A medida insere-se no pacote europeu de segurança rodoviária que prevê a introdução de oito novos sistemas obrigatórios, com o objetivo de evitar até 25.000 mortes e mais de 140.000 feridos graves nas estradas ao longo das próximas duas décadas, contribuindo para a meta de “zero vítimas” até 2050.
Desde julho de 2022, todos os automóveis novos comercializados na União Europeia são obrigados a integrar o Event Data Recorder (EDR), conhecido como “caixa negra”, um dispositivo semelhante aos utilizados na aviação que regista dados cruciais antes e depois de um acidente.
O que é o EDR e como funciona
O Event Data Recorder recolhe automaticamente informação nos 30 segundos anteriores e nos 5 segundos posteriores a um acidente, registando variáveis como a velocidade do veículo, aceleração e desaceleração, ângulo de direção e velocidade angular, uso dos travões, pressão no acelerador e rotações do motor, ativação dos airbags e dos pré-tensores dos cintos, utilização dos cintos de segurança, dimensões dos ocupantes, impacto e aceleração longitudinal. Todos os dados são anónimos e apenas ficam armazenados em situações específicas, sendo usados sobretudo para apurar causas e responsabilidades em caso de sinistro.
O equipamento é instalado debaixo do banco do condutor, aparafusado ao chassis, e apresenta dimensões semelhantes às de uma bateria portátil. É fabricado em aço para resistir a impactos fortes e está ligado ao sistema de airbags e à rede de dados do habitáculo. Ao contrário das caixas negras da aviação, este dispositivo não grava imagens nem áudio, limitando-se à recolha de dados técnicos de condução e segurança.
Os oito novos sistemas obrigatórios nos automóveis da UE
Além da investigação de acidentes, a informação recolhida pelo EDR poderá também servir para que os fabricantes de automóveis melhorem a eficiência dos sistemas de segurança, desenvolvendo veículos mais seguros no futuro. Este dispositivo é apenas um dos oito sistemas obrigatórios nos novos modelos de automóveis na União Europeia, a par da assistência inteligente à velocidade, da travagem autónoma de emergência, do sistema de manutenção na faixa de rodagem, do alerta de atenção e fadiga do condutor, da câmara de marcha-atrás ou deteção de obstáculos, do aviso de cinto de segurança em todas as posições e da pré-instalação para bloqueio do veículo com base em alcoolímetro.
Com estas medidas, a União Europeia reforça a sua aposta na redução da sinistralidade rodoviária e na proteção de condutores, passageiros e peões, dando mais um passo no caminho para estradas sem vítimas mortais.