Mercedes-AMG GT 63 4Matic+ Coupé: Salto civilizacional

O Mercedes-AMG GT 63 mantém o V8 4.0 e prestações de excelência, mas suavizou o pisar, acrescentou um par de bancos e aumentou a capacidade da mala. Está mais civilizado, fácil de utilizar no quotidiano. Tudo o que a maioria dos clientes pedia.

O Mercedes-AMG GT 63 mantém o V8 4.0 e prestações de excelência, mas suavizou o pisar, acrescentou um par de bancos e aumentou a capacidade da mala. Está mais civilizado, fácil de utilizar no quotidiano. Tudo o que a maioria dos clientes pedia.

Indeciso entre o superdesportivo e o Gran Turismo, o Mercedes-AMG GT foi sempre um coupé difícil de posicionar. Tanto podia ser demasiado agressivo para uma saudável convivência diária, como podia ser desajeitado em pista.

Apontava diretamente ao Porsche 911 Turbo, compensando com a exclusividade do conceito, o que perdia em agilidade e capacidade de controlo perto do limite. A renovação do coupé desenhado pela divisão sediada em Affalterbach vai ao encontro da principal sugestão proposta pelos clientes: funcionalidade.

Os proprietários do Mercedes-AMG GT queriam usar o coupé para levar os filhos à escola e, para isso, precisavam de mais lugares. Os jogadores de golfe também agradeciam se tivessem onde transportar os sacos.

Pelo caminho ficou a arquitetura original e a configuração transeixo, com o V8 em posição central dianteira e a caixa de sete velocidades montada no eixo traseiro. A partilha da plataforma com o Mercedes SL aparafusa a caixa, agora com nove velocidades, diretamente ao bloco, que avançou para cima do eixo dianteiro. A nova configuração altera substancialmente a distribuição de peso, agora concentrado na dianteira. A relação passou dos 47:53 para os 54:46.

Pior, para os cerca de cinco a 10% de proprietários que conduziam o Mercedes-AMG GT em pista, será a tração integral permanente. Proposto de série, o sistema 4Matic+ distribui o binário pelos dois eixos em função das condições da condução e do piso. O controlo eletrónico pode variar entre a distribuição equitativa pelos dois eixos ou a entrega da totalidade às rodas posteriores.

Para responder aos desejos dos clientes, os técnicos de Affalterbach tiveram de mexer nas proporções do Mercedes-AMG GT. O comprimento esticou 18 cm, para um total de 4,73 metros, acrescentou 7 cm à altura e alargou apenas 1 cm. Os clientes queriam continuar a estacionar em lugares estreitos sem dificuldades.

Quatro lugares

Embora a vista de perfil não tenha mudado muito, com o capot longo, habitáculo recuado e traseira curta, o aumento da distância entre eixos é notório. São os 7 cm necessários para acomodar uma segunda fila de bancos.

Pequenos e com as costas muito verticais, os lugares que transformaram o Mercedes-AMG GT num 2+2 destinam-se a passageiros com uma altura máxima de 1,25 metros. Significando que, na maior parte das vezes, vão ser utilizados como extensão da mala. Esta quase duplica os 175 litros da anterior, fixando-se nos 321 l.

As costas da fila posterior rebatem em uníssono ampliando a capacidade da mala até aos 675 l. Será um dos últimos critérios a considerar, mas comparação com os possíveis rivais posiciona a mala do Mercedes-AMG GT acima do Porsche 911 (145 l), Lexus LC Coupé (197 l) e Maserati Granturismo (310 l) e abaixo do Aston Martin Vantage (350 l) e BMW Série 8 (420 l).

Condicionada pelos lugares traseiros, a primeira fila de bancos avançou 20 mm. Não parece muito, mas é o suficiente para mudar por completo a perceção do Mercedes-AMG GT. O capot parece mais curto, a bossas de potência menos evidentes. Perdeu-se a sensação de conduzir sentado no eixo traseiro.

Herdado da geração anterior, o V8 da família M177 apresenta-se na configuração mais potente, estreada no Black Series. São 585 cv e 800 Nm, estes disponíveis desde as 2500 rpm.

As relações mais curtas da nova caixa automática de nove velocidades, a anterior tinha dupla embraiagem e sete relações, compensam o aumento de peso permitindo disparar até aos 100 km/h em 3,2 segundos e tocar os 315 km/h. Valores impressionantes, ainda assim aquém da Némesis Porsche 911 Turbo (2,8 s e 320 km/h).

É preciso abusar muito, falhar completamente a travagem ou o ápex da curva para o Mercedes-AMG GT 63 4Matic+ Coupé perder o controlo. Não é imune ao peso e por isso tem tendência para alargar a trajetória, tornando a frente menos incisiva que a anterior geração.

VEREDITO

Dinamicamente pode ficar aquém da referência do segmento, mas na verdade o Mercedes-AMG GT 63 4Matic+ Coupé não precisa de olhar para o lado e fazer comparações com o Porsche 911 Turbo ou outro desportivo. Bastou uma ligeira mudança de posicionamento para a nova geração do Mercedes-AMG GT encontrar o lugar que sempre lhe escapou entre os coupés desportivos de topo. O V8 continua bem vivo e promete atrair ainda mais clientes, seduzidos tanto pela musicalidade como pela nova faceta funcional do Mercedes-AMG GT 63 4Matic+ Coupé.

FICHA TÉCNICA

Mercedes-AMG GT 63 4Matic+ Coupé

PREÇO 255 650 € (280 250 € versão ensaiada)

MOTOR Gasolina; V8 3982 cc

POTÊNCIA 585 cv/5500-6500 rpm

BINÁRIO 800 Nm/2500-5000 rpm

TRANSMISSÃO Integral; Auto 9 vel.

COMP./LARG./ALT. 4,73/1,98/1,35 M

DISTÂNCIA ENTRE-EIXOS 2,70 M

BAGAGEIRA 321/675 L

ACEL. 0-100 km/h 3,2 S

VEL. MÁX. 315 KM/H

CONSUMO WLTP 14,1 (14,4*) L/100

EMISSÕES 319 G/KM

IUC 992,25 €

*Medições Turbo

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