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E-Call entra em vigor no próximo mês

Texto: Nuno Fatela
Data: 16 de Março, 2018

É já no dia 1 de abril que os fabricantes vão ter de instalar, obrigatoriamente, o sistema de chamadas de emergência em todos os novos modelos lançados. Veja agora as principais características, benefícios e dúvidas sobre o E-Call.

Após um adiamento de dois anos, o sistema de chamadas automáticas de emergência em caso de acidente, o E-Call, entra em vigor para os automóveis que sejam lançados no espaço europeu a partir do próximo mês. O sistema define-se, resumidamente, por uma ligação direta entre o condutor e a sua marca caso seja registado um acidente com o automóvel, por exemplo quando o airbag é despoletado. Estes operadores depois comunicam com os serviços de emergência, para que possam socorrer os acidentados. Além disso, o E-Call também tem outras valências, servindo para comunicar diretamente com a marca (potenciando o apoio com navegação e outros serviços) e ainda para que os fabricantes recebam indicações sobre avarias ou reparações que sejam necessárias o veículo.

O E-Call entra em vigor a 1 de abril de 2018, tornando-se obrigatório para todos os novos modelos lançados após esta data.
Ele estava previsto para 2016, mas foi adiado dois anos pelo Parlamento Europeu, para resolver questões relacionadas com proteção e passagem dos dados, entre outras.
Para os condutores, ele significa a inclusão de um novo equipamento, habitualmente junto do retrovisor central, que conta com sistema de comunicação por voz.
A principal utilidade do sistema será o apoio em caso de acidente. Ele consegue recorrer à geolocalização para que os serviços de emergência saibam com precisão qual é o local da ocorrência.
Ele conta ainda com um sistema de comunicação, facilitando a passagem de informações para os operadores se for necessário.
Isto pode ajudar a reduzir a ansiedade de acidentados, reduzindo o perigo de entrarem em pânico, e ajudá-los a manter-se acordados, se isso for importante.
A ativação do E-Call acontece através dos sensores específicos do carro. Um dos exemplos é a despoletação do airbag.
Normalmente o E-Call não tem apenas o botão de emergência, pois outros comandos servem para operadores das marcas ajudarem com sistemas de navegação e outros serviços
Também ajuda a informar os proprietários de avarias ou reparações necessárias para os automóveis.
Este é, no entanto, um ponto polémico. Os reparadores independentes consideram que pelo facto da informação ser enviada diretamente para as marcas, isso os coloca numa situação de desvantagem.
Existem já regras estabelecidas, com obrigações e condições próprias, para que as marcas forneçam as informações a entidades reconhecidas e credenciadas
Existem soluções, como um aparelho instalado na ficha de diagnóstico do veículo (OBD) para que o condutor possa recolher a informação da viatura
Esta imagem mostra o percurso da informação desde que o E-Call é automaticamente acionado no automóvel até que chegue aos serviços de emergência

A ideia deste contacto direto de emergência não é, efetivamente, novo. Por exemplo a General Motors tem um sistema específico de E-Call, designado OnStar, que foi lançado nos Estados Unidos em 1996 e superou há dois anos o total de mil milhões de interações. E a sua importância já foi comprovada ainda antes da introdução de soluções de geolocalização. Quando foi o lançamento na Europa, com sede perto de Londres, foi apresentada uma história passada com o sistema que está disponível nos Opel e Vauxhall e que mostra a sua eficácia.

Tratou-se do contacto com uma pessoa que se tinha despistado e saído de estrada, dificultando a chegada ao local do acidente. Como a pessoa conseguia ver as luzes e ouvia as sirenes dos bombeiros foi falando com o operador de E-Call para que este fornecesse a sua localização precisa aos serviços de emergência. Um exemplo prático da importância que este equipamento pode ter para acelerar o socorro em caso de sinistros rodoviários. Outro exemplo da sua importância foi com um condutor retirado do seu veículo por um ladrão. Após contatar a polícia, ela recorreu ao apoio dos operadores e, já com base no sistema de geolocalização, descobriu onde estava o criminoso e o automóvel.

 

Existem, no entanto, algumas questões ainda polémicas sobre o E-Call, como o acesso aos dados. Esse foi, aliás, um dos motivos para o atraso da entrada em vigor, devido à forma como os fabricantes ficam com vantagens a outras entidades, como reparadores independentes. Algo que obrigou a encontrar um padrão, com condições e obrigações específicas, de forma a garantir que essas empresas conseguem ter acesso aos dados. Uma situação que, no entanto, não está ainda totalmente resolvida.

 

Mais informações sobre a entrada em vigor do E-Call podem ser encontradas na Revista Turbo 439, que na próxima segunda-feira estará nas bancas.

 

Explicação adicional: O e-Call não será obrigatório em todos os automóveis vendidos a partir de 1 de abril de 2018. Mas o sistema  tem de surgir, sem falta, nos modelos homologados após essa data. Ou seja, tanto nos novos modelos lançados, novas gerações de modelos atuais ou ainda aqueles que sejam alvo de restyling.