HYUNDAI I20 1.1 CRDI COMFORT

Texto: António Amorim / Fotografia: José Bispo
Data: 13 de Agosto, 2017

A Hyundai volta a dar uma lição de humildade com este excelente produto de aparência inofensiva. Para além de espaçoso e robusto, o novo i20 é muito confortável e, com este mini diesel, muito económico .

Fluidic Sculpure. É com este nome pomposo que a Hyundai descreve o design da sua nova gama de produtos, onde se inclui este não renovado, mas completamente novo i20. Estreia uma nova plataforma, feita de aços de muito alta resistência, algo que para a Hyundai não é complicado porque o tal gigante coreano que faz desde escavadoras a petroleiros, até tem siderurgia própria.

O resultado é um carro muito evoluído, como veremos, embora continue mais inofensivo na aparência que qualquer Renault Clio, Peugeot 208, Ford Fiesta, Mazda 2, VW Polo e outros concorrentes diretos. Mas tal como tem acontecido com outros Hyundai, uma coisa é olhá-lo, outra é utilizá-lo.

Com 4,5 cm a mais na distância entre eixos, o novo utilitário junta espaço extra aos baixos custos envolvidos, resultado, por um lado, do reduzido apetite dos motores Hyundai e, por outro, dos 5 anos de garantia (sem limite de km), em que estão incluídas as revisões.

E o preço também ajuda. Com este turbodiesel de 3 cilindros e 1,1 litros (75 CV) o i20 anuncia um consumo médio de 3,2 l/100 km e emissões a partir de 84 g/km de CO2, na versão menos equipada. Tudo a desembocar num preço de 13 750€ no nível de equipamento Blue Access, ou 18 300€ no caso da unidade ensaiada, Comfort. São estes números que tiram o sono à concorrência, com a mesma facilidade com que seduzem compradores imunes a vaidades e outros preconceitos relacionados com emblemas.

Há desvantagens? Poucas. Excluindo o excessivo ruído e vibração do motor no ralenti, que se sente pelo corpo todo, pouco mais há a criticar neste carro. A posição de condução é excelente e inclui regulação em altura e alcance do volante. Os bancos estão forrados a tecido sintético mas são confortáveis e todo o tablier é de grande robustez e rigor de montagem, forrado com material macio na zona frontal. Botões, comandos e instrumentos são de uma arrumação exemplar e grande facilidade de leitura ou utilização. Não há aqui nada de desportivo, mas sentimo-nos muito bem recebidos.

A consistência dos pedais, a precisão da caixa manual de seis velocidades e a rapidez da direção (com 2,5 voltas de volante vira-se tudo) tornam a condução agradável desde o primeiro minuto. Depois, à medida que vamos pisando estradas diferentes, há uma coisa que se mantém: a excelente absorção da suspensão. Uma verdadeira surpresa. O carro é sólido e silencioso a rolar, para além de contido no adornamento e muito estabilizado, no mau piso, nas lombas, ou mesmo a alta velocidade (consegue 160 km/h), onde a direção se torna mais pesada e por isso não é excessivamente filtrada nem vaga.

No ambiente inverso, a cidade, dá para fazer uma inversão de marcha em pouco mais de 10 metros, tornando-se a direção mais leve nas manobras lentas. Este detalhe, associado à boa visibilidade e aos sensores de estacionamento, torna este carro fácil de guiar em qualquer situação.

Ao contrário do que se possa pensar, o mini-motor aguenta-se bem em auto-estrada, onde é muito ajudado pelo escalonamento da caixa de velocidades, com uma sexta mais curta que o habitual. Esta solução é necessária ao 1.1 CRDi, que não é um foguete a subir de rotação, respondendo melhor entre as 1750 e as 2500 rpm, onde entrega os 180 Nm de binário máximo. É graças a este escalonamento “à antiga” que o turbodiesel mais pequeno do mercado consegue reagir ao acelerador em sexta, fazendo desta uma mudança utilizável e não apenas um “overdrive”.

Uma força que tem alguns custos, porque o ritmo de autoestrada é o que menos favorece os consumos do magro 1.1 diesel, com médias (verificadas) de 6,8 l/100 km a 120 Km/h, situação em que o conta-rotações indica 2600 rpm, ou seja, já acima da tal faixa ideal de binário. É, no entanto, possível trocar tempo por dinheiro, por outras palavras: gastar menos, chegando um pouco mais tarde ao destino. Basta baixar o ritmo para os 90 km/h e o consumo cai para metade (!). Verificámos 3,4 litros aos cem nesta situação, enquanto no ambiente urbano intenso e a explorar o motor com genica, verificámos 5,8 l/100 km, com a sensação de que dava para baixar bastante.

AGILIDADE DIGNA

Embora precise de 16 segundos para acelerar dos zero aos cem, o microdiesel também sai com dignidade das recuperações. Não é difícil fazer uma ultrapassagem apenas afundando o acelerador ou, no pior dos casos, metendo uma mudança abaixo, sem que daí venha mal ao mundo em matéria de consumos. Esta pode parecer uma análise algo condescendente, mas a verdade é que o i20 conquista a nossa simpatia à medida que as situações de utilização se vão multiplicando. Tem uma qualidade de condução digna de um carro do segmento acima e, com a ajuda do crescimento exterior (4,03 m), também faz sombra a carros maiores em matéria de habitabilidade.

ESPAÇO DE FAMILIAR

Mesmo quando está presente este enorme teto panorâmico de abertura elétrica (opcional fantástico mas que provoca algum ruído de vento), continua a haver espaço para as cabeças de toda a gente, graças a duas estratégicas concavidades. Atrás de um condutor com 1,80 m pode sentar-se um passageiro de idêntica estatura sem bater com os joelhos ou a cabeça em lado nenhum. E atrás de um acompanhante com menos de 1,70 m pode viajar outro com 1,90 m, com a mesma comodidade.

Dois adultos e um miúdo ao meio viajarão de forma bastante aceitável no banco traseiro. Sentar um graúdo no lugar do meio já é mais complicado porque não há cova no teto a contar com essa terceira cabeça. Mesmo assim, a quase ausência de saliência no piso deixa mais espaço para os pés do que em muitos familiares compactos. Também no espaço para bagagem o i20 bate a concorrência em toda a linha, com os seus 326 litros de volume (301L com roda de emergência), mais 36 que na gama anterior.

Na vertente económica também pesa o interessante pacote de lançamento que inclui as jantes de liga leve de 16 polegadas, no caso da unidade ensaiada com uns bons Pirelli Cinturato P1 195/55R16o, pack de luzes LED e um suporte para smartphone no topo do tablier, tudo num valor de 1190 euros e que é oferecido neste nível Comfort apenas até 31 de maio. Alguns dos concorrentes podem ser mais bonitos, mas poucos conseguem tão boa nota em tantas disciplinas. O i20 1.1 CRDi é um grande utilitário, em todos os sentidos.

 

VEREDITO

O mais pequeno diesel do mercado tem um ralenti de máquina de costura, mas compensa quando começa a andar. Poucos utilitários têm uma suspensão tão confortável e um habitáculo tão espaçoso. E no que toca aos euros, é poupado no preço, nos consumos e na manutenção. É preciso mais?

Ensaio publicado na Revista Turbo 404, de maio de 2015

Esta metodologia não se aplica a este ensaio. Todo o texto encontra-se no capítulo inicial.

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