SKODA OCTAVIA BREAK RS230 DSG

Texto: António Amorim / Fotografia: José Bispo
Data: 24 de Dezembro, 2016

Quem disse que uma carrinha exemplar em habitabilidade não o pode ser também no grau de divertimento que proporciona ao condutor? Esta Octavia RS230 consegue isso mesmo, com a mecânica do Golf GTi.

A Subaru Impreza WRX Sports Wagon ou a Audi RS4 Avant são históricos exemplos de como uma carrinha pode casar muito bem com uma mecânica de alto gabarito. E quando se tem à disposição o conjunto mala/habitáculo mais espaçoso da classe e a mecânica de um compacto desportivo com o estatuto do Golf GTi, o resultado pode ser perfeito para quem tem filhos mas gosta de fazer o gosto ao pé. É a esses que está apontada a Skoda Octavia Break RS 230, que consegue talvez a melhor relação funcionalidade/ divertimento de que há memória, especialmente se levarmos em conta o preço. Por pouco mais de 41 mil euros pode levar-se o carro cheio de gente a cruzar a perna no banco de trás, carregar a bagageira com 600 litros de volumes e seguir viagem a ritmos só possíveis num desportivo.

Os 230 CV extraídos do bloco de 2.0 litros com turbo e injeção direta estão, neste caso, associados às maravilhas da caixa automática DSG de dupla embraiagem com seis velocidades. São 350 Nm de binário, atirados para as rodas dianteiras logo a partir das 1500 rpm, mas bem controlados por uma suspensão firme e bem afinada, embora isenta do caro sistema de programação de chassis que temos à disposição no Golf GTi.

NEUTRALIDADE E FORÇA

A RS230 talvez não seja exemplar na envolvência de condução, mas não deixa de ter uma direção obediente e uma suspensão contida, que resiste bem a mergulhos na travagem e a adornamentos em curva. A maior parte do potencial de diversão está, no entanto, no poder de “sopro” do poderoso 2.0 TSi e no imediatismo das passagens de caixa, a saírem de rajada, principalmente nas progressões. Travões potentes e bons pneus Pirelli PZero com 233 cm de largura cada um, calçados em jantes de 19 polegadas, asseguram um grau de aderência mais que suficiente para puxar pelo motor e para garantir um comportamento neutro. A eletrónica é impossível de desligar por completo, mas tem como vantagem o efeito autoblocante XDS+ que, nos limites, trava as rodas do lado de dentro da curva e aguenta a trajetória.

 

Nota-se, de facto, um aprimorado comportamento dinâmico nesta RS, resultante das molas mais curtas, que a rebaixam 15 mm face às restantes Octavia Break. As barras estabilizadoras mais grossas e o ângulo de camber mais negativo também produzem os seus efeitos. A distância entre eixos alongada face à do Golf GTi não a deixa dançar e reduz-lhe a interação com o condutor, mas não há nada tão bom para guiar por este preço e com tanto para dar na utilização em família.

 

A única sombra de concorrência que paira sobre esta RS230 vem da Ford Focus ST SW ou, com alguma boa vontade, da Peugeot 308 GT SW que têm, de facto, comparável orientação desportiva e até são mais baratas, mas oferecem menos espaço e funcionalidade.

 

VEREDITO

Ainda não é uma Audi RS4 Avant, mas esta Octavia cheia de músculos para lá caminha. Dá para usar em família com consumos aceitáveis e conforto à medida, ou para espantar o tédio numas horas de euforia em qualquer tipo de estrada.