
Desempenho agradável e convincente
Fazendo uso de todos estes atributos, mas também de um chassis fabricado em alumínio (52%) e aço (48%) e que promete ser, ao mesmo tempo, leve e resistente, além de tecnologias como os três modos de condução – Eco, Normal e Sport – seleccionáveis no volante e com respostas que fazem diferença entre si, a garantia, igualmente, de uma condução e comportamento capazes de satisfazer. Já que, mesmo sem mostrar grande ambições em termos de envolvência na condução, o U5 não deixa de assegurar um desempenho estável e fiável, que nem mesmo a direcção totalmente filtrada – mais até que o próprio pedal do travão… – consegue beliscar.
Invariavelmente salvaguardado, surge o conforto, inclusive, quando por pisos mais degradados, onde nem mesmo alguns ruídos parasitas que, por vezes, escapam do habitáculo, conseguem beliscar o posicionamento assumidamente familiar deste Aiways U5. Cujo condutor não deixará, ainda assim, de poder fazer alguns brilharetes, nomeadamente, junto dos restantes ocupantes, graças à resposta mais enérgica do trem de força ao acelerador.
Aliás, esta postura mais… abrangente, faz-se notar, desde logo, no próprio preço deste Aiways U5, que, disponível em Portugal com uma só versão -muito completa, por sinal… -, é proposto pelo preço de 46 728 Euros, ou 30 990 Euros sem IVA. Valores que, a juntar aos 5 anos de garantia geral ou 150.000 km, e aos 8 anos/150.000 km para as baterias e motor elétrico, entre outras garantias, acabam ajudando a colocar este SUV chinês na mira de muitos potenciais compradores.
Aiways U5
Preço 46 728 € (30 990 € sem IVA)
Motor Elétrico
Bateria 63 kWh
Potência 204 cv (150 KW)
Binário Max. 310 Nm
Transmissão Dianteira, Autom. 1 vel.
Comp/Larg/Alt. 4,68/1,86/1,70 m
Distancia entre eixos 2,80 m
Bagageira (litros) 432 – 1555 + 45 l à frente
Peso 1770 kg
Acel. 0-100 km/h 7,8 seg.
Vel. Max. 160 km/h
Consumo (kWh/100 Km WLTP) 17* (17)
Autonomia (circuito combinado WLTP) 400 km
Carregamento 35 min (20% – 80% 90 kW DC) ou 10 horas (0% – 100% 6,6 kW AC)
* Medições TURBO
GOSTÁMOS
– Habitabilidade
– Consumos
– Conforto
NÃO GOSTÁMOS
– Painel de instrumentos
– Direcção
– Inexistência de porta-luvas