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Porque o Ford Fiesta foi proibido na América

Texto: André Bettencourt Rodrigues
Data: 25 de Julho, 2017

Desde a atual geração do Focus, lançada em meados de 2012, que a Ford tem apostado em produtos globais, com carroçarias únicas (ou, na melhor das hipóteses, uma variante de quatro portas), com vista a atingir o maior número possível de mercados e a máxima rentabilidade.

O Ford Mustang ou o novo Ford Fiesta são dois dos exemplos mais recentes desta estratégia, mas não deixa de ser curioso que o utilitário da marca tenha agora sido totalmente afastado não só dos Estados Unidos da América, mas igualmente de todo o continente americano. Sobretudo porque a anterior geração tinha, até aqui, sido comercializada na terra do ‘Tio Sam’, inclusivamente com uma variante de quatro portas (os cidadãos norte-americanos continuam a não serem grandes apreciadores de ‘hatchbacks’).

A explicação é dada por Robert Stiller, gestor de produto dos veículos para o segmento B da Ford, que admitiu que o novo Fiesta apenas será comercializado na Europa, Médio Oriente e África, ficando igualmente de fora da Ásia e Austrália. A justificá-lo está uma “mudança nas preferências dos consumidores, cada vez mais atraídos pelos crossover”. Neste caso, pela sensação de segurança que é transmitida aos condutores devido à posição de condução mais elevada.

 

 

A sustentar esta decisão nos EUA está ainda a escassa procura relativa ao Fiesta, depois de em 2016 apenas terem sido vendidas 48.807 unidades do modelo — menos 31% em relação ao pico de 71.013 unidades registado em 2013. O facto de ser uma geração envelhecida não ajudou, com certeza, ao seu sucesso comercial descendente. Mas a Ford chegou à conclusão de que mais vale apostar nos mercados que realmente interessam, como o Europeu, onde a insígnia da oval azul vende 300 mil unidades do Fiesta por ano — quatro por cada uma do outro lado do Atlântico.

No resto da América, Ásia e Oceânia a tendência é semelhante. Daí a decisão final de ‘esquecer’ estes mercados por completo no que ao Fiesta diz respeito. Nem mesmo a versão mais robusta “Fiesta Active” escapa a esta lista negra, talvez por ser um crossover demasiado pequeno em países que privilegiam o espaço para a família e atividades de lazer. De fora fica também o Fiesta ST.