BYD prevê colapso de muitos fabricantes de carros na China

A vice-presidente da BYD, Stella Li, alertou que o mercado automóvel chinês enfrenta uma forte consolidação, prevendo o desaparecimento de dezenas de fabricantes após a proibição de descontos decretada por Pequim. Apenas 15 das atuais 129 marcas terão viabilidade até 2030.

O mercado automóvel chinês terá de passar por uma forte consolidação e muitos fabricantes não vão resistir, afirmou Stella Li, vice-presidente executiva da BYD, à margem do salão automóvel IAA Mobility 2025 em Munique, a Vice-Presidente Executiva da BYD. Citada por vários meios de comunicação social internacionais, a responsável considera que mesmo 20 construtores já são demasiados para o setor.

Proibição de descontos acelera pressão sobre marcas

Li apontou a recente decisão do Governo chinês de proibir promoções agressivas e descontos como um fator determinante para a inviabilidade de muitas marcas.

“Sem poder oferecer descontos para atrair clientes, alguns construtores não vão resistir”, sublinhou.

A medida integra a campanha do Presidente Xi Jinping contra as chamadas guerras de preços, alimentadas pelo excesso de capacidade produtiva na indústria automóvel. O fenómeno, conhecido localmente como neijuan (“involução”), é apontado por Pequim como um dos fatores que agravam a deflação no país.

129 marcas, mas poucas com futuro

Em 2023, 129 fabricantes venderam veículos elétricos ou híbridos na China, o maior mercado mundial deste segmento.

No entanto, um estudo da consultora AlixPartners estima que apenas 15 terão viabilidade financeira até 2030. Também a rival Xpeng já tinha antecipado que, a nível global, o setor poderá reduzir-se a apenas dez fabricantes na próxima década.

Apesar de disputar com a norte-americana Tesla o título de maior produtora mundial de veículos elétricos, a BYD também sente os efeitos da regulação.

No segundo trimestre, apresentou receitas e lucros abaixo das expectativas, penalizada pela repressão de Pequim aos prazos de pagamento a fornecedores e aos descontos comerciais.

O banco Citi reviu em baixa as previsões de vendas da BYD, antecipando agora 4,6 milhões de unidades em 2025, em vez dos anteriores 5,8 milhões. Para 2026, a estimativa passou de 7,2 milhões para 5,4 milhões e, para 2027, de 8,4 milhões para 6 milhões. Em 2024, a fabricante chinesa vendeu 4,3 milhões de automóveis.

Expansão internacional como válvula de escape

Stella Li minimizou o impacto imediato das medidas, garantindo confiança na robustez dos lucros, mas admitiu que mais fabricantes chineses terão de procurar crescer fora do país.

“Acho que verão mais marcas chinesas no exterior, mas o mercado externo não é tão simples”, afirmou.

A BYD tem acelerado a sua expansão na Europa, com destaque para o Reino Unido, e prevê iniciar ainda este ano a produção na sua nova fábrica na Hungria. Outras construtoras chinesas seguem o mesmo caminho: a estatal Changan já começou a vender modelos no continente europeu, enquanto a Leapmotor, em parceria com a Stellantis, pondera fabricar o SUV elétrico B10 em Espanha.

TÓPICOS:
BYD