Foi com espanto que o mundo descobriu que o Bugatti Chiron demorava pouco mais de quarenta segundos para ir até aos 400 km/h e depois voltar aos 0. E com ainda mais espanto que recebeu a notícia de que o Koenigsegg Agera RS fazia o mesmo em menos seis segundos. Saiba agora onde foi feita a diferença entre os dois superdesportivos.
Nos últimos dois meses o mundo dos mais espetaculares automóveis do mundo, os superdesportivos, esteve em verdadeira ebulição. A primeira culpada foi a Bugatti, que anunciou ter conseguido com o Chiron de 1500CV cumprir a marca dos 0-400-0 (acelerar até aos 400km/h e depois voltar a travar até o carro ficar totalmente parado) em somente 42 segundos. Mas esta orgulhosa declaração foi, um mês mais tarde, motivo de “chacota” por parte da segunda responsável, a Koenigsegg, que demonstrou que o Agera RS de 1360CV faz o mesmo em menos 5,5 segundos. Como se impunha, aqui fica a explicação sobre as razões para a diferença entre os dois superdesportivos.
A demonstração das diferenças surgiu numa obra publicada pelo canal Engineering Explained (o mesmo que desfez o mito sobre descer em ponto morto e que nos mostrou as vantagens de travar com o motor). Analisando os vídeos das duas marcas, fica demonstrado que a maior diferença surgiu na fase final da aceleração, entre os 300km/h e os 400 km/h. Até essa fasquia o potente gaulês até tinha conseguido ser mais rápido em 0,2 segundos, mas depois o seu rival sueco ganhou-lhe seis segundos até o ponteiro da velocidade bater nos 400. Esta é a maior explicação para a diferença final, que ficou situada em 5,5 segundos.
A Koenigsegg referiu que teve dificuldade em colocar no chão a potência e sentiu as rodas a derrapar até aos 180km/h, um problema para o Agera RS de tração traseira que o adversário Chiron, com tração integral, não sofreu. Mas também existe outro motivo para isso, que é a escolha da pista. Aqui levou vantagem a Bugatti, que pode utilizar a reta “lisinha” de Ehra-Lessien, pertencente ao Grupo VW onde a marca francesa se insere. Isto explica a vantagem do Chiron na fase inicial da aceleração, pois depois foi “sempre a perder” para a modelo nórdico.
Além da maior velocidade na fase final da aceleração, existe mais uma curiosidade, que foi a travagem numa distância superior mas num tempo inferior do Bugatti. Foram precisos menos 7,92 metros para o carro sueco, mas mais 0.25 segundos. Isto explica-se pelo peso inferior do Agera RS, que tem 1395kg (mais a roll-cage) contra os 1995kg do Chiron. Mas também pelos 0,8 segundos que passaram até que a asa traseira ativa do sucessor do Veyron estivesse na sua posição mais vertical, pois caso contrário a diferença neste campo seria maior para o superdesportivo francês.
A conclusão é de que existem três fatores principais para a vitória do Koenigsegg Agera RS, e que são o peso, a aerodinâmica e a tração. O primeiro deles ajuda a explicar parte da vantagem na fase final da aceleração, em conjunto com o facto de enviar a potência apenas para duas rodas, o que significa menos perdas na transferência entre o motor e as rodas. Quando à aerodinâmica, e com base na suposição de que o Chiron terá valores próximos do antecessor Veyron, e piores que o carro sueco, o vídeo explica que ao ter menos superfície a fazer resistência ao ar, o carro avança com maior facilidade. E assim se explica como a Koenigsegg envergonhou a Bugatti, com uma vantagem que poderia ser ainda maior numa pista em melhores condições…