Segundo a marca, o trajeto foi realizado sem qualquer intervenção humana, algo que Elon Musk prometia há anos. Agora, parece que a empresa cumpriu, pelo menos uma vez, essa ambiciosa promessa.
Após lançar o seu serviço de Robotaxi em Austin, a Tesla divulgou um vídeo que mostra, supostamente, a entrega totalmente autónoma de um novo Model Y — do portão da fábrica diretamente até o apartamento do comprador, sem ninguém ao volante.
A Tesla publicou dois vídeos da viagem entre a fábrica Giga Texas, próxima ao aeroporto de Austin, e um complexo residencial na South Lamar Boulevard. Um deles é uma versão acelerada, e o outro mostra o percurso completo. A rota direta entre os dois pontos tem cerca de 24 km e leva aproximadamente 30 minutos.
Curiosamente, o Model Y não seguiu o caminho mais curto: optou por um trajeto mais longo pela Interstate 35 (mantendo-se abaixo dos 112 km/h), saindo depois pela Woodward Street e atravessando a movimentada South Congress Avenue — exatamente a área onde os Robotaxis da Tesla têm circulado nos últimos dias.
“Kapow”, escreveu Musk na rede social X, que também é de sua propriedade. Segundo ele, o carro percorreu todo o trajeto de forma completamente autónoma, sem qualquer operação remota.
O vídeo sugere que o Model Y utilizou inicialmente o software Robotaxi para a entrega, mudando depois para o sistema Full Self-Driving (Supervised), o mesmo disponível para os clientes regulares da Tesla. Vale lembrar que nenhum veículo da Tesla disponível no mercado é verdadeiramente autónomo: tanto o FSD quanto o Autopilot exigem supervisão humana constante, prontos para intervir se necessário.
O trajeto ocorreu num dia claro e ensolarado em Austin. No vídeo, o Model Y é visto a lidar com trânsito em autoestradas, saídas, ruas urbanas, peões e até a entrada no condomínio residencial — tudo de forma aparentemente fluida.
Na plataforma X, entusiastas da Tesla reagiram com entusiasmo. “Se isto não prova que o FSD sem supervisão está pronto para ser lançado, então não sei o que provaria”, escreveu um utilizador. Outro comentou: “Um marco que redefine profundamente a nossa experiência humana do tempo e do espaço”.
Apesar da demonstração impressionante, restam muitas dúvidas. Ainda não se sabe se esta foi apenas uma prova de conceito pontual ou se o sistema de entrega autónoma será implementado de forma regular, pelo menos nos arredores das fábricas da Tesla, como as de Austin e Fremont, na Califórnia.
É preciso não esquecer que a Tesla já esteve sob escrutínio por vídeos promocionais no passado. Há cerca de uma década, um vídeo de demonstração de autonomia intitulado “Paint It Black” revelou-se posteriormente encenado.
A tecnologia de condução autónoma da Tesla avançou desde então, mas, como sempre acontece com o FSD e os Robotaxis, permanecem várias incógnitas. Por exemplo, o que acontece se um carro falhar no trajeto? Haverá intervenção remota? Será necessário enviar um condutor humano para recuperar o veículo, como ainda ocorre com os monitores de segurança que acompanham os Robotaxis?
Também não se sabe qual o alcance operacional desses veículos ao saírem da fábrica ou como reagiriam a condições meteorológicas adversas, uma vez que a Tesla não utiliza sensores LIDAR, confiando exclusivamente em câmaras e inteligência artificial.
Outra questão em aberto é como essa entrega autónoma se enquadra nas regulamentações rodoviárias. Em caso de acidente, colisão ou necessidade de interação com outros condutores ou serviços de emergência, qual é a reação do veículo?
Até ao momento, o serviço de Robotaxi da Tesla tem operado com entre 10 e 20 Model Y numa área delimitada no sul de Austin, apenas para utilizadores convidados. O lançamento, porém, não foi livre de falhas: foram registadas paragens bruscas e até uma curva à esquerda abortada, que levantou preocupações.