Vendas de automóveis novos na Europa caem em junho

As vendas de automóveis novos na Europa registaram uma quebra de 5,1% em junho de 2025, face ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados divulgados esta semana pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA).

No total, foram matriculados cerca de 1,24 milhões de veículos na União Europeia, Reino Unido e países da Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), refletindo os múltiplos desafios que afetam atualmente o setor automóvel.

Concorrência Chinesa e Pressões Regulatórias Aumentam

Este abrandamento acontece num contexto de forte concorrência por parte de marcas chinesas emergentes, tarifas de importação mais elevadas nos Estados Unidos (25%) e uma crescente pressão regulatória interna, destinada a acelerar a transição para veículos com baixas ou zero emissões.

Tesla em Queda: Vendas Caem 22,9% na Europa

A Tesla, uma das líderes globais na mobilidade elétrica, viu as suas vendas na Europa caírem 22,9% em relação a junho de 2024, perdendo quota de mercado pelo sexto mês consecutivo — passando de 3,4% para 2,8%. Esta queda contrasta com o crescimento generalizado do segmento elétrico no continente.

Gigantes Europeus Também Sofrem Recuos nas Vendas

As quatro maiores marcas por volume na Europa — Volkswagen, Stellantis, Renault e Hyundai — também registaram quebras nas suas vendas, como se pode ver no seguinte gráfico.

Apesar da queda generalizada no mercado, as vendas de veículos eletrificados continuaram a subir. Na União Europeia, os registos de carros totalmente elétricos (BEV), híbridos elétricos (HEV) e híbridos plug-in (PHEV) cresceram 7,8%, 41,6% e 6,1%, respetivamente. No seu conjunto, estes modelos representaram 59,8% das novas matrículas de automóveis de passageiros em junho, face a 50% no período homólogo de 2024 — uma indicação clara da transformação em curso no mercado automóvel europeu.

Marcas Chinesas Ganham Espaço no Mercado Europeu

No entanto, as marcas chinesas estão a ganhar terreno. A quota de mercado de marcas não discriminadas individualmente pela ACEA — onde se incluem fabricantes como a BYD, MG (SAIC) e NIO — mais do que duplicou, atingindo os 4,5%, refletindo uma crescente aceitação junto dos consumidores europeus.

Em termos de grandes mercados, as quedas mais acentuadas verificaram-se na Alemanha (-13,8%), Itália (-17,4%) e França (-6,7%), enquanto o Reino Unido (+6,7%) e Espanha (+15,2%) registaram aumentos nas vendas.

Os construtores europeus, já pressionados por margens cada vez mais estreitas, enfrentam dificuldades acrescidas para conciliar os elevados custos de desenvolvimento de tecnologias limpas com a crescente competição de preços, especialmente por parte de fabricantes asiáticos. Vários grupos automóveis reportaram prejuízos de vários milhares de milhões de euros no primeiro semestre e emitiram alertas de lucros para o restante do ano.

Mudança de Paradigma: Novas Marcas Ganham Protagonismo

“Enquanto os condutores clamam por carros mais limpos e mais acessíveis, novas marcas dinâmicas estão a surgir para preencher o vazio deixado por alguns fabricantes tradicionais, que têm sido demasiado lentos a responder às expectativas dos consumidores.” Comentou Ben Nelmes, fundador da New AutoMotive, uma empresa britânica de análise de dados do setor elétrico.

A tendência aponta para uma aceleração da transformação do setor, com os fabricantes históricos a serem desafiados não só por novas tecnologias, mas também por modelos de negócio mais ágeis e adaptados às exigências ambientais e económicas da nova era da mobilidade.