MAN Truck & Bus com aposta tripla para a descarbonização

No roteiro para a descarbonização do transporte, a oferta da MAN vai assentar em três soluções: elétrica a bateria, com MAN eTGX e eTGS, hidrogénio, com hTGX e diesel, com a nova geração Power Lion.

No âmbito da estratégia para a descarbonização do transporte rodoviário, a MAN Truck & Bus aposta numa oferta tripla que permita responder às necessidades dos clientes: diesel, elétrico e hidrogénio. Os Alpes austríacos foram o cenário escolhido pelo construtor de Munique para fazer uma demonstração das suas diferentes soluções.

A estrela principal era indiscutivelmente o MAN eTruck, que vai passar a estar disponível em mais de um milhão de configurações, graças ao seu conceito modular de bateria, distâncias entre-eixos, cabinas, tomadas de força.

A MAN acredita que metade dos seus camiões matriculados até 2030 serão elétricos e para o efeito tem vindo a reforçar a gama. Entretanto, a marca reivindica que se está a registar uma forte procura para o novo eTruck, tendo sido recebidas mais de 2000 encomendas para o MAN eTGX e eTGS. A primeira série está quase esgotada e muitos dos pedidos em carteira são referentes a veículos que serão produzidos em série na fábrica de Munique, a partir de 2025.

Com até nove distâncias entre-eixos diferentes, seis versões de cabina, várias opções de potência, combinações de bateria, localizações da tomada de carregamento, eixos fixos e direcionais, suspensão mecânica ou pneumática, assim como programas de condução desenvolvidos especificamente para cada aplicação, o MAN eTGX e o eTGS podem ser configurados em função das necessidades de cada operador.

Bateria pode durar 15 anos

Um dos entraves à adoção de veículos elétricos está relacionado com a longevidade da bateria, mas neste capítulo a MAN Truck & Bus afirma que a duração expectável seja de 1,6 milhões de quilómetros ou até 15 anos, dependendo do tipo de aplicação.

Com opções de bateria de três, quatro, cinco ou seis packs, que podem ser instalados em vários locais no chassis, o MAN eTGX e eTGS oferece uma ainda maior flexibilidade, graças à disponibilização de três níveis de potência: 333 cv, 449 cv e 544 cv. Isto permite disponibilizar veículos de recolha de resíduos com colector traseiro ou lateral, plataformas elevatórias para contentores ou para veículos, básculas trilaterais e gruas para transporte de materiais de construção, veículos de limpeza de neves, entre outros.

A MAN refere que o design compacto dos módulos da bateria permite a disponibilização de tractores com quinta roda mais baixa e semirreboques de elevado volume, independentemente da baixa altura do chassis e da reduzida distância entre-eixos.

Autonomia de até 800 quilómetros

Igualmente importante para o operador é a autonomia do MAN eTruck. A marca alemã reivindica que o alcance do MAN eTGX e eTGS pode chegar aos 500 quilómetros nos rígidos e aos 800 quilómetros nos conjuntos combinados tractor e semirreboque.

As baterias podem receber carregamentos com potências até 375 kW utilizando tomadas com padrão convencional CCS, mas a MAN também vai disponibilizar a possibilidade de carregamento até um megawatt, com recurso ao novo padrão MCS, que garante cargas intermédias mais rápidas durante as pausas de condução. A partir de outubro, será possível carregar a uma potência até 750 kW e mais tarde a capacidade poderá aumentar para um megawatt.

Para facilitar as operações de carregamento, os camiões elétricos da MAN podem dispor de duas tomadas de carregamento, que podem ser combinadas e instaladas no lado esquerdo e direito atrás do arco da roda dianteira ou na parte traseira do lado direito do chassis. 

Para auxiliar os clientes na transição energética, a marca alemã lançou um serviço de apoio, denominado eMobility Consulting, que no seu aconselhamento leva em conta a análise da utilização do veículo e as exigências ao nível da infraestrutura de carregamento.

As próprias estações de carregamento também fazem parte da oferta da MAN, graças a acordos com fornecedores dos equipamentos. À semelhança dos camiões convencionais diesel, a MAN também disponibiliza contratos de serviço e soluções de financiamento para camiões elétricos.

Combustão a hidrogénio

No roteiro para a transição energética, a MAN Truck & Bus considera que existem várias soluções possíveis, sendo uma delas o hidrogénio, seja com recurso à tecnologia da pilha de combustível (fuel-cell), seja a combustão. Na Áustria, o fabricante de Munique apresentou o protótipo de um camião com motor de combustão interna a hidrogénio, o MAN hTGX, que será será produzido numa pequena série de 200 veículos, a partir de 2025, que se destinam a clientes na Alemanha, Países Baixos, Noruega, Islândia.

O motor de combustão a hidrogénio H5 é baseado no conhecido bloco diesel D38 da MAN, sendo produzido na fábrica de motores e baterias de Nuremberga, na Alemanha. A utilização de tecnologia familiar permite à marca entrar no mercado numa fase inicial e proporciona o ímpeto necessário para o arranque da infraestrutura de hidrogénio.

A MAN refere que o sistema de propulsão a hidrogénio é indicado para aplicações que exijam uma configuração especial de eixos ou onde não exista espaço para a carroçaria no chassis devido a uma determinada carroçaria.

O MAN hTGX oferece uma elevada capacidade de carga e uma autonomia de até 600 quilómetros na sua oferta inicial assentará nas configurações 6x2 e 6x4. O motor de combustão a hidrogénio desenvolve uma potência de 520 cv e um binário de 2500 Nm entre as 900 e as 1300 rpm. A injeção direta do hidrogénio no motor proporciona uma entrega rápida de potência.

Com hidrogénio comprimido a 700 bar (CG H2) e um depósito com capacidade de 56 quilos, o veículo pode ser abastecido em menos de 15 minutos. As emissões inferiores a 1g de CO2/km permitem ao MAN hTGX cumprir o critério de “veículo emissões zero” ao abrigo da legislação planeada da União Europeia para emissões de dióxido de carbono.

Além de motores de combustão a hidrogénio, a MAN também está a trabalhar na tecnologia da pilha de combustível alimentada por hidrogénio.

Novo diesel Power Lion

Com o objetivo de responder à procura que continua a existir de camiões com motores de combustão, a MAN vai introduzir a nova cadeia cinemática Power Lion nos tractores MAN TGX e TGS.

Como base é utilizado um bloco de origem Scania que foi desenvolvido especificamente para a MAN, o qual oferece uma redução no consumo de combustível, e estará associado a uma caixa automática.MAN TipMatic de 14 velocidades. O novo motor D30 virá substituir os blocos D26 e D15, sendo proposto em níveis de potência de 380 cv a 560 cv e binários de 2100 Nm a 2800 Nm.

A combinação do sistema de injecção direta por rampa comum “common rail” XPI com uma pressão até 1800 bar e dez orifícios de injeção com uma sobrealimentação otimizada através de geometrias variáveis garante a obtenção de uma elevada eficiência, que a marca reclama ser superior a 50%.

O novo motor possui um sistema de pós-tratamento dos gases de escape por SCR (redução catalítica seletiva) e está associado a um travão-motor com potência de retenção até 355 kW e um retarder com capacidade de travagem até 3700 Nm.

O interior recebe um novo painel de instrumentos de 12,3” com design de agulha. A sequência de arranque oferece a informação necessária mais relevante sem ligar a ignição. A cabina recebe ainda novas combinações de revestimentos e acabamentos.

Os novos camiões da MAN contam com os mais avançados sistemas de assistência à condução, destacando-se a deteção de peões e ciclistas, reconhecimento dos sismais de trânsito, travagem de emergência, assistente de ângulo morto e assistente de curva, entre outros.