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Insignia: uma ideia ambiciosa

Texto: Júlio Santos
Data: 9 de Dezembro, 2016

Mark Adams, o responsável pelo estilo na Opel, falou em exclusivo à Turbo sobre a importância do novo Insignia na construção da nova imagem da Opel.

O novo Insignia, agora revelado e que tem início de comercialização previsto para a próxima primavera, protagoniza, pela primeira, a visão clara da Opel relativamente ao que é o seu entendimento de um topo de gama. Estilo marcante e tecnologia de topo marcam o novo Insignia que do modelo que agora se despede conserva pouco mais do que o nome.

No plano estilístico a aposta é arrojada ao incorporar todos os principais elementos que marcaram o “concept-car” Monza que há três anos foi o grande protagonista do Salão Automóvel de Frankfurt. E dizer que a Opel foi o foco principal da maior montra automóvel do mundo… não é pouco.

Na altura, percebeu-se imediatamente que estávamos na alvorada de uma importante revolução no seio da Opel e, mesmo, no que toca à investida dos construtores generalistas no terreno dominado pelos premium. Mas imediatamente ficou claro que a Opel estava disposta a arriscar. Em entrevista exclusiva à Turbo Mark Adams, o “pai do estilo de toda a nova geração de modelos da Opel destacou, precisamente, que a personalidade, protagonizada pela aparência é fundamental para um construtor que quer estar entre os melhores. A resposta está dada.

 

“O meu emprego é o meu passatempo” – começa por nos confessar Mark Adams. “Adoro o que faço; é excitante e estimulante”. O líder do design da Opel garante, no entanto, que o que faz é muito mais do que estilização, “porque um designer é uma pessoa que resolve problemas”. E acrescenta: “se se tratasse de estilo, estaríamos a falar de decoração de bolos”.

O que é que o design representa para a Opel?

Quando cheguei à Opel reparei que o design dos modelos era muito rígido e defendi que era necessário haver mais emoção e mais escultura. Um ano depois mostrámos o Insignia Concept que foi a semente para a nova linguagem de design que definimos como a interceção entre a arte escultural e a precisão alemã.

Vamos manter esta filosofia durante os próximos 100 anos, fazendo evoluir a sua interpretação ao longo do tempo.

A semente foi o Insignia Concept e o fruto foi o Insignia de produção.

Tudo o que produzimos a partir daí tem tido acréscimos de valores, apesar de manter o mesmo sentimento e o mesmo DNA.

Temos hoje uma gama de modelos totalmente nova e na geração que se segue mantemos a mesma filosofia mas queremos apurar a forma de a interpretar. O Monza é, precisamente, a nossa visão da próxima década… no fim da qual talvez estejamos aqui, novamente, a falar de um novo concept, que será outra nova interpretação dessa filosofia. Ao longo do tempo mantemos a consistência e a ligação de que as marcas necessitam, para não se tornarem aborrecidas ou previsíveis. Mantém-se a marca moderna, acrescentando novos pormenores capazes de surpreender o público.

 

Personalidade é chave

O primeiro descendente do Monza é precisamente o Insignia. Qual a ideia essencial?

Queremos recuperar a imagem da marca rapidamente, queremos estar sempre um passo à frente, nunca parar. Quando acabarmos este carro, vou perguntar à equipa o que se segue. É assim que se mantém a energia e o ímpeto.

Esse sucessor do Insignia vai levar-vos para lá do fim do atual plano de recuperação. Ou seja, para lá de 2022. É possível termos aqui, hoje, as bases da ideia e conservar nessa altura uma aparência moderna e competitiva?

Sim, porque o conceito de base é um mas iremos sempre introduzindo pequenas alterações que lhe retocam essa imagem fresca. Se olharmos para o Insignia, o GTC, o Zafira… são todos diferentes. Uns mais desportivos, outros mais elegantes, outros mais divertidos, como o Adam. O portfólio dos produtos é como a minha família… cada um dos meus filhos é muito diferente do outro, apesar de terem os mesmos pais. São diferentes mas conseguimos reconhecer-lhes as semelhanças. É, também, assim, com os nossos modelos.

Pode, até, atrair os clientes mais jovens. Mas consegue o mesmo com os mais tradicionais que são uma base importante dos compradores da Opel?

Sim, é o objetivo principal. Queremos sempre conquistar mais clientes e manter os que já temos. Não queremos deixar nenhum para trás e acredito que conseguimos fazer isto. O Insignia é um brilhante exemplo.

Após tantos anos a desenhar carros, fala com tanta paixão do seu trabalho…

Tenho sorte: o meu emprego é o meu passatempo. Adoro o que faço; é excitante e estimulante. A tal ponto que estou permanentemente a desafiar a minha equipa, quando se esperaria que fossem eles a desafiar-me a mim.

Estou sempre a pedir-lhes para dizerem exatamente aquilo que estão a sentir, pois alguém pode ter uma ideia brilhante. É esse desafio permanente que estimula a criatividade. Quando temos muita gente jovem e com ideias frescas o papel dos mais velhos é, sobretudo, tirar o melhor partido dessas mentes brilhantes. Tem de haver uma química entre todos para criar um produto de sucesso.

 

Estilo é dar respostas

Desenhar um automóvel é muito mais do que criatividade. Há o estilo e, cada vez mais, imperativos técnicos. Como se equilibra segurança, eficiência e beleza?

É esse o grande dilema. As pessoas falam de estilo mas eu detesto que me digam que o que fazemos é estilização porque um designer é uma pessoa que resolve problemas. É preciso enquadrar todas as exigências (segurança, custos, viabilidade, expetativas dos clientes), é preciso produzir um pacote bonito e equilibrar as coisas de forma perfeita. Se se tratasse de estilo, estaríamos a falar de decoração de bolos. Ser designer é pegar em todas as contrariedades e produzir algo que está de acordo com todas as regras e que surpreende o público. Trata-se de alcançar um equilíbrio entre todos os fatores.

O Monza foi o desafio mais exigente da sua carreira?

Não… este desafio foi diferente porque se tratou de dar continuidade a um primeiro ciclo bem sucedido que teve início com o Insignia Concept.

Antes de começarmos a desenhar, sentei-me com a minha equipa e falámos muito do que era necessário fazer, como comunicamos mais eficiência através do design, menos peso, mais agilidade, etc. O Monza transmite esses valores; parece ágil, leve, eficiente e high-tech. Foi tudo muito bem pensado antes de ser desenhado.

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