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Queda dos diesel vai acentuar-se em 2018. Vêm ai os elétricos!!!

Texto: Nuno Fatela
Data: 4 de Janeiro, 2018

Esta é a previsão dos analistas, com as expetativas a apontarem para um decréscimo das vendas. Ainda assim, os diesel vão continuar a representar perto de 40% do mercado automóvel e são considerados importantes pelos fabricantes para cumprir as metas de emissões que se avizinham… Mas, a médio-prazo é inegável que a eletrificação é o caminho apontado por todos os fabricantes.

No último ano foi notícia o decréscimo de vendas de ligeiros de passageiros a gasóleo no mercado europeu, com a sua quota de mercado a ser, pela primeira vez desde 2009, ultrapassada pelos modelos a gasolina. Para muitos, este foi o prenúncio da morte dos diesel, uma indicação daquilo que será a progressiva queda nas vendas que vai culminar com a sua descontinuação. Uma situação que não tem ainda um futuro muito claro, embora 2018 possa ser mais um passo nesse sentido, dadas as previsões dos analistas.

 

As grandes empresas que avaliam as perspetivas de mercado  são unânimes na análise, e não esperam uma recuperação dos diesel neste ano que agora começa. Aliás, todos esperam que a quebra se acentue e coloque a fasquia já perto dos 40%. A Morgan&Stanley e a LMC Automotive revelam que as expetativas são de que os diesel representem 42% das vendas, enquanto a PwC Autofacts é mais pessimista e aponta para um registo de somente 40%. Apesar de tudo, a generalidade dos entrevistados na reportagem da Automotive News não espera um total desaparecimento destas motorizações, revelando que ele deverá estabilizar futuramente numa quota de 30% do mercado.

Os motivos da queda e os defensores dos Diesel

A queda dos diesel não tem apenas uma razão, mas resulta de um conjunto de casos que contribuíram para a realidade que vivemos. A mais famosa é o Escândalo do Dieselgate, que ajudou a dar má imagem a esta tecnologia e criou maior consciencialização do público relativamente aos seus valores mais elevados de NOx. Mas também os governos e municipalidades estão a ter papel relevante, através das restrições à circulação já em vigor e ao prometido endurecimento dessas medidas. Além disso, a esperada quebra de vendas e nas preferências dos consumidores também terá impacto nas estratégias das marcas, pois pode obrigar a redirecionar para as novas motorizações os fortes investimentos feitos na investigação a novos motores diesel.

 

Um exemplo desses altos montantes gastos são os novos blocos OM654 e 656 da Mercedes, que resultaram de um processo de desenvolvimento ao qual foi alocada uma verba de três mil milhões de euros. Mas a marca alemã, através do CEO Dieter Zetsche, tem sido uma das defensoras da tecnologia diesel, afirmando que ela é essencial para cumprir as metas de redução de emissões de CO2 a nível europeu. Uma situação também referida, por exemplo, pelo responsável máximo da Jaguar Land Rover.

A verdade é que muitos temem que seja difícil cumprir as metas ambientais sem tirar partido das vantagens dos motores a gasóleo, reconhecidamente com níveis mais baixos de dióxido de carbono do que os blocos a gasolina. Esse temor tem surgido devido a estatísticas recentes, que indicam que depois de vários anos a descer, os níveis médios de emissões de CO2 dos novos automóveis em países europeus como a Alemanha estão a subir. E caso não sejam encontradas soluções para este incremento, diversos fabricantes podem brevemente pagar fortes multas.

O futuro: Vêm aí os elétricos

A verdade é que, mesmo que os diesel tenham um papel importante para cumprir as 95g/km estabelecidas para 2021, todos acreditam que apenas com os híbridos e os elétricos será possível alcançar os objetivos mais ambiciosos propostos para a década seguinte. Algo que deve passar pela adoção de forma mais evidente da tecnologia dos 48 volts, criando “micro-hibridos” e pela expansão dos modelos Plug-In mas, principalmente, com a aposta nos modelos de emissões 0. Não admira, por isso, que várias marcas anunciem planos para esta transição.

Começando pela marca mais comercializada em Portugal, o plano estratégico da Renault prevê a redução das famílias de motores diesel das atuais três para apenas uma e a aposta nos motores mais ecológicos. Exemplo disso é, por exemplo, a recente apresentação do primeiro híbrido da marca do losango. No caso do Grupo PSA, que tem na Peugeot o segundo emblema mais vendido em solo nacional, a nova realidade está já a ter impacto na procura dos gasolina Puretech. Algo que obrigou a reforçar o envio destes blocos da fábrica na China para a Europa e o anúncio do reforço da sua produção nas unidades instaladas no Velho Continente. Além disso, também já foram revelados planos para a expansão dos elétricos no grupo, através da chegada de novas plataformas e também com um programa de desenvolvimento que será liderado pela Opel.

 

A terceira marca mais comercializada em Portugal é a Volkswagen, que representa um caso emblemático desta transição. Após estar na origem do Dieselgate, anunciou uma inversão na estratégia e está apostada em liderar nos elétricos, através da gama ID. Mas também as restantes marcas do grupo acompanham esta transição, como a Audi (e-Tron), a Skoda e até a Porsche, que prepara o lançamento do Mission E.

Continuando a análise por terras germânicas, encontramos os premium Mercedes e BMW. A primeira está prestes a lançar a submarca EQ, dedicada aos veículos elétricos, que contará com um SUV e cujos ambiciosos planos de expansão são preconizados por propostas como um “irmão” ecológico para o Classe A. No caso da BMW, ela é exemplo de uma das marcas que já está avançada nas investigações às novas motorizações. Exemplo disso é a oferta composta pelo i3, i8 e os iPerformance, a que se juntam os planos de expansão no campo das novas motorizações e as investigações às baterias sólidas.

 

Os fabricantes nipónicos também têm exemplos de marcas que mostraram visão e anteciparam esta progressiva passagem dos diesel para as novas motorizações. Uma delas é a Toyota, a “rainha dos híbridos” (e que também lançar uma dezena de EV em 2020), e outra a Nissan, que tem no Leaf o elétrico mais comercializado do planeta. Mas não estão sozinhas. Apesar dos vários planos de fabricantes como a Mazda referentes aos motores de combustão, o próprio fabricante de Hiroshima já forjou uma parceria com a Toyota focada nos modelos de emissões 0.

Os coreanos da Kia e da Hyundai não estão também atrasados na corrida. Além de terem larga experiência nos FCV graças ao Hyundai IX35, e já estarem representados nos elétricos e híbridos com modelos como o Soul EV e o Optima PHEV, estão também em andamento planos para a expansão desta oferta. Como, por exemplo, através de um Kia Niro EV que será antevisto na CES 2018.

 

Mas o resto do mundo não está parado a ver. Os americanos da Ford, por exemplo, também revelaram planos para uma gama alargada de híbridos e elétricos onde até estará incluída uma versão de baixas emissões do Mustang. E nos britânicos temos já a Mini (graças à experiência do Grupo BMW) a avançar em pleno para as novas motorizações e a própria Aston Martin a culminar o desenvolvimento do RapidE de emissões 0. E a própria Bentley desenvolve uma versão híbrida para o Bentayga e tem planos para depois também ter versões eletrificadas de outros modelos.

Para terminar, não podíamos deixar de destacar a Volvo, outra das marcas que tem prometido acelerar esta passagem para as novas motorizações. Um exemplo disso é o anúncio de que todos os modelos da marca vão ser eletrificados a partir de 2019. E a antiga divisão de performance da Volvo, a Polestar, até ganhou independência para se tornar uma marca exclusivamente dedicada a modelos com novas formas de propulsão.

 

Deixando de parte as promessas que muitos fazem, e que passam por ser líder nos elétricos ou garantir uma quota de vendas assinalável para estes modelos a breve trecho, o que está claro é que a transição está a ser impulsionada pelos próprios fabricantes. O que poderá ajudar a contrariar as críticas recentes, de que eram precisamente eles os responsáveis pelo lento desenvolvimento deste mercado. Esta transição não estará certamente dissociada da queda dos diesel, já que as marcas precisam de escolher “o cesto certo para colocar os ovos”. E se os diesel já foram a galinha dos ovos de ouro, parece que este filão se está a esgotar, e a eletrificação é o caminho apontado por toda a indústria automóvel.