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As coisas loucas feitas nos prótotipos da Google


Data: 8 de Junho, 2017

Chris Urmson, que liderou o projeto de condução autónoma do gigante cibernético, explicou algumas das atitudes menos próprias que levaram a marca a suspender em 2014 os testes a esta tecnologia. Por situações como as verificadas pela Google, muitos duvidam se é possível confiar nos humanos para introduzir o Nível 3 de Condução Autónoma.

 

“Vimos coisas que nos deixaram nervosos”. Esta afirmação é do antigo responsável pelo projeto de condução autónoma da Google, Chris Urmson, que apontou as razões para a empresa ter em 2014 suspendido os seus testes aos sistemas de piloto automático, entretanto já retomados. Pessoas a passar para os lugares de trás, outras empoleiradas nas janelas dos carros com eles em andamento e ainda os que se deixaram levar pelo cupido e começaram aos “amassos”, estes são alguns exemplos dos motivos que levaram a Google a suspender as investigações há três anos. Tudo isto terá sido captado pelas câmaras a bordo dos protótipos de testes, que mostraram assim situações capazes de deixar qualquer responsável à beira de um ataque de nervos. A Google não confirmou a totalidade das afirmações de Urmson e dois antigos engenheiros, mas um dos assessores de imprensa da recém-criada Waymo, Johnny Liu, afirmou que existiram pessoas que se viravam para trás a consultar os seus computadores e outras atitudes “mais atrevidas”.

 

Estas más atitudes práticas durante os testes terão sido, aliás, uma das razões para a inversão na política da empresa e o início da aposta em veículos que circulavam a velocidades mais baixas e que não tinham volantes nem pedais, como estranhos protótipos revelaram… No entanto, o projeto da Google na condução autónoma tem sido uma estrada sinuosa e a ideia de viaturas sem qualquer hipótese dos humanos retomarem novamente o controlo foi também entretanto abandonada. De momento é a divisão Waymo que assume toda a responsabilidade pelas investigações e desenvolvimento desta tecnologia, que espera posteriormente vender aos fabricantes automóveis, estando a ser utilizados nos testes protótipos da Chrysler Pacifica fornecidos pelo grupo italo-americano Fiat-Chrysler.

 

O problema do Nível 3

A introdução da condução autónoma tem vindo a ser dividida numa escala que vai desde o Nível 0 (sem qualquer influência da máquina) até aos Nível 5 (o humano é simplesmente um passageiro sem qualquer possibilidade de retomar o controlo). De momento está a ser feita a evolução para a entrada do intermédio “Nível 3”, no qual se pede aos humanos que deixem o controlo do carro ao piloto automático mas estejam sempre prontos para assumir novamente a condução em caso de emergência. E a palavra-chave neste caso é precisamente “emergência”, pois envolve a necessidade de ganhar novamente a posse da viatura de forma rápida, algo que muitos não revelam a capacidade para fazer.

Investigações demonstram que a cada seis quilómetros ocorre um evento capaz de distrair os condutores, o que cria um problema pois são precisos pelo menos cinco segundos para voltar a assumir o controlo do carro. Imagine situações como alguém a comer enquanto é conduzido, a consultar o computador ou outras tarefas. Será necessário algum tempo até poder estar ao volante novamente. A questão está também a ser pensada pelos fabricantes e o próximo Audi A8, anunciado como pioneiro do Nível 3 de condução autónoma, vai dar um intervalo entre 8 a 10 segundos para esta passagem do carro “da máquina para o homem”. De referir ainda outro exemplo da complexidade desta situação, que foi o facto da Tesla ter sido ilibada em 2016 de um acidente com o seu Autopilot precisamente porque o condutor estava distraído a ver um filme e, portanto, sem supervisionar a envolvência ou capaz de voltar a conduzir a viatura rapidamente.

 

Por esse motivo existem investigadores que consideram que o Nível 3 da condução autónoma será impraticável, pois os humanos não são de fiar… Facilmente se distraem e ao assumirem outras tarefas enquanto estão a bordo da viatura ficam incapazes de assumir, com urgência, as tarefas da condução. Neste ponto basta recordar as afirmações de um professor de Engenharia Mecânica do MIT, John Leonard, que diz que “não há solução para o Nível 3 da condução autónoma”. Recorrendo a uma investigação com exemplos de situações ocorridas no trânsito, este especialista conclui que “a noção de que os humanos são um substituto seguro é uma falácia”.

 

Se para muitos a questão sobre a condução autónoma tem sido saber se as máquinas estão capazes de substituir os humanos, aparentemente na fase intermédia de desenvolvimento é a capacidade dos humanos substituírem as máquinas a causar as principais dúvidas…

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Fonte: Drive.com.au