BMW iX3 – o início de uma nova era

O mais eletrificado e mais digital BMW de sempre – é assim que a marca bávara apresenta o novo iX3 que estreia uma plataforma inédita, novos motores e uma nova bateria que permite uma autonomia anunciada a ultrapassar os 800 km. Chega a Portugal em março de 2026 (72 900€).

O iX3 é o primeiro modelo da denominada Neue Klasse que os responsáveis da BMW definem como a reinvenção da marca. E a razão é simples. A Neue Klasse – estarão alguns recordados – foi a série de automóveis que “deu a volta” à BMW, no início dos anos 60 do século passado, com o lançamento de modelos lendários como os 1602 ou 2002, responsáveis pela afirmação da BMW como referência entre os construtores premium.

A recuperação da designação acarreta pesadas responsabilidades que os dirigentes da BMW assumem mas, sobretudo, traduz o cariz revolucionário e o papel que está reservado para este projeto que comporta uma plataforma inteiramente nova, projetada para a era da eletrificação, motores mais económicos e baterias 20% mais eficientes, além de elevar a digitalização a um patamar nunca antes atingido, por via do recurso de quatro supercomputadores que gerem de forma integrada o desempenho dinâmico (do amortecimento da suspensão, à resposta ao acelerador, passando pela direção e pela travagem), a conectividade e os serviços da bordo, com o Sistema Operativo X a revelar-se, segundo a marca, 20 vezes mais eficaz na capacidade de resposta.

Mais do que um automóvel inteiramente novo (do anterior apenas sobra a designação) o iX3 é, em muitos aspetos inovador, pelo menos naquilo que reclamam os números e as funcionalidades anunciadas (ainda não o conduzimos). A provar isso mesmo está o facto de a plataforma tecnológica ser a mesma que irá ser utilizada pelos cerca de 40 novos modelos que a BMW se prepara para apresentar até 2027 e que formarão, então, a designada Neue Klasse.

Não por acaso, ou para sublinhar o início de uma nova era para a BMW também a aparência deste SUV com 4,78 metros de comprimento e 2,9 metros de distancia entre eixos (mais 32 mm que o modelo atual) foi totalmente revista, sobretudo ao nível da frente onde se destaca a interpretação tridimensional do duplo rim que adota uma posição mais vertical na grelha. Novas são igualmente as óticas, que criam a nova assinatura luminosa da marca, enquanto a aparência “musculada” que define um SUV é reforçada pelos arcos sobre os guarda-lamas e pelas rodas de maior diâmetro (20 a 22 polegadas)

Revolução digital

Se exteriormente podemos definir o novo iX3 como uma evolução lógica do modelo atual, já o interior marca uma absoluta revolução ao utilizar revestimentos com mais de 30% de materiais reciclados, que não prescindem, ainda assim, do toque premium que define a BMW. O espaço é amplo, graças à ausência de constrangimentos (o fundo é totalmente plano), ainda que o acesso seja alto, os bancos bem como a posição de condução encarnam o espírito BMW, com toda a instrumentação disposta em anfiteatro, voltada para o condutor mas o que imediatamente salta à vista é o novo tablier flutuante (Panoramic iDrive) que cria a sensação de estarmos a bordo de um automóvel concebido para um filme futurista.

A revolução também se expressa ao nível da digitalização. Salta à vista, como dissemos, o tablier inteiramente novo mas, também, o ecrã central de 17,9 polegadas que aloja grande parte das funcionalidades (as inerentes à condução surgem num display em frente ao condutor e no novo head-up display tridimensional). O “coração” do sistema é, porém, o novo Sistema Operativo X com diversos recursos de Inteligência Artificial que permitem potenciar a quantidade de serviços colocados à disposição de todos os que viajam a bordo: desde o assistente virtual BMW, a um conjunto vasto de apps cuja gestão integrada está a cargo de um dos quatro supercomputadores e foi desenvolvida numa parceria entre a BMW e a empresa portuguesa Critical Techworks. De acordo com a BMW, a referida gestão integrada de todos os sistemas através de quatro computadores de elevada potência permitiu uma resposta até 20 vezes mais rápida dos principais sistemas e a redução em 600 metros das cablagens a bordo.

Até 805 km de autonomia

Como dissemos, o BMW iX3 estreia a plataforma que servirá nada menos que 40 modelos no futuro (de SUV a berlinas familiares e, até, desportivos), facto que traduz a sua versatilidade e, consequentemente, o grande apuro tecnológico, podendo a distância entre eixos, o comprimento e a largura de vias variar consoante as necessidades. Diferente poderá ser, também, o tipo de suspensão (multilink na traseira, com um inédito sistema de cinco braços, no caso do iX3) e de tração, por exemplo, mas em comum subsistem pontos importantes como o facto de a bateria ser parte integrante da estrutura.

Neste caso é estreada uma unidade com 108,7 kWh de capacidade, desenvolvida especificamente para a Neue Klasse. Face à anterior geração de baterias destaca-se o formato cilíndrico de cada uma das células (cuja composição química foi alterada, oferecendo mais 20% de densidade energética), o que permite uma melhor refrigeração das mesmas como a contenção do peso.

Novos são, também os motores (uma em cada eixo), com a potência a chegar aos 469 cv (345 kWh) mais eficientes (menos 40% de perdas energética face a anterior geração, segundo a BMW) e com uma maior capacidade de resposta. O consumo anunciado para o iX3 varia entre os 17,9 e os 15,1 kWh, o que permite à BMW anunciar uma autonomia (WLTP) de até 805 km para aquela que será a primeira versão do iX3 a chegar ao mercado, em março do próximo ano (surgirão, progressivamente) versões com baterias mais pequenas e apenas um motor, para uma versão de entrada na gama).

Não menos importante, o primeiro modelo da Neue Klasse estreia, também uma arquitetura de 800 V que tem como vantagem uma gestão mais eficiente de todo o sistema, nomeadamente ao nível do tempo de carregamento que num posto de 400 kW de potência permite carregar em 10 minutos energia suficiente para percorrer 372 km.

A eficiência energética, a par do desempenho dinâmico tradicional da BMW foram, segundo a marca, preocupações centrais subjacentes à definição da Neue Klasse, tal como a redução dos custos (menos 20%) e do impacto ambiental, neste caso como resultado da utilização em larga escala de materiais reciclados (e recicláveis), bem como do facto de a fábrica na Hungria onde o iX3 é produzido não utilizar combustíveis fósseis.