Portugal pode vir a ter fábrica de automóveis da chinesa BYD

O embaixador da China em Portugal, Zhao Bentang, revelou na conferência CNN Portugal Summit, que vários fabricantes chineses demonstram interesse em instalar fábricas em território português, a começar pela fase de montagem “assembling”.

Esta iniciativa insere-se num esforço mais amplo de Pequim para reforçar as relações com a Europa. Os veículos elétricos chineses são frequentemente apontados como a opção mais acessível no mercado, mas, segundo Zhao, a ambição da China vai além da simples venda. O país pretende apostar no fortalecimento do mercado interno e, ao mesmo tempo, fomentar a cooperação e o investimento com parceiros internacionais, especialmente na Europa.

Portugal surge como um destino atrativo para essa estratégia, com empresas chinesas — como a BYD — a considerar seriamente investir no país. “Sou otimista”, afirmou o embaixador, sublinhando que já existem ideias concretas nesse sentido. No entanto, alertou para a importância do apoio institucional para que esses projetos avancem.

Zhao Bentang destacou ainda que a China ocupa uma posição de destaque na indústria global dos carros elétricos. Rejeita, contudo, a ideia de que o país se limite a oferecer apenas opções de baixo custo. “A China tem empresas com produtos de diferentes níveis de qualidade, desde modelos mais acessíveis até veículos elétricos de alta gama. Por isso, é natural que exporte modelos mais económicos para países em desenvolvimento”, explicou.

As tarifas impostas pelos Estados Unidos são uma fonte de preocupação para Pequim. Ainda assim, Zhao reiterou que o principal foco da China continua a ser o fortalecimento do seu mercado doméstico. Ao mesmo tempo, reconheceu os impactos da guerra comercial a nível global e defendeu o diálogo como solução.

“Queremos enfrentar este novo desafio. No dia 12 de maio, por exemplo, em Genebra, EUA e China emitiram uma declaração conjunta com o objetivo de reduzir tarifas”, recordou. Para o diplomata, “a guerra de tarifas já não alcança os seus objetivos e tende a ajustar-se com o tempo”. E deixou um alerta: “Para países mais pequenos, isto pode ser extremamente perigoso.”