SKODA SUPERB BREAK 2.0 TDI 190 CV DSG

Texto: Marco António / Fotografia: José Bispo
Data: 18 de Março, 2017

A nova carrinha Skoda Superb está maior, melhor e tecnologicamente mais evoluída. No entanto, a habitabilidade continua a ser o seu melhor cartão de visita, juntamente com a bagageira de enorme volumetria.

A nova geração da Superb Break representa mais uma etapa da marca checa que assim reforça a sua emancipação em relação às restantes marcas do grupo VW, ainda que toda a sua tecnologia seja o resultado de uma política sinergética cada vez mais intensa. Dessa partilha, destaque para a plataforma MQB que, tendo sido neste caso esticada, permitiu que a Superb tivesse melhorado ainda mais a sua habitabilidade e a capacidade da mala, duas referências importantes que a colocam ao nível de carrinhas como a Mercedes Classe E ou BMW Série 5. O espaço para as pernas atrás é tão vasto que a Skoda consegue suplantar neste capítulo o novo Série 7 na sua versão mais longa. Mas a excelente habitabilidade e a mala são apenas dois dos múltiplos atributos de uma carrinha que evoluiu noutras direções e que valoriza aspetos tão importantes como o design e a qualidade de construção, onde se distancia dos estereótipos do passado.

Na verdade, podemos afirmar que a Skoda é uma marca bem atual e que compete com os mesmos argumentos dos seus adversários mais diretos, com uma vantagem adicional que não deixa de ser outro dos seus pontos fortes, o preço. Ainda que esta não seja a versão mais barata, este motor 2.0 TDi de 190 CV com caixa DSG custa, na sua versão mais económica, pouco mais do que 37 mil euros. Sim, leu bem, esta proposta custa menos que qualquer dos seus concorrentes. Mas vejamos em detalhe todas as outras virtudes.

38/50

Este modelo é com certeza o melhor Skoda de sempre, pois representa o corolário de um caminho que tem sido percorrido com muita mestria, fruto de um trabalho multidisciplinar que concilia a utilidade com o prazer de utilização sem esquecer o bom gosto de um estilo que tem evoluído no mesmo sentido. Não foi por acaso que, durante todo o ensaio, um dos pontos mais apreciados tenha sido o design, um aspeto que se encontra entre os valores que os clientes mais apreciam, logo a seguir ao preço e à relação preço/equipamento.

A qualidade que resulta de critérios mais rigorosos de construção é um aspeto visível nos pormenores mais pequenos, desde a folga existente entre os vários painéis que formam a carroçaria até ao simples bater das portas. Uma qualidade que só não é perfeita porque ainda existem materiais que visualmente não se enquadram na imagem que a marca quer fazer passar. Referimo-nos, concretamente, a alguns plásticos usados no interior e à alcatifa da mala. Uma mala que é tão comprida (1,112 metros) que temos de nos esticar para chegar ao fundo. Ao todo oferece uma capacidade de 660 litros, o suficiente para acomodar a “tralha” toda de uma família quando ela parte para férias. Isto sem contabilizar o espaço existente debaixo do fundo, onde ainda existe um pequeno alçapão para guardar objetos mais pequenos ou a roda sobressalente de dimensões normais.

Com uma distância entre eixos que aumentou 80 milímetros e com as rodas mais próximas das extremidades a Superb é uma carrinha que apela a uma imagem de robustez sem esquecer o bom apuramento aerodinâmico e uma segurança ativa sem restrições. inclui de série um controlo de estabilidade mais proativo e outros sistemas como o Front Assist com travão de emergência ou o XDS+, que mais não é do que um bloqueio eletrónico do diferencial. Outra ajuda é a monitorização da pressão dos pneus e o cruise control, bem como diversos sistemas de assistência que estudaremos ao longo deste ensaio.

52/70

O interior é tão vasto que, atrás, cria inicialmente uma sensação estranha. O excecional índice de habitabilidade deve-se, sobretudo, à distância que vai das costas do banco traseiro ao pedal do acelerador, à altura e à largura, ainda que esta não supere a média dos carros considerados (Mercedes Classe E, BMW Série 5 Touring e Audi A6 Avant). No caso específico da versão ensaiada, o interior encontrava-se recheado de equipamento, nomeadamente no domínio da segurança passiva, ao contemplar 9 airbags, incluindo o de joelhos para o condutor. Esta quase obsessão pela proteção dos ocupantes faz todo o sentido numa marca que se quer distinguir como sendo uma das mais seguras, não faltando por isso sistemas complementares que, prevendo possíveis acidentes, emitem alertas. É o caso, por exemplo, do novo “Emergency Assist” que ativa os travões no caso do condutor não conseguir dominar o carro, travando automaticamente perante uma colisão eminente. Também a função AFS dos faróis ajuda a condução noturna, juntamente com o assistente de máximos, evitando que o condutor se preocupe em comutar os faróis sempre que se cruza com outros veículos.

Desafogado e bem equipado, o habitáculo tem também uma série de funcionalidades úteis, desde logo muitos espaços de arrumação que dão sempre muito jeito para guardar os múltiplos objetos que usamos diariamente. Só é pena que a utilização de certos plásticos, principalmente nas zonas inferiores, não tenha a mesma qualidade dos utilizados na parte superior, por exemplo, do tablier. Este tem um desenho de linhas direitas que integra, entre outros elementos, o enorme ecrã tátil a partir do qual podemos controlar quase todas as funções, incluindo o “Driving Mode Select”, que analisamos mais à frente.

Mais confortável graças a uma suspensão mais apurada, o interior é também bastante silencioso, a avaliar pelas medições feitas com a ajuda do sonómetro, cujo maior registo não foi além dos 71,5 dB(A), um valor que fica muito abaixo dos 74 dB(A), valor a partir do qual é gerado desconforto auditivo. Nem mesmo com o sistema de climatização de 3 zonas ligado no máximo o ruído é elevado. Também a visibilidade é boa devido à enorme superfície vidrada. Mesmo assim, a Skoda oferece a câmara de marcha atrás e sensores de estacionamento.

34/50

Estruturalmente novo graças à utilização de uma plataforma inovadora e bastante mais leve, a Superb Break oferece muitas outras novidades no plano tecnológico, a começar pelo motor 2.0 TDi, agora com 190 CV. Este é o motor usado por outros modelos do grupo VW, nomeadamente pela Audi. Dotado de uma boa capacidade de resposta graças a um binário muito expressivo (400 Nm às 1750 rpm) desde os regimes mais baixos, este motor tem um rendimento muito acima da média tendo em conta o indicador da pressão média efetiva de 26 bar. É um valor que justifica não só as boas prestações obtidas como o baixo consumo alcançado nos vários cenários (cidade, estrada e auto-estrada). A única crítica vai para a utilização da caixa DSG de 6 velocidades, uma opção que não estabelece o melhor escalonamento, especialmente quando escolhemos o modo de condução mais desportivo.

Seria mais lógico usar a caixa DSG de sete velocidades. Se a escolha feita tem a ver com questões economicistas não sabemos, aquilo que sabemos é que a escolha podia ser outra. Esta pequena crítica é compensada por um funcionamento suave e equilibrado. Isso deve-se, sobretudo, ao esforço em reduzir ao máximo os atritos internos do motor, quer através de uma lubrificação mais eficiente, quer pela via da diminuição das peças móveis, usando novos materiais.

A força do motor é transmitida às rodas da frente, com jantes de 19 polegadas, através de uma suspensão que, tendo uma estrutura conhecida (MacPherson) resulta mais leve nesta versão, reduzindo o peso não suspenso, com vantagens para o comportamento dinâmico e para a agilidade. Atrás, o esquema eleito recaiu sobre uma estrutura multilink, uma opção que tem o mérito de conciliar bons níveis de conforto com uma grande eficácia dinâmica, como convém num carro de caraterísticas familiares como este. Destaque também para o sistema XDS + que simula o funcionamento de um diferencia autoblocante, utilizando o sistema de travagem. Esta é uma ajuda fundamental e muito simples que aumenta a confiança nos momentos mais difíceis.

32/50

Embora grande, o Superb Break tem uma condução agradável, facilmente percecionada quando nos sentamos ao volante. Este tem o tamanho ideal, enquanto as múltiplas regulações do banco nos ajudam a encontrar rapidamente a melhor posição de condução. Embora a caixa DSG proporcione o conforto de não termos de trabalhar sucessivamente de forma manual com as várias relações de caixa, as patilhas no volante convidam muitas vezes a esse exercício. Essa possibilidade, conjugada com a vantagem de escolhermos o melhor modo de condução através controlo dinâmico do chassis (DCC), proporciona várias experiências conforme nosso desejo. Desde uma condução económica (Eco) até uma mais desportiva (Sport), passando por uma utilização mais confortável ou normal, até uma configuração mais individual controlando algumas variáveis, tudo é possível. Conforme o modo escolhido, assim o motor, a caixa, a direção e a suspensão reagem de formas diferentes.

No modo Eco destacamos obviamente os consumos, com médias que podem descer até valores reais próximos dos 5 l/100 Km, enquanto no modo Sport recordamos as prestações obtidas. Embora com uma aceleração dos 0 aos 100 km/h feita em 9,4 segundos, foram as recuperações que nos impressionaram mais. Estas variam dos 1,4 segundos dos 40 aos 60 Km/h até aos 9,7 segundos para passarmos dos 40 Km/h aos 120 Km/h.

Apesar das rodas grandes não garantirem a maior agilidade elas têm a vantagem de assegurarem uma boa aderência e uma travagem que, só não foi melhor porque o piso não estava totalmente seco, devido ao mau tempo registado. Mau tempo que deu para testarmos melhor as vantagens do sistema XDS+ uma solução simples que usando o sistema de travagem gera um efeito autoblocante tão útil quando curvamos acima das condições de aderência. Uma ajuda que nos dá a sensação de sermos os melhores condutores do mundo!

 

42/60

Como dissemos na abertura deste ensaio mais completo, os pontos fortes deste modelo, para alem do espaço e da mala é o preço! Com este motor a versão mais barata, custa pouco mais do que 37 mil euros. A versão ensaiada já com muito equipamento de série custa pouco mais do que 41 mil euros. Estes são dois valores que evidenciam a mais valia deste modelo que tem ainda a virtude de gastar pouco gasóleo. Em condições reais e no modo “Normal” a média ponderada foi de 6,2 l/100 Km. Com este consumo conseguimos não só boas autonomias como custos de utilização mais baixos. Custos esses que beneficiam de período de manutenção de 30 mil quilómetros. Ao contrário da Audi que dá 4 anos ou 80 mil quilómetros, a garantia geral é neste caso de 2 anos sem limite de quilómetros. Baixos consumos corresponde neste caso a emissões mais baixas, um factor que nos torna condutores ambientalmente mais responsáveis. Com uma relação preço/equipamento muito boa a Skoda tem vindo a beneficiar de bons valores de retoma, tendo em conta a perceção positiva do mercado.

 

Ensaio publicado na Revista Turbo nº 415, de Abril de 2016