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Portagens na origem de braço de ferro entre PSA e Governo

Texto: Miguel Policarpo
Data: 9 de Fevereiro, 2018

O Grupo PSA coloca a hipótese de parar de investir em Portugal caso o sistema de portagens se mantiver associado à altura dos veículos. O consórcio afirma não querer uma exceção, mas sim “que a regulação mude”.

O sistema de portagens limita a Classe 1 aos 1,10 metros de altura e esta estipulação está na origem do braço de ferro entre o Grupo PSA e o Governo. O consórcio ameaça com a drástica decisão de abandonar o investimento feito em Portugal na fábrica de Mangualde, instalação que tem agendada a produção do novo K9 para o último trimestre deste ano.

Antes do final de julho o Governo tem de se decidir, diz Alfredo Amaral, diretor geral da PSA em Portugal. O responsável acusa as concessionárias de “oportunismo” e afirma que o limite de altura de 1,10 metros da classe 1 pode ter um “impacto direto no emprego e põe em causa a presença da PSA a médio prazo”. Segundo Alfredo Amaral, a própria produção do K9 não terá um ritmo mais alto porque o grupo está condicionado pela questão das portagens. O consórcio estipulou que 20.000 das 100.000 unidades do modelo serão produzidas em Portugal, e, por uns centímetros, o K9 entra na classe 2, um factor prejudicial para as vendas no mercado nacional.

O emprego poderá ser a primeira matéria a sofrer as consequências, uma vez que, se a PSA suspender a produção de 20.000 unidades, torna-se inviável sustentar o atual terceiro turno. Alfredo Amaral sublinha que o próximo passo provável será a transferência da atividade para países como Espanha ou Marrocos. O Grupo francês, liderado por Carlos Tavares, já apresentou uma proposta ao Governo, em conjunto com a ACAP, e a resposta foi, aparentemente, favorável: “A resposta deste Governo foi apesar de tudo positiva, tentou que o grupo de trabalho produzisse rapidamente as soluções”, diz o diretor da PSA em Portugal.

Alfredo Amaral avança com uma possível solução: ““O sistema que todos defendem é que um veiculo ligeiro deveria ter uma classificação, e os pesados outras”, sublinhando que o peso é que dita o desgaste das autoestradas, e não a altura. “Não queremos nenhuma exceção, queremos que a regulação mude”, diz o responsável, que acredita que “rapidamente todos os carros vão ter mais que um metro e dez”.

Uma matéria que requer renovação na sua legislação na ótica da PSA. Recorde-se que este problema junta-se à ainda instável situação da Autoeuropa, facto que certamente o Governo estuda com particular atenção, unidades muito importantes para a produção automóvel nacional.