BMW recua no design após quebra nas vendas na China

A BMW vai abandonar as polémicas grelhas gigantes que desenhou a pensar no mercado chinês. Após anos de críticas no Ocidente mas boas vendas na Ásia, a quebra de mais de 15% nas vendas na China em 2025 leva a marca a regressar a frentes mais clássicas com a nova linha elétrica Neue Klasse.

O fabricante bávaro vai reduzir o tamanho das grelhas dianteiras na sua próxima geração de modelos elétricos Neue Klasse, após anos a apostar num design ousado que dividiu opiniões no ocidente, mas que agradava ao mercado chinês. A mudança surge depois de as vendas da marca na China — o seu maior mercado — terem caído mais de 15% em 2025, pressionadas pela concorrência de fabricantes locais de veículos elétricos como BYD, Nio e Xpeng.

Grelhas maiores como símbolo de status

O diretor de design Adrian van Hooydonk admitiu que as enormes grelhas em forma de rim, presentes em modelos como o M3, a Série 7 e o SUV elétrico iX, foram concebidas a pensar sobretudo nos consumidores chineses, que valorizam frentes mais imponentes como símbolo de status e respeito na estrada. Em 2024, a BMW tinha vendido mais de 700 mil automóveis na China, o que justificava a adaptação às preferências culturais do país.

Enquanto muitos consumidores e comentadores ocidentais criticavam e até ridicularizavam o design nas redes sociais, as vendas globais da marca continuaram a crescer, provando que a estratégia estava a resultar. No entanto, a mudança no panorama automóvel chinês — com uma procura cada vez maior por veículos elétricos locais, mais acessíveis e tecnologicamente avançados — obrigou a BMW a reconsiderar a sua abordagem estética.

Linha Neue Klasse marca regresso ao clássico

A aposta na linha Neue Klasse, prevista para chegar ao mercado a partir de 2025, assinala não só um regresso a elementos de design mais clássicos e contidos, como também uma renovação tecnológica assente em plataformas elétricas de nova geração. O episódio ilustra como o design automóvel global é moldado mais pelas exigências comerciais de cada mercado do que pelas críticas online — até que a estratégia deixe de vender.