As associações europeias de fabricantes e fornecedores automóveis consideram que os objetivos da União Europeia para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2), incluindo a redução de 100% das emissões de carros novos até 2035, deixaram de ser exequíveis.
A agência noticiosa Reuters revelou que numa carta enviada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, os executivos alertaram que, no contexto atual, “cumprir as rígidas metas de CO2 para carros e carrinhas para 2030 e 2035 é simplesmente inviável”. O documento foi subscrito pelo CEO da Mercedes-Benz, Ola Kaellenius, e por Matthias Zink, responsável pelos motores e chassis da Schaeffler AG.
Segundo os signatários, a indústria automóvel europeia enfrenta dependência quase total da Ásia na produção de baterias, infraestruturas de carregamento desiguais entre os Estados-Membros, custos de fabrico mais elevados face a concorrentes internacionais e a pressão adicional de tarifas impostas pelos EUA.
Os executivos defendem que a transição energética deve ser mais flexível, integrando soluções alternativas como veículos híbridos plug-in, extensores de autonomia, motores de combustão interna altamente eficientes, hidrogénio e combustíveis descarbonizados, em vez de depender exclusivamente dos veículos 100% elétricos.
Atualmente, os carros elétricos representam cerca de 15% das vendas de automóveis novos na UE, enquanto as carrinhas elétricas atingem apenas 9%. O setor teme ainda a crescente concorrência chinesa em veículos elétricos de baixo custo, que tem pressionado os fabricantes europeus.
Von der Leyen receberá representantes do setor automóvel em 12 de setembro, em Bruxelas, para discutir o futuro da indústria. A reunião surge num momento em que a Comissão Europeia já tinha flexibilizado, em março, os prazos para o cumprimento das metas de 2025 e em que vozes dentro do grupo político de centro-direita da própria presidente pedem que a proibição dos motores de combustão em 2035 seja revista.
As associações sugerem também que a regulamentação de CO2 para camiões pesados e autocarros seja reavaliada, de forma a alinhar a transição energética com a realidade industrial e tecnológica do setor.