Jovem piloto suíça candidata-se à presidência da FIA

Caso seja eleita, a empresária Laura Villars será a primeira mulher a liderar a entidade em mais de sessenta anos de Fórmula 1, um marco inédito num desporto historicamente dominado por homens. “Tenho plena consciência de que tenho apenas 28 anos. Mas se todos esperássemos pelo momento certo, nada seria feito”, afirmou.

Uma disputa histórica

Villars concorre contra o atual presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, dos Emirados Árabes Unidos, e contra Tim Mayer, ex-comissário da FIA, dos Estados Unidos. Com uma trajetória que cruza pistas e negócios, a candidata defende que a sua juventude e experiência prática lhe dão vantagem. “Talvez eu não tenha 40 anos de carreira, mas tenho experiência real na prática, a energia da minha geração e verdadeira independência. Mais importante ainda, sei como me rodear das pessoas certas.”

Segundo o artigo publicado pela Forbes Brasil, a candidatura da jovem suíça tem ganho repercussão global. Villars mostrou-se especialmente surpreendida com a onda de apoio recebida no Brasil. “Fiquei muito surpresa e feliz com o apoio do Brasil.”

Determinada, garantiu que a sua equipa vai lutar até ao fim: “Estamos a trabalhar arduamente e queremos vencer. Vamos dar tudo até ao fim para ganhar e provar que uma mulher jovem também pode vencer, mesmo que só homens mais velhos normalmente disputem o cargo.”

Regras da candidatura

Para se candidatar à presidência da FIA, é necessário apresentar uma equipa completa, composta por presidente, dois vice-presidentes (um para o desporto e outro para a mobilidade), um presidente do Senado da FIA (responsável por finanças e gestão) e sete vice-presidentes representando todos os continentes. Além disso, cada candidatura precisa do apoio formal de, pelo menos, 18 clubes filiados em diferentes países.

A votação decorre na assembleia geral da FIA, no dia 12 de dezembro, com os clubes associados a escolherem o novo presidente. As candidaturas devem ser registadas entre 3 e 24 de outubro. Com a inscrição oficializada, Villars torna-se a primeira mulher a disputar o cargo.

Propostas da candidata

Entre as principais propostas, Villars defende a meta de atingir zero mortes no automobilismo até 2035. Quer ainda reforçar programas de inclusão como o Girls on Track e a Young Leaders Academy, que incentivam a participação de jovens e mulheres no desporto. “Quero aumentar os fundos de apoio e permitir que, todos os anos, pelo menos 25 talentos de qualquer parte do mundo tenham oportunidade de treinar.”

Outro ponto central é dar maior voz a clubes e equipas menores, sobretudo em África e na Ásia, regiões que, segundo a candidata, são frequentemente marginalizadas nas decisões da federação. “Mesmo os clubes menores devem ter a capacidade de conversar diretamente com a presidência. Quero ouvir todos e, se possível, reduzir taxas de filiação para que tenham mais condições de participar.”

Villars reconhece que pode não vencer desta vez, mas reforça o simbolismo da sua candidatura: “Mesmo que talvez desta vez eu não vença, quero mostrar que somos capazes de quebrar barreiras. Espero abrir o caminho para que outras tentem na próxima vez. Por que não uma presidente mulher?”

Quem é Laura Villars?

A paixão de Villars pelo automobilismo começou aos 14 anos, incentivada pelo pai. Apesar de desejar seguir carreira como piloto, os pais insistiram para que priorizasse os estudos. Licenciada em administração de empresas, fundou duas companhias de sucesso: a Starimmobilier SA, especializada em projetos imobiliários, e a LSVM Group SA, dedicada ao comércio de artigos de luxo.

Em paralelo, continuou ligada às corridas. Em 2023, decidiu regressar em pleno às competições, participando em diversas séries internacionais de carros desportivos. “Para mim, todas as corridas são uma vitória quando no final aprendi algo”, disse.

Na sua primeira temporada completa na Ultimate Cup Series F3R, terminou em quinto lugar, e atualmente compete na Ligier European Series JS P4, campeonato com carros exclusivos da marca francesa Ligier.