GUERRA IMINENTE
Ainda em 1937, um estudo de mercado realizado pela Citroën mostrou que a marca tinha uma necessidade absoluta de diversificar a sua oferta. Cerca de 90% dos clientes que compravam um automóvel optavam pela aquisição de um modelo em segunda mão, com um preço na casa dos 10 mil francos franceses, menos de metade do preço de um “Traction” 11 cv novo. Por isso, a marca apostou na criação de uma proposta de baixo custo de caráter popular. Foi assim que nasceu a ideia do 2 CV: “quatro rodas sob um chapéu de chuva, um veículo económico capaz de transportar 4 pessoas e 50 kg de bagagem”, como dizia o caderno de encargos.
O projeto foi desenvolvido apesar da ameaça de guerra iminente e, ao mesmo tempo, a Citroën apresentou em Março de 1939 o “Traction” 15 com um motor de seis cilindros com 3.0 litros de cilindrada, capaz de rivalizar com a concorrência da Renault e da Ford. Conforto e estabilidade foram atributos que valeram elogios a um automóvel capaz de atingir os 135 km/h. Custava 36 300 francos, mas em Maio de 1940 a Alemanha invadiu a França e só foram produzidas duas mil unidades.
A fábrica do Quai de Javel foi bombardeada antes dos alemães chegarem a Paris em junho e tomarem conta das unidades industriais. Os responsáveis da Citroën desmontaram e esconderam o projeto do 2 Cv que só viria a ver a luz do dia no final do conflito, mas a fábrica passou a responder ao esforço de guerra nazi. Em 1942 apenas foram produzidos 9319 veículos, numa fábrica que passou a ser bombardeada, desta vez pelos Aliados, na preparação para o Desembarque na Normandia (junho de 1944), numa altura em que a sua produção se centrava nos camiões Type 45 G a gasogénio. A libertação de Paris teve lugar em agosto.