Bosch vai cortar 13 mil empregos na divisão de peças para automóveis

A Bosch anunciou que vai eliminar cerca de 13.000 postos de trabalho na sua divisão de peças para automóveis até 2030, o que representa cerca de 3% da sua força laboral global. O objetivo é poupar de 2,5 mil milhões de euros “o mais rapidamente possível”, num contexto de crise prolongada no setor automóvel europeu.

Segundo o site Euronews, a maioria dos cortes afetará trabalhadores na Alemanha, sobretudo na região de Estugarda, onde se situa a sede da empresa. As unidades de Feuerbach e Schwieberdingen estão entre as mais atingidas, podendo perder milhares de empregos. A Bosch indicou ainda que pretende iniciar de imediato negociações com os trabalhadores afetados.

Além da diminuição da sua força laboral, a multinacional alemã planeia reduzir investimentos em instalações de produção, ajustando-se à desaceleração da procura.

Crise no setor automóvel europeu

O setor automóvel europeu atravessa um período particularmente difícil, marcado por uma procura interna enfraquecida e por custos elevados de energia e de mão-de-obra. A pressão é agravada pela concorrência de fabricantes chineses, que oferecem modelos a preços mais baixos, e pelas taxas alfandegárias aplicadas nos Estados Unidos, atualmente fixadas em 15%, embora abaixo dos 27,5% inicialmente ameaçados. A transição para a mobilidade elétrica acrescenta novas incertezas, sobretudo em relação às metas de redução de emissões definidas pela União Europeia, enquanto a redução de subsídios governamentais à compra de veículos elétricos em vários países tem travado o consumo e dificultado ainda mais a recuperação do setor.

A Bosch junta-se a outros fabricantes que procuram cortar custos perante este cenário. Empresas como a Volkswagen, a Volvo, a Nissan e a Stellantis já anunciaram despedimentos em 2025.

Consequências políticas e económicas

O anúncio constitui um revés para o chanceler alemão Friedrich Merz, que tem procurado revitalizar o setor industrial através de medidas de estímulo público. Entre essas iniciativas destaca-se a criação de um fundo extraorçamental de 500 mil milhões de euros destinado a infraestruturas, bem como a alteração da chamada “regra do travão da dívida”, que passa a excluir parte das despesas de defesa. Apesar destes esforços, a economia alemã deverá registar em 2025 um crescimento modesto de apenas 0,2%, após dois anos consecutivos de recessão.

Apesar das medidas, especialistas alertam que a economia alemã continua frágil e exposta às turbulências internacionais, sobretudo no setor automóvel, que permanece no centro da crise.

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